“Who’s Next” é o disco definitivo do The Who. Ao menos em minha modesta opinião.
A concepção de “Who’s Next” foi ambiciosa desde o início, mas passou um pouco longe do que era planejado. O trabalho que sucederia o antológico “Tommy” [1969] tinha que ser, de acordo com o guitarrista Pete Townshend, tão grandioso quanto.
Na tentativa de projetar um trabalho aos moldes de “Tommy”, Townshend começou a fazer uma opera rock de tons futurísticos chamada “Lifehouse”. O álbum seria acompanhado de um filme e as gravações chegaram a ser iniciadas, com participações de Al Kooper no órgão e Leslie West na guitarra.
De uma hora para outra, Pete Townshend se desiludiu com “Lifehouse” e abandonou o projeto. Ele chegou a sofrer um colapso nervoso em função do fracasso e há relatos de que o Who chegou perto de encerrar suas atividades naquele período.
Pouco depois, Pete Townshend superou suas desconfianças particulares e a banda utilizou fragmentos de “Lifehouse” para gerar o que viria a ser “Who’s Next”. O processo de composição ficou mais confortável, já que os músicos não precisaram ficar presos a uma história.
Com isso, “Who’s Next” se tornou um disco mais solto e autêntico. Trata-se do meu trabalho favorito da banda justamente por ser o meio-termo entre a sofisticação de “Tommy” e a crueza de “My Generation” [1965].
O que há de mais experimental em “Who’s Next” é o uso de sintetizadores. O recurso está presente de forma frequente, mas, ao mesmo tempo, moderada. Dos primeiros segundos da abertura “Baba O’Riley” aos últimos momentos do encerramento “Won’t Get Fooled Again”, o instrumento não se sobrepõe à química do quarteto.
Apesar de sintetizadores raramente serem associados ao rock, não dá para negar: “Who’s Next” é um disco autêntico de rock n’ roll. Tem excelência em sua elaboração, mas tem pegada em sua execução. A consistência do instrumental aliada à voz de Roger Daltrey, em seu esplendor técnico, não deixam pedra sobre pedra.
Sucesso imediato de vendas e crítica, “Who’s Next” ajudou a manter o The Who no topo. O álbum foi sensação na Europa, com direito a um novo primeiro lugar nas paradas do Reino Unido, e reforçou o impacto do grupo na América do Norte, mesmo após a “invasão britânica”.
Além das clássicas canções de início e conclusão do disco, já mencionadas no parágrafo anterior, há outros momentos de destaque. A balada “Behind Blue Eyes”, a divertida “My Wife” – na voz de John Entwistle – e a melódica “The Song Is Over” merecem menções em particular.
Roger Daltrey (vocal, gaita)
Pete Townshend (guitarra, órgão, sintetizadores, piano em 1, vocal em 5 e 7)
John Entwistle (baixo, piano, vocal em 4)
Keith Moon (bateria)
Músicos adicionais:
Dave Arbus (violino em 1)
Nicky Hopkins (piano em 5 e 7)
Leslie West (guitarra solo em 3)
01. Baba O’Riley
02. Bargain
03. Love Ain’t For Keeping
04. My Wife
05. The Song Is Over
06. Getting In Tune
07. Going Mobile
08. Behind Blue Eyes
09. Won’t Get Fooled Again
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