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A ‘indústria Dio’ e os reflexos no futuro do metal

Grandes nomes deixem legados imensos. É o caso de Ronnie James Dio, um dos grandes vocalistas da história do heavy metal.

Cultuado em seu segmento, Dio não era exatamente um artista que lotava arenas, mas tinha fãs fiéis espalhados pelo mundo. E muitos deles ficaram órfãos com seu falecimento.

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Recentemente, três bandas foram montadas a partir do nome de Dio. Duas, de forma mais direta: Dio Disciples, formada por Wendy Dio (isso mesmo, pela empresária) e feita para ser apenas um tributo, e Last In Line, que começou como uma homenagem, mas logo partiu para o material autoral.

A terceira, Resurrection Kings, só tem relação com o baixinho em sua line-up: Craig Goldy e Vinny Appice, ambos ex-integrantes da banda de Dio. Ainda assim, o grupo se promove com o nome do finado Ronnie em materiais de divulgação, como folders e releases.

O Disciples é um caso meramente marqueteiro, o Resurrection Kings nem tanto e o Last In Line fica entre os dois, apesar de seu disco de estreia ser incrível. Mas esses casos ainda passam.

O que me assustou, porém, foi o holograma de Ronnie James Dio. Ok, a experiência durante o show do Dio Disciples no Wacken Open Air foi legal, todos se emocionaram e tudo o mais. Só que a reprodução da imagem de Dio vai fazer turnê. Eu disse turnê!

Cada um tem direito de fazer grana em cima do que quiser. Não há crime nisso. Mas é impressionante o quanto a “indústria Dio” movimenta.

O cerne deste absurdo não está somente na preguiça dos músicos envolvidos em trabalhar num projeto novo ao invés de fazer dinheiro às custas de um nome já falecido. É culpa, também, dos fãs do estilo, que têm aversão ao novo, ao inédito, ao diferente.

A situação se torna ainda mais problemática quando a mesma análise é feita acerca de outros nomes do rock/metal. Ian Gillan, por exemplo, tem 70 anos. Tony Iommi tem 68 – mesma idade de Klaus Meine e Alice Cooper. Ozzy Osbourne está com 67. Rob Halford faz 65 no fim deste mês. Paul Stanley está com 64. Angus Young tem 61. Steve Harris, 60.

Nem todos vão durar por muito tempo. O Black Sabbath está saindo de cena, assim como o Aerosmith deve sair no fim do ano que vem. Scorpions e KISS podem cumprir, mesmo que depois de um bom prazo, a promessa de se despedir das turnês.

Depois que isso acontecer, faremos hologramas de todos eles? As projeções de imagem sairão em turnê, no lugar dos originais? Teremos ótimos músicos formando bandas-tributo a eles? Haverá uma corrente de instrumentistas (alguns tretados em vida, como Vivian Campbell era com Ronnie James Dio) faturando às custas deles?

Pensar no futuro desse segmento me assusta. De verdade.

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Igor Miranda
Igor Miranda
Igor Miranda é jornalista formado pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU), com pós-graduação em Jornalismo Digital. Escreve sobre música desde 2007. Além de editar este site, é colaborador da Rolling Stone Brasil. Trabalhou para veículos como Whiplash.Net, portal Cifras, revista Guitarload, jornal Correio de Uberlândia, entre outros. Instagram, Twitter e Facebook: @igormirandasite.

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