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Carregado e poderoso, rock instrumental do ruído/mm promete boa viagem

ruído/mm: “Rasura” (2014)
Site oficial: www.ruidomm.com

Admito que é difícil um disco instrumental me convencer. Não se trata de um preconceito, mas de um gosto pessoal definido. Acho que, muitas vezes, trabalhos que não contam com vocais são pretensiosos demais. Geralmente são alternativas para desfilar técnica, sem sensibilidade musical. Fora que o cantor pode atribuir uma melodia diferente que só tem a adicionar à música.
O ruído/mm me surpreendeu. Enquadrou-se às minhas exceções. O grupo de Curitiba (PR) tem experiência o bastante para fazer um bom disco: são 11 anos de atividade. “Rasura” é o terceiro da discografia – foi antecedido por “A Praia” (2008) e “Introdução à Cortina do Sótão” (2011), fora o EP “Série Cinza” (2004). Ou seja, a banda tem maturidade suficiente para almejar um trabalho definitivo.
É dessa forma que “Rasura” soa aos meus ouvidos, especialmente em comparação aos anteriores. É mais direto e tem um conceito melhor definido, principalmente por uma função mais frontal da bateria e das guitarras. O disco é carregado de emoções representadas por nuances e camadas melódicas diferenciadas. Emoções interpretativas, assim como deve gerar a arte em puro estado. Cada música desperta algo no ouvinte, mas não necessariamente o induz a sentir o que os músicos desejam.
Essa sensação é a base essencial do experimentalismo de “Rasura”. Em oito faixas e 49min55seg de duração, o grupo flerta com diversas vertentes dentro e fora do rock, apesar de se manter constante. Mas as canções são trabalhadas, especialmente, no rock alternativo, com momentos psicodélicos de darem orgulho a qualquer fã de Pink Floyd, experimentos instrumentais que alegram bons admiradores de Frank Zappa e, claro, uma dose essencial de originalidade.
A recomendação é curiosa, porque deveria ser uma obrigação velada ao ouvinte, mas reforço: “Rasura” deve ser ouvido do começo ao fim. Da abertura de fácil assimilação com “Bandon” ao encerramento grandioso com “Penhascos, desfiladeiros e outros sonhos de fuga”, até mesmo a ordem das faixas parece ser estratégica: vai do afável ao complexo.
Admito que, em alguns momentos, a complexidade nas camadas melódicas me deixou um pouco entediado. Mas são trechos raros de um trabalho quase irretocável. Resta imaginar a viagem que um show do ruído/mm deve proporcionar aos presentes.
Observação: a banda realiza neste sábado (27) o show de lançamento de “Rasura”, no Sesc da Esquina de Curitiba (PR). Serviço completo ao final da publicação.
Nota 8

Alexandre Liblik (piano, teclados, escaleta)
André Ramiro (guitarra)
Felipe Ayres (guitarra, efeitos eletrônicos)
Giovani Farina (bateria)
Rafael Panke (baixo)
Ricardo Pill (guitarra)
1. Bandon
2. Eletrostática
3. Cromaqui
4. Transibéria
5. Inconstantina
6. Filete
7. Requiem for a western manga (西部マンガ)
8. Penhascos, desfiladeiros e outros sonhos de fuga
Serviço: show de lançamento de “Rasura” (formatos digital e CD)
Data: 27 de Setembro (sábado)
Horário: 20h
Local: SESC da Esquina (Rua Visconde do Rio Branco, 969 – Curitiba-PR)
Ingressos antecipados disponíveis no local a $12 (inteira) e $6 (meia).
Informações: (41) 3304-2222
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Igor Miranda
Igor Miranda
Igor Miranda é jornalista formado pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU), com pós-graduação em Jornalismo Digital. Escreve sobre música desde 2007. Além de editar este site, é colaborador da Rolling Stone Brasil. Trabalhou para veículos como Whiplash.Net, portal Cifras, revista Guitarload, jornal Correio de Uberlândia, entre outros. Instagram, Twitter e Facebook: @igormirandasite.

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