O vocalista Dave Walker, conhecido por seus trabalhos com Fleetwood Mac e Savoy Brown, fez parte do Black Sabbath por alguns meses na vaga deixada por Ozzy Osbourne. A passagem relâmpago durou entre setembro de 1977 e janeiro de 1978.
À época, Ozzy quis sair do grupo. Todavia, optou por retornar. Acabou demitido em definitivo apenas em abril de 1979.
Embora tenha ficado por pouco tempo, Walker chegou a trabalhar de forma ativa com o Sabbath. O álbum “Never Say Die!”, lançado em 1978, o traria originalmente nos vocais – as composições iniciais foram concebidas para a performance dele, sendo descartadas após o retorno de Osbourne.
A única apresentação de Dave com o Black Sabbath ocorreu no programa “Look! Hear!”, da TV BBC Midlands. Além de uma versão inicial de “Junior’s Eyes”, eles executaram um trecho de “War Pigs”.
Desde então, havia acesso apenas ao áudio desse registro. Entretanto, o vídeo chegou ao YouTube na noite da última quarta-feira (26). Assista a seguir ou clicando aqui.
Black Sabbath e Dave Walker
Quando o vocalista Ozzy Osbourne — o mais impactado pelo vício em drogas e álcool — saiu ao final da turnê mundial de 1977 do álbum “Technical Ecstasy” (1976), o Black Sabbath quase se separou. Ao mesmo tempo, os remanescentes dizem que nunca consideraram desistir.
Na autobiografia “Iron Man” (Planeta, 2013), o guitarrista Tony Iommi reflete sobre o pensamento dele, do baixista Geezer Butler e do baterista Bill Ward no período.
“A gente se perguntou: será que ele [Ozzy] volta? Pode mudar de ideia, não sabemos. No entanto, também dissemos: ‘Não podemos simplesmente ficar parados aqui, temos que fazer alguma coisa’.”
Os três logo encontraram um novo vocalista na figura de Dave Walker, ex-integrante do Savoy Brown, que Tony e Bill já conheciam de outros carnavais.
“Ele tocava em uma banda local de Birmingham chamada The Red Caps. Mais tarde, cantou com o Savoy Brown e o Fleetwood Mac e se mudou para São Francisco. Lembrei que ele tinha uma voz legal, aí entramos em contato com ele. Ensaiamos com Dave por um tempo e escrevemos duas ou três músicas com ele.”
A notícia vazou para a imprensa, mas essa mudança na formação — a primeira desde o começo da banda dez anos antes —, durou apenas uma única aparição no programa de TV “Look Here!” da BBC Midlands, na qual tocaram “Junior’s Eyes” e “War Pigs”.
Por alguma razão, as coisas não deram certo com Dave Walker e Ozzy retornou. À Guitar World, Iommi diz que todo o material que geraria “Never Say Die!” precisou ser refeito. O motivo? Osbourne não queria cantá-lo.
“Pouco antes de gravarmos ‘Never Say Die!’, Ozzy saiu da banda. Nunca quisemos que ele saísse e acho que ele queria voltar, mas ninguém dizia ao outro como se sentia. Então, tivemos que trazer outro vocalista e compor material novo. Dois dias antes de finalmente estarmos prontos para gravar novamente, Ozzy decidiu voltar. E ele não cantaria nenhuma música que fizemos sem ele! Bill teve que cantar em uma música (‘Swinging the Chain’) porque Ozzy se recusava.”
Iommi explicou, ainda, por que “Never Say Die!” soa “confuso”, em sua visão.
“Acabamos compondo durante o dia para gravar à noite. Não tivemos tempo de revisar essas músicas e fazer alterações. Como resultado, esse álbum soa muito confuso.”
Na autobiografia “Eu Sou Ozzy” (Benvirá, 2010), o vocalista conta que quando voltou, algumas semanas depois, tudo estava normal de novo — pelo menos na superfície:
“Ninguém realmente falou sobre o que aconteceu. Eu só apareci no estúdio um dia e foi o fim da briga. Mas era óbvio que as coisas tinham mudado, principalmente entre mim e Tony.”
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