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10 perguntas para Wolfgang Van Halen (Mammoth)

Multi-instrumentista fala sobre o novo álbum "The End", comenta a respeito de sua ligação com o Alter Bridge e revela planos de vir ao Brasil

O Mammoth (agora sem a sigla WVH no final) lançou The End, seu terceiro álbum de estúdio, na última sexta-feira (24). Em entrevista a este jornalista, publicada também na Rolling Stone Brasil, o vocalista, multi-instrumentista e único integrante fixo da banda, Wolfgang Van Halen, discutiu alguns detalhes a respeito do trabalho e a maturidade artística desenvolvida ao longo da última meia década.

O papo também envolveu uma curiosa explicação sobre seu envolvimento com o universo do Alter Bridge — a ponto de ter tocado no grupo solo do guitarrista Mark Tremonti e contado com o vocalista Myles Kennedy em um de seus videoclipes. Por fim, uma revelação: já faz algum tempo que Wolfgang tenta trazer o Mammoth para o Brasil.

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Confira a seguir.

Entrevista com Wolfgang Van Halen — Mammoth

Igor Miranda: Pude ouvir o álbum algumas vezes antes da nossa conversa. A sensação inicial que tenho é que sua identidade como compositor está se tornando cada vez mais definida. Gosto dos outros dois álbuns, mas este soa como se você estivesse mais confiante em fazer experimentos em algumas faixas específicas. Você se sente da mesma forma?
Wolfgang Van Halen: Essa é uma ótima observação. Eu diria que a principal diferença entre este e os últimos é a confiança no processo. Estou mais confortável e ciente do quem sou e do que sou capaz. Acho que fui capaz de me desafiar quando tomei consciência disso. Essa confiança ajudou e permeou todo o processo de gravação.

Quando você olha os três álbuns lado a lado, como você descreveria a progressão da sua discografia até este álbum?
Acho que o primeiro álbum (“Mammoth WVH”, 2021) foi a tentativa de descobrir o que eu tinha a dizer como artista próprio. Tentar descobrir o que eu poderia conquistar sozinho. E isso levou um tempo. Foi um grande processo de autodescoberta. Então, quando entramos no estúdio para o segundo álbum (“Mammoth II”, 2023), fiquei tão animado. Acho que é por isso que acabou ficando um pouco mais pesado, agressivo, com bumbo duplo na bateria. Já nesse novo disco, eu estava um pouco mais calmo e pronto para explorar o som. O processo de pré-produção foi um pouco diferente. Isso me permitiu correr mais riscos, e acho que foi aí que esse crescimento e evolução aconteceram. É um ótimo tipo de renascimento, considerando que abandonamos as letras “WVH” do nome da banda. Parece o fim (“the end”) do “antigo” e o começo do “novo”, então estamos em um novo território agora.

Você mencionou que algumas coisas no processo de pré-produção mudaram dessa vez. O que exatamente mudou?
Normalmente faço demos no programa Logic do meu laptop, mas desta vez tínhamos o estúdio montado num momento mais cedo, o suficiente para que eu pudesse trabalhar com meu engenheiro de som. Ele colocava o ritmo e eu tocava guitarra. Depois, corria pra bateria. Depois, ia para o baixo. Era mais ou menos o que eu faria no meu computador, mas muito mais rápido. Dava para dizer rapidamente se algo funcionou ou não. Foi aí que aproveitei essas oportunidades de composição — como na primeira música do disco, “One of a Kind”, com aquela grande mudança de andamento… Tive aquela ideia original, mas não sabia para onde ir, então pensei: “e se eu tentasse isso?”. Fiz isso tanto durante o processo de composição que muito disso ficou gravado. Foi uma espécie de crescimento que eu não esperava. E acho que esse processo foi o que permitiu que isso acontecesse, além da confiança.

Há alguma música em particular que você esteja mais animado para que as pessoas ouçam, talvez por ser diferente ou por se destacar positivamente?
A primeira música, “One of a Kind”, é muito importante para mim. Acho que é um ótimo exemplo desse crescimento e estou muito animado para que as pessoas ouçam isso, inclusive ao vivo.

Acredito que você já tenha respondido isso muitas vezes, mas o fato de você compor tudo sozinho e gravar todos os instrumentos sozinho é muito interessante. Como você organiza o processo criativo dessa forma? E algo mudou nesse processo em comparação com os outros álbuns?
Na verdade não mudou. Acho que é porque tenho sorte de ter Michael “Elvis” Baskette, meu produtor. Ele é quem me mantém sob controle e me impede de enlouquecer, de sair fazendo tudo. Ele ajuda a, surpreendentemente, produzir. Ele é muito melhor do que eu em ver o panorama geral. Temos a mesma ordem em que fazemos tudo. Fazemos nossas demos, e então eu toco bateria, depois baixo, guitarra base e tudo o mais. Daí tiramos um tempo para que eu possa criar os vocais, as melodias e os solos de guitarra. Por fim, nos reunimos novamente após cerca de um mês e meio para fazer isso e dar os retoques finais. Foi basicamente isso que aconteceu no final do ano passado e em janeiro deste ano, durante cerca de três meses.

Gostaria de saber um pouco mais sobre sua relação com a bateria. Você ficou conhecido primeiro por tocar baixo (no Van Halen), e agora você é especialmente notório por vocais e guitarra. Mas acho que seu trabalho como baterista é muito bom e sólido. Já te ouvi dizer em uma entrevista que a bateria é, para você, o instrumento mais importante da banda. Como você começou a se interessar pela bateria e como é sua rotina de estudos atualmente?
Comecei na bateria quando tinha 9 anos, então sou baterista antes de tudo. Acho que é uma boa base para um músico, pois faço tudo muito de uma perspectiva rítmica. Eu toco guitarra e baixo como baterista — é assim que me sinto. Engraçado é que eu não pratico tanto quanto gostaria. Geralmente toco quando estamos nos preparando para começar a gravar em estúdio. Geralmente toco por cerca de uma semana e meia, quando começo a tocar as ideias para o disco. Mas muito disso chega através do processo. Haverá algumas músicas em que farei a demo intencionalmente um pouco esparsa e aberta, para que, quando eu entrar lá para gravar, as coisas possam surgir do nada, espontaneamente. Além disso, também é mais fácil não ser tão rígido e apenas estar aberto ao processo, vendo o que acontece. Mas, sim, acho que como eu amo tocar bateria e não tenho oportunidade de tocar com tanta frequência, geralmente é na gravação que eu mais toco.

Desde o seu primeiro álbum, você se dedicou a fazer videoclipes interessantes, com uma história e indo além de apenas tocar na frente de uma câmera. Isso é legal, porque muitos outros artistas não estão mais fazendo isso, já que os celulares nos obrigam a assistir muito conteúdo vertical e curto hoje em dia. Quão divertido é para você fazer esses videoclipes e quais resultados ou feedbacks você tem recebido deles?
É bem divertido. Sempre admirei o Foo Fighters e a forma como eles faziam seus vídeos. Acho importante não se levar tão a sério. É isso que tentamos fazer com nossa música. Você pode ter vídeos sérios, apenas fazendo playthroughs e coisas assim, mas o importante é se divertir no final das contas. Acho que as pessoas conseguem ver isso. E parece que as pessoas curtem. É quase como se muitas bandas não fizessem mais videoclipes assim. Não é como antigamente. Percebi que as pessoas realmente gostaram dos vídeos que lançamos para esse disco. Então acho que está funcionando.

Um desses videoclipes conta com Myles Kennedy, e ele estará em turnê com você. Este é apenas mais um capítulo do seu longo envolvimento com o Alter Bridge. Como sabemos, você é muito amigo dos caras da banda e até tocou com Tremonti. Mas uma coisa que nunca descobri é… como começou essa amizade com o Alter Bridge?
Eu era fã do Alter Bridge. Comprei o álbum “Blackbird” em 2007 e fiquei impressionado. Foi uma recomendação de Morgan Rose, baterista do Sevendust. Estava em turnê com o Van Halen na época e fiquei obcecado pelo disco. Foi o único álbum que ouvi por muito tempo. Fiquei obcecado com a produção — claro, foi Elvis quem produziu. É um sonho trabalhar com ele agora. Fiquei muito impressionado com os vocais de Myles e também com a instrumentação de tudo. Descobrir o quão bom guitarrista Myles era também na guitarra foi muito louco — ele e Mark Tremonti estavam tocando como loucos. Lembro que estávamos em Delaware para um show (com Van Halen) e eles tocariam bem na mesma rua da gente, na mesma noite. Fiz meu show e depois corri até lá para assistir ao final do show deles. Acho que foi aí que nos conhecemos pessoalmente e mantivemos contato desde então. Comecei a ver Mark cada vez mais. Entrei para a banda dele, a Tremonti. E foi aí que conheci Garrett Whitlock, meu baterista de turnês no Mammoth. Também foi desse jeito que conheci Frank Sidoris, guitarrista de turnês, porque ele também é um membro do The Conspirators, grupo que acompanha Slash e Myles. É essa grande família feliz. Lembro que a banda Tremonti abriu um show do Slash, Myles Kennedy & the Conspirators quando eu estava na Europa. Minha conexão com Alter Bridge permeou o Mammoth. Depois abrimos para o Alter Bridge, abrimos para o Creed e abrimos para o Slash & Myles, mas nunca fizemos uma turnê como essa que vem agora, com Mammoth e Myles solo. Estou realmente animado para explorar essa nova dinâmica.

Já que falei em turnê, preciso te perguntar: tem algum plano de vir ao Brasil e à América do Sul com a nova turnê?
Com certeza. Sei que a questão mesmo é quando isso irá funcionar. Como somos uma banda nova, tudo depende de conseguirmos ir com algum outro artista — principalmente por causa dos custos envolvidos em ir para um lugar distante. Mas sei que isso definitivamente está em andamento e já faz algum tempo. Sei que recebo constantemente comentários dizendo para ir ao Brasil e ficarei muito animado quando puder finalmente ir.

Você conhece ou gosta de algo da música brasileira? Tem o Sepultura, claro, que imagino que você conheça, pois você até fez uma aparição especial em um show do Pantera com Max Cavalera há alguns anos.
[Gosto de] Sepultura e Soulfly. Sabe, não há nada como “Roots Bloody Roots”. Não há nada melhor do que isso. É com essa música que eu testo sistemas de som, sabe. Então, de cabeça, é aí onde eu definitivamente iria primeiro. Mas não estou muito familiarizado com a música brasileira, na verdade. É mais o Sepultura do que qualquer outra coisa, e esse álbum em específico [“Roots”, de 1996] é muito importante pra mim.

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Igor Miranda
Igor Miranda
Igor Miranda é jornalista formado pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU), com pós-graduação em Jornalismo Digital. Escreve sobre música desde 2007. Além de editar este site, é colaborador da Rolling Stone Brasil. Trabalhou para veículos como Whiplash.Net, portal Cifras, revista Guitarload, jornal Correio de Uberlândia, entre outros. Instagram, Twitter e Facebook: @igormirandasite.

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