...

A maior música do Kiss, segundo Paul Stanley

Faixa citada pelo vocalista e guitarrista é, curiosamente, alvo de amor e ódio por parte de alguns dos colegas de grupo

Na visão de muitos fãs, o grande sucesso da trajetória do Kiss seria “Rock and Roll All Nite”, canção que os fez estourar em 1975. Paul Stanley discorda: o vocalista e guitarrista recorreu ao seu perfil no X/Twitter para revelar qual é a maior música da carreira do grupo, em sua opinião – baseada em números.

Empolgado, o Starchild comemorou o número de streams no Spotify atingidos por “I Was Made for Lovin’ You”, faixa do álbum Dynasty (1979) e composição dele ao lado do produtor Vini Poncia e do hitmaker Desmond Child. O Starchild postou:

- Advertisement -

“A MAIOR MÚSICA DO KISS DE TODOS OS TEMPOS É… ‘I Was Made for Lovin’ You’, com 1,3 BILHÃO de streams no Spotify, até o fim de agosto, e aproximadamente 850 MIL streams diários!! Incrível e OBRIGADO!”

Em 2024, “I Was Made for Lovin’ You” foi a primeira faixa do Kiss a alcançar a marca de 1 bilhão de execuções na plataforma de streaming. Na época de seu lançamento, o single fez muito sucesso principalmente fora dos Estados Unidos, país onde a imagem do Kiss já estava desgastada. Ela chegou ao topo da parada dos Países Baixos, além de ter sido número 2 na França, Alemanha (então Alemanha Ocidental), Suíça e Áustria.

Além de Paul Stanley e Gene Simmons, a gravação contou com o guitarrista Ace Frehley entre os membros da formação original. Embora apareça no videoclipe, o baterista Peter Criss foi substituído por Anton Fig em estúdio. Vini Poncia adicionou sintetizadores.

Gene Simmons e Ace Frehley – os “haters”

“I Was Made for Lovin’ You” representa o auge da aproximação do Kiss com a disco music, o que aconteceu nos álbuns “Dynasty” e “Unmasked” (1980). Apesar de ser um hit inegável, a faixa divide opiniões e Gene Simmons nunca escondeu que não gosta dela.

Em 2018, o linguarudo – em todos os sentidos – disse ao canal OK Magazine:

“Até hoje, odeio tocar essa música. Estádios cheios de pessoas pulam com essa música como gafanhotos bíblicos – ficam loucos, com tatuagens e tudo o mais e… ‘ahhh!’. Pulam enquanto estou cantando: ‘do, do, do, do, do, do… mate-me agora’. Até hoje eu odeio essa música.”

O cantor e baixista foi ainda mais longe no início deste ano durante participação no podcast Magnificent Others, apresentado por Billy Corgan (Smashing Pumpkins). Simmons revelou considerar que a ideia de gravar uma música nessa linha marcou o início do fim do período clássico do Kiss – que já vinha cheio de problemas internos:

“Enquanto a banda estava bem, havia a atitude de ‘um por todos, todos por um’. […] Mas, para a maioria das pessoas, é difícil manter a formação de uma banda. E assim que Ace e Peter sucumbiram às fraquezas, às drogas e ao álcool, começaram os problemas no paraíso. Para completar, a sociedade começou a mudar. Novas gerações surgiram e a música disco apareceu. Jogaram a ideia: ‘bom, talvez devêssemos fazer uma música [disco]’. E todo mundo caiu nessa: Rod Stewart, Rolling Stones, todo mundo. A mudança começou aí.”

Em 2012, ao The Huffington Post, Ace Frehley também declarou não gostar de “I Was Made for Lovin’ You”. O guitarrista reclamou:

“Não era um grande fã da música porque era meio discoteca e eu senti que estávamos nos vendendo. Sou um guitarrista de hard rock. Além do fato de que eu não gostava da música. Quando a tocávamos ao vivo, eu tinha que fazer aquele som ‘chukka, chukka’ na guitarra durante a maior parte do tempo. Costumava ficar com câimbras no meu pulso.”

Paul Stanley e o lado bom de “I Was Made For Lovin’ You”

Por sua vez, Paul Stanley sempre pareceu ter um pouco mais de carinho com o hit, embora reconheça a reação estranha que causou na época do lançamento. Em 2017, o músico comentou:

“É uma espada de dois gumes, porque se tornou um hit tão grande, mas também era tão contrária e contraditória em relação ao que tínhamos feito antes. A coisa engraçada é quando tocamos em festivais, as vezes na Europa, onde é muito… as bandas são bem pesadas, e bem, quando fazemos o bis com ‘I Was Made for Lovin’ You’, de repente você tem todas essas pessoas com spikes nos olhos ou ossos através do nariz cantando junto. Então é uma canção que parece transcender tudo – embora tenha passado por um período, certamente, de grande reação negativa contra ela.”

Desmond Child defende a criação

Durante participação no podcast Talk is Jericho, apresentado por Chris Jericho (Fozzy), o compositor Desmond Child relembrou o hit, que marcou o início de uma longa parceria com o Kiss, principalmente com Paul Stanley. Segundo ele, Gene Simmons realmente odiava a música desde o início. As críticas do baixista o deixaram chateado, mas o linguarudo já se desculpou — ainda que à sua maneira:

“Eu me lembro de quando eles fizeram um disco – acho que era ‘(Music from) The Elder’ (1981) – e eles começaram a dar centenas de entrevistas dizendo: ‘bem, desta vez nós colocamos guardas em frente à porta para manter Desmond Child do lado de fora’. E eu fiquei tão chateado. Liguei para Paul e disse: ‘Paul, por que você não critica seus inimigos, e não os amigos que colocam dinheiro em seu bolso?’ E ele disse: ‘Bem, você sabe, é o Gene – não sou eu’. Então no dia seguinte eu fui para casa e havia uma mensagem na minha secretária eletrônica. E era tipo: ‘Oi. É o Gene. Desculpa.’ E ele desligou (risos). Esse foi seu pedido de desculpas.”

Apesar do desentendimento, Desmond Child tornou-se um colaborador rotineiro do Kiss alguns anos depois, já na era sem maquiagem, participando em backing vocals e composições. Ele assina três faixas em “Animalize” (1984), cinco (metade do tracklist) em “Asylum” (1985), três em “Crazy Nights” (1987), as duas inéditas da coletânea “Smashes, Thrashes and Hits” (1988) e uma em “Hot in the Shade” (1989).

Clique para seguir IgorMiranda.com.br no: Instagram | Bluesky | Twitter | TikTok | Facebook | YouTube | Threads.

ESCOLHAS DO EDITOR
InícioCuriosidadesA maior música do Kiss, segundo Paul Stanley
André Luiz Fernandes
André Luiz Fernandes
André Luiz Fernandes é jornalista formado pela Universidade Metodista de São Paulo (UMESP). Interessado em música desde a infância, teve um blog sobre discos de hard rock/metal antes da graduação e é considerado o melhor baixista do prédio onde mora. Tem passagens por Ei Nerd e Estadão.

DEIXE UMA RESPOSTA (comentários ofensivos não serão aprovados)

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui


Últimas notícias

Curiosidades