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Por que Bob Daisley voltou tantas vezes para a banda de Ozzy

Baixista trabalhou com o saudoso Príncipe das Trevas em 1979 e, entre idas e vindas, continuou tocando com o vocalista até o disco “No More Tears” (1991)

Bob Daisley trabalhou com Ozzy Osbourne em idas e vindas. Basicamente, o baixista começou a tocar com o saudoso Príncipe das Trevas em 1979, até deixar a banda solo do cantor em 1981. Depois, ao longo da mesma década, continuou colaborando com o vocalista num ritmo irregular — inclusive, integrando temporariamente o Black Sabbath em 1987. A parceria estendeu-se em estúdio até No More Tears (1991). 

Veja, abaixo, todos os períodos de vínculo de Daisley com Osbourne:

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  • 1979 a 1981;
  • 1983 a 1985;
  • 1987 a 1988 (apenas em estúdio);
  • 1990 a 1991 (apenas em estúdio);
  • 1994 a 1995.

Nem mesmo o músico sabe explicar claramente por que voltou tantas vezes para o grupo do Madman. Ainda assim, durante uma recente entrevista ao podcast Artists on Record, tentou apresentar uma justificativa. 

De acordo com o baixista, tudo começou quando ele e o baterista Lee Kerslake foram demitidos antes do lançamento do segundo disco Diary of a Madman (1981). Por não terem sido creditados corretamente no material e não receberem o dinheiro advindo dos royalties do projeto e do antecessor Blizzard of Ozz (1980), ambos os artistas processaram o empresário Don Arden e a gravadora Jet Records

Calhou de, na mesma época, Sharon Osbourne, esposa de Ozzy que passou a assumir a gestão de sua carreira, ter tido um desentendimento com Arden, que era o seu pai. Por isso, a profissional estava disposta a ajudar o músico no tribunal — atitude que fez com que retornasse à banda do Príncipe das Trevas para gravar o disco “No More Tears” (1991).

Conforme transcrição da Ultimate Guitar, Daisley declarou: 

“É uma resposta muito complicada. Parece uma pergunta simples, mas, para começar, a Sharon havia tido um desentendimento com o pai dela, Don Arden, que era responsável pela Jet Records. Então, ela veio até mim e disse: ‘vamos ajudar vocês no processo’. E eles ficaram do lado do meu advogado contra Arden e a Jet Records. Eu pensei: ‘claro que voltarei a trabalhar com eles se ajudarem a gente no processo, ajudarem a gente a receber nossos royalties e a garantir nossos créditos em Diary’. Mas é muito mais complicado do que isso. Essa é a resposta simplificada: eu voltei a trabalhar com eles porque estavam nos ajudando no processo, estávamos tendo reuniões e ainda éramos amigáveis naquela época.”

Nas palavras do baixista, mesmo antes de receberem auxílio no processo, já existia a ideia de que ele participaria da criação do álbum em questão. Como relatado, uma coisa acabou levando à outra:

“Seis semanas depois que eu e Lee saímos da banda, recebi a ligação para voltar e fazer o terceiro álbum com Ozzy. Eu já estava escalado para fazer esse terceiro disco, que deveria ter sido feito com o Randy [Rhoads], o Ozzy, o Tommy [Aldridge] e eu um pouco antes. Mas quando a Sharon teve o desentendimento com o pai dela e eles começaram a nos ajudar, eu pensei: ‘Bem, claro, vou trabalhar com eles se estão nos ajudando’.”

Durante uma entrevista concedida em 2021 para Joel Gausten (via Ultimate Guitar), Bob admitiu que não queria integrar novamente a banda de Ozzy no período. Ainda assim, aceitou por, além da conveniência, necessidade:

“Para ser sincero, eu realmente não queria voltar a trabalhar com o Ozzy, mas meio que tive que fazer isso. As coisas não estavam decolando como eu esperava com o Uriah Heep, porque dependíamos do apoio da gravadora.”

Ao mesmo tempo, o baixista também assume que, independente dos problemas, ele e Ozzy funcionavam. Tanto que numa sessão de perguntas e respostas publicadas em seu site, Bob apresentou tal argumento para tantas idas e vindas:

“Antes de tudo, continuávamos bons amigos, e Ozzy e eu trabalhávamos de forma produtiva e harmoniosa. Eu gostava do estilo musical e da direção que ele tomava, assim como das suas melodias vocais, e ele gostava das minhas letras e da minha forma de tocar. Além disso, nos dávamos muito bem pessoalmente. A primeira vez que voltei foi para compor e gravar o álbum ‘Bark at the Moon’, numa época em que Lee e eu estávamos processando Don Arden e a Jet Records por não pagamento de royalties. Ozzy e Sharon estavam nos ajudando nesse processo contra o pai dela, Don Arden, já que ela estava, naquela época, afastada dele, então, naturalmente, era do meu interesse voltar a trabalhar com eles.”

Os problemas maiores surgiram nos anos 1990. A partir daí, o músico travou uma série de batalhas judiciais com os Osbourne por causa de descumprimentos de contratos e alegações de quebras de acordos.

Sobre Bob Daisley

Nascido em Sydney, Austrália, Robert John Daisley começou a se destacar na cena tocando com nomes como Chicken Shack, Mungo Jerry e Widowmaker (não a banda de Dee Snider pós-Twisted Sister), com quem lançou dois álbuns.

Seu primeiro trabalho de maior reconhecimento internacional foi com o Rainbow. Gravou o baixo em três faixas do álbum “Long Live Rock ‘N’ Roll” (1978), fez a turnê e se retirou.

O momento de maior exposição viria na parceria com Ozzy Osbourne. Entre idas, vindas, brigas, processos e acusações, participou de quase todos os discos de maior sucesso da carreira do Madman, tendo atuação destacada como compositor. Nos anos 1980, ainda gravaria e/ou excursionaria com Uriah Heep e Yngwie Malmsteen, entre outros. Desde a década de 1990, mantém uma carreira low profile como músico de palco, participando de discos de vários artistas. Em 2013 lançou a biografia “For Facts Sake”.

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Maria Eloisa Barbosa
Maria Eloisa Barbosahttps://igormiranda.com.br/
Maria Eloisa Barbosa é jornalista, 24 anos, formada pela Faculdade Cásper Líbero. Colabora com o site Keeping Track e trabalha como assistente de conteúdo na Rádio Alpha Fm, em São Paulo.

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