Pouco depois de disponibilizar os seus primeiros álbuns solo, Richie Kotzen ganhou destaque ao lado de uma grande banda do cenário hard rock. Entre 1991 e 1993, o guitarrista integrou o Poison — em substituição a C.C. DeVille — e gravou o disco “Native Tongue” (1993).
Apesar de bem sucedida num primeiro momento, a entrada do músico no grupo aconteceu por acaso. Durante recente entrevista ao canal Tone-Talk, o artista relembrou o curioso processo.
Segundo Kotzen, tudo começou quando foi dispensado da Interscope Records. Basicamente, a gravadora queria que ele optasse por uma sonoridade “mais pesada”, com a qual não se identificava. Pelo contrário: queria ir numa direção orientada ao soul e R&B.
Ao ser desligado da empresa, o músico pediu para que a companhia o liberasse de qualquer amarra contratual. Pouco depois, durante uma ligação para informá-lo justamente a respeito do tema, o guitarrista recebeu a proposta de conhecer Bret Michaels, vocalista do Poison.
Conforme transcrição da Ultimate Guitar, Kotzen pontuou:
“Um cara me ligou e disse: ‘olha, estamos te liberando do contrato como você pediu, mas o Bret Michaels tem nos ligado para falar sobre você entrar no Poison’. Naturalmente, nesse momento, eu surtei de novo. Falei: ‘Você está maluco? Vocês acabaram de me dispensar porque eu não queria fazer um disco de rock e agora estão me dizendo pra entrar numa banda de hard rock já consolidada?’ E me disseram: ‘Acho que você devia conhecê-lo e ir até a casa dele. Quando voltar pra Los Angeles, vá encontrá-lo e apenas conversem’.”
A contragosto, Kotzen seguiu o conselho e resolveu visitar Bret em Los Angeles. Para a sua surpresa, no primeiro encontro, o guitarrista já sentiu uma profunda conexão com o frontman:
“Conheci o Bret Michaels na casa dele e tudo mudou quando sentamos para conversar. Ele também era da Pensilvânia e começamos a falar sobre música e sobre o quanto tínhamos em comum. Ele começou a citar discos de que eu gostava, e eu mencionava discos que ele gostava. Pensei: ‘espera aí, isso pode ser interessante’. E o que me convenceu foi que ele disse: ‘a gente não está só procurando um cara pra substituir o CC. Queremos alguém que componha e queremos seguir com alguém que leve a banda para uma nova direção, um novo capítulo.’ E esse alguém era eu. A gente se deu bem e comecei a compor, e acho que fizemos um ótimo disco juntos.”
Após gravar o álbum “Native Tongue” em 1993, Kotzen realizou parte da turnê de divulgação. Contudo, deixou a banda prematuramente por ter tido um caso com Deanna Eve, ex-noiva do baterista Rikki Rockett.
Por mais que tenha guardado certos ressentimentos da época com o Poison, o músico aborda frequentemente a naturalidade de sua entrada na banda. Há poucos meses, em evento no Grammy Museum, o guitarrista contou a mesma história com a adição de outros detalhes (via Whiplash):
“Quando a gravadora estava me liberando do contrato, foi Tom Whalley que disse: ‘Escute, Bret Michaels telefonou e perguntou sobre você. Ele o viu na capa da Guitar World e quer te conhecer’. Eu surtei ainda mais e disse: ‘Você está louco? Eu não quero fazer um disco de hard rock’. Ele insistiu e eu fui ao encontro dele. Dirigi até Calabasas e Bret tinha uma casa incrível na Stunt Road. No minuto em que o conheci, realmente nos demos bem, porque ele também é da Pensilvânia. Me senti em casa.”
Sobre Richie Kotzen
Um virtuoso do mundo do blues rock, Richie Kotzen começou a carreira já como artista solo, por volta dos 19 anos de idade, no fim da década de 1980. A qualidade chamou a atenção do Poison, banda que integrou entre 1991 e 1993. Com ele, o grupo de hard rock gravou seu trabalho mais maduro e elogiado, “Native Tongue” (1993).
Também mantendo a carreira solo em paralelo, substituiu Paul Gilbert no Mr. Big entre 1999 e 2002. Em 2012, iniciou o power trio The Winery Dogs ao lado de Mike Portnoy (bateria) e Billy Sheehan (baixo), onde também assume os vocais. Desde 2020, Kotzen também se dedica a uma parceria com o guitarrista Adrian Smith (Iron Maiden), que já rendeu dois álbuns.
Richie é presença constante no Brasil e já gravou até um álbum ao vivo no país. O músico é casado com a brasileira Julia Lage, atual baixista da Vixen e do projeto Smith/Kotzen.
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