A banda que fez Steve Morse voltar à música após desistir para virar piloto de avião

Guitarrista falecido em 2023 foi responsável por chamar o artista de volta ao seu habitat natural

Entre o final da década de 1980 e início da seguinte, Steve Morse abandonou o mundo da música. Tal qual nomes como Bruce Dickinson (Iron Maiden) e Chris DeGarmo (ex-Queensrÿche), o guitarrista virou piloto de avião, tendo situação confortável trabalhando em companhias aéreas.

Antes mesmo de ingressar na carreira, o artista já estava desiludido com a indústria. Apesar de conceituado com o Dixie Dregs, o sucesso suficiente para lidar com as agruras da vida não havia aparecido – algo muito mais comum do que o leitor menos atento pode imaginar.

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O próprio Morse contou a história ao Ernie Ball Podcast, conforme transcrição da Guitar World:

“O Dixie Dregs meio que se separou em 1981. Tínhamos feito seis discos. Eu senti que talvez o negócio da música fosse um pouco estranho demais para mim. Então comecei a fazer alguns trabalhos diferentes. Dirigi uma escavadeira, cortei feno para as pessoas, coisas assim. Não estava realmente tentando trabalhar como músico. Não durou muito, porque eu realmente senti falta disso.”

Inicialmente, Steve montou um trio se valendo do próprio nome. A tentativa, revela o próprio, era minimamente empatar os custos.

“Então eu tive que descobrir algo para fazer, sabe, comer e pagar minhas contas. Phil Walden da Capricorn Records estava me encorajando a tentar fazer minha própria banda, dizendo: ‘Onde quer que os problemas estivessem no passado, faça suas próprias coisas’. Sabe, pensei que se tivesse um trio poderia administrar tudo e passar melhor pelos tempos difíceis.

Seria um treino de verdade para mim, musicalmente falando. Foi algo que realmente apreciei. Então fizemos a Steve Morse Band, começando em meados dos anos 80. Durou alguns anos, até que ficamos meio que esgotados. Talvez tenhamos ficado no circuito o suficiente para que estivesse ficando repetitivo.”

Steve Morse, Kansas e piloto de avião

Foi quando surgiu uma oportunidade que parecia interessante: substituir Kerry Livgren no Kansas. Embora não vivesse seus melhores momentos, o grupo era estável o suficiente para oferecer uma agenda consistente de turnês e gravações.

“Tive a oportunidade de trabalhar em uma nova música com o Kansas, o que me levou a fazer outras e, finalmente, um álbum. Depois veio uma turnê, outra, mais um álbum e nova turnê.”

A parceria durou de 1985 a 1989, rendendo os discos “Power” (1986) e “In the Spirit of Things” (1988). Foi quando Morse cansou novamente da profissão e resolveu voar – literalmente.

“Senti que talvez devesse aproveitar o fato de que tinha bastante experiência de voo. Amigos meus eram pilotos de avião. Eles diziam que seria um ótimo trabalho. Pensei: ‘Sabe de uma coisa? Se eu tivesse esse emprego, poderia gravar qualquer coisa que quisesse sem ter que me preocupar em agradar alguém na indústria’. Isso realmente me atraiu. Fiz o disco solo ‘High Tension Wires’ como uma recado às gravadoras de que agora só faria o que gostasse, nada mais importava.”

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No entanto, parece que o problema de Steve realmente é ficar acomodado em uma situação, até mesmo fora da arte.

“Conseguir aquele emprego foi muito divertido. Um grande desafio e eu realmente gostei. Mas quando passei a fazer as coisas repetidamente, percebi que todo emprego tem coisas que você não gosta. Às vezes você só tem que lidar com elas.”

O resgate via Gary Rossington e o Lynyrd Skynyrd

Um colega de função foi decisivo para o retorno: Gary Rossington, último membro da formação clássica do Lynyrd Skynyrd a deixar este mundo, no ano passado.

“Lembro-me de voltar de um longo, longo dia de trabalho. Começou às duas da manhã e eu ainda estava de uniforme. No telefone estava Gary Rossington, que disse: ‘Ei, estamos no Omni [uma arena coberta em Atlanta, Geórgia]. Cara, você tem que vir. Traga sua guitarra. Estamos gravando hoje à noite’. Respondi: ‘Estive no trabalho o dia todo e cortei meu cabelo.’ Ele falou ‘Traga sua guitarra. Vejo você às seis’. Atrasei, estava muito longe. Quando cheguei já estavam tocando. Quando me viram, Gar falou: ‘Tudo bem, pessoal, vamos trazer Steve Morse para tocar na música ‘Gimme Back My Bullets’.”

O registro apareceu no álbum “Southern by the Grace of God” (1988), registro da turnê que homenageava os falecidos no acidente aéreo de 1977.

Retorno de Steve Morse

Morse ainda levaria alguns anos para retornar em definitivo. A volta triunfante aconteceu na metade da década seguinte, quando assumiu o lugar de Ritchie Blackmore no Deep Purple – após breve passagem de Joe Satriani pela função. Ele ficaria na banda até 2022, quando saiu para cuidar da esposa com um câncer terminal, que a levaria dois anos depois.

Recentemente, o músico reuniu a Steve Morse Band. O Dixie Dregs, que desde 1988 reaparece de forma esporádica, também foi reativado. Porém, o guitarrista já deixou claro que não pretende retomar a rotina de turnês e gravações contínuas.

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João Renato Alves
João Renato Alveshttps://twitter.com/vandohalen
João Renato Alves é jornalista, 40 anos, graduado pela Universidade de Cruz Alta (RS) e pós-graduado em Comunicação e Mídias Digitais. Colabora com o Whiplash desde 2002 e administra as páginas da Van do Halen desde 2009. Começou a ouvir Rock na primeira metade dos anos 1990 e nunca mais parou.

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