Ao entrar para a música, Jon Bon Jovi sabia com clareza qual caminho queria seguir. Bruce Springsteen, por exemplo, era uma referência para o líder do Bon Jovi, que afirma ter tido sua vida mudada com o hit “Born to Run”. Ao mesmo tempo, uma banda dos anos 1980 simbolizava justamente o que não gostaria de reproduzir enquanto artista.
O assunto surgiu em entrevista à Classic Rock. Durante o bate-papo, o jornalista Paul Brannigan perguntou como o cantor manteve-se com os “pés no chão” diante da fama, sobretudo após o lançamento do disco “New Jersey” (1988).
Ao responder, o vocalista explicou como sua criação influenciou no processo e citou diretamente o Mötley Crüe como um grupo cujo comportamento o incomodava. Ele declarou:
“Os outros membros da banda e Nova Jersey [me impediram de ser babaca]. E quando menciono Nova Jersey, não estou falando só da população, mas da nossa criação. Percebi enquanto estava em turnê com bandas da Califórnia e com shows de arena de rock, e estando na mesma lista de empresários do Mötley Crüe, que não era isso que eu queria ser, em relação ao padrão de comportamento. Fomos colocados junto com todo resto porque parecíamos iguais, assim como as crianças nos shoppings naquela época. Mas eu tinha o pensamento: ‘não queira ser isso, queria ser mais, queira ser diferente’.”
Em 2011, sem citar nenhum nome, Jon Bon Jovi já havia destacado para a Billboard (via Noisecreep):
“Eu sempre enxerguei um plano muito maior do que apenas ser o vocalista de uma banda de rock’n’roll. Bandas semelhantes à minha queriam estar na capa da revista Circus. Eu queria estar na capa da Time. Havia muito mais que eu queria fazer no mundo do que apenas ser um cara em uma banda de rock.”
Bon Jovi e Mötley Crüe
No passado, o Bon Jovi e Mötley Crüe já passaram por desavenças. Em agosto de 1989, ambas as bandas tocaram no festival Moscow Music Peace Festival, quando eram agenciadas pelo mesmo empresário: Doc McGhee. Skid Row, Ozzy Osbourne, Scorpions e Cinderella também compuseram o lineup, representando bandas estrangeiras. Gorky Park, Nuance e Brigada S cumpriram a cota local.
Durante a ocasião, muitos dos grupos escalados para o evento achavam que McGhee estava mostrando tratamento preferencial ao Bon Jovi – especialmente o Crüe, que reclamava por apenas a banda de Jon Bon Jovi ter sido autorizada a usar pirotecnia.
O resultado disso acabou sendo a demissão de McGhee como empresário do Crüe após os shows. A dispensa, claro, ocorreu à moda da casa: o baterista Tommy Lee deu um soco na cara do profissional e disse que ele poderia gerenciar o The Chipmunks, pois não trabalharia mais com sua banda.
Ironicamente, McGhee foi dispensado pelo Bon Jovi pouco tempo depois, em 1991. Tornou-se empresário do Kiss em 1995 e dos mascarados não desgrudou mais.
De qualquer maneira, Nikki Sixx, baixista do Crüe, deixou claro que não é um grande fã do Bon Jovi. Em 2011, pelo X/Twitter, chegou a chamar Jon Bon Jovi de “c#zão metido a besta” devido à declaração concedida para a Billboard. Já no ano seguinte, em entrevista à Powerline, destacou que sua banda é muito diferente da do colega de profissão:
“Não quero que sejamos comportados ou direitinhos. Nossas letras são surpreendentes. Me admira que as rádios toquem ‘Shout at the Devil’ com aquela letra. Não somos como o Bon Jovi.”
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