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O grande problema do Pearl Jam em “Ten”, segundo Stone Gossard

Guitarrista entende que a então inexperiente banda “pensou demais” durante o processo de gravação

Um dos principais álbuns de estreia do movimento grunge, “Ten” (1991) foi responsável por colocar o nome do Pearl Jam nos holofotes. Abastecido por uma série de hits, o trabalho projetou o grupo mundialmente e é até hoje um de seus momentos fonográficos referenciais.

Porém, também não é segredo que o disco não é unanimidade entre os integrantes da banda. O guitarrista Stone Gossard engrossa o coro dos descontentes. O músico nunca ficou satisfeito com a mixagem final, embora não tivesse muito o que fazer para contestá-la – algo natural em artistas sem experiência.

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Disse o instrumentista à Rolling Stone em 2017, conforme resgate do Far Out Magazine:

“Nós pensamos demais. Você pode ficar realmente atolado no processo quando se é uma banda jovem gravando. Parecia disfuncional. Não sabíamos para onde queríamos ir e foi aí que tudo quebrou, então a comunicação ficou ruim e tudo simplesmente foi por água abaixo.”

A visão de Eddie Vedder

Stone não está sozinho. Em outra entrevista à Rolling Stone, desta vez realizada em 2006 e também resgatada pelo Far Out Magazine, o vocalista Eddie Vedder fez uma confissão: a estreia é o único disco da banda que não consegue ouvir.

“Escuto todos os discos que fizemos, exceto o primeiro. O que é estranho porque é aquele pelo qual, de certa forma, fomos definidos, ou as pessoas mais conhecem as músicas. Mas é apenas o som do disco. Ele acabou sendo mixado de uma forma que ficou… foi meio que superproduzido.”

O engenheiro de áudio Dave Hillis, que trabalhou na gravação de “Ten”, revelou em entrevista ao podcast Cobras & Fire (via Ultimate Guitar) que os músicos do Pearl Jam achavam a sonoridade de “Ten” carregada demais. Para eles, o uso de efeitos foi exagerado.

O assunto veio à tona após o entrevistador comentar que “Ten” foi relançado em 2009 com uma nova mixagem, feita pelo produtor Brendan O’Brien. O projeto, chamado “Ten Redux”, buscava deixar a sonoridade do disco mais “crua”, sem tantos efeitos como delay e reverb.

Ao exaltar o trabalho feito por Tim Palmer na mixagem do álbum, Hills declarou:

“Eu previa que isso (relançamento mais ‘enxuto’) poderia acontecer. Eu realmente adorei a mixagem de Tim Palmer. A forma como ele mixou foi o que fez o álbum se sair tão bem nas rádios naquela época. Mas sei que Jeff não gostava desse som ‘carregado’, sei que Eddie também não curtia, Ed estava cada vez mais seguindo para o lado punk das coisas.”

Em função disso, o engenheiro de áudio não se surpreendeu com o relançamento de “Ten” em uma pegada mais “enxuta”.

“Eu meio que vi como eles haviam se arrependido e que eles viram a direção que tomariam para os próximos álbuns. Acho que, no fundo, eles sempre queriam ver como ‘Ten’ soaria daquele jeito, então não fiquei tão chocado. Aquele é um dos maiores álbuns da história.”

Pearl Jam e “Ten”

Lançado em 27 de agosto de 1991, “Ten” foi registrado com orçamento na casa dos US$ 25 mil, valor considerado baixo para os padrões fonográficos da época. Mesmo assim, os músicos conseguiram convencer a gravadora a realizar a mixagem na Inglaterra.

Quatro faixas foram lançadas como single: “Alive”, “Even Flow”, “Jeremy” e “Oceans”. A gravadora tentou promover “Black no formato, mas a banda recusou alegando se tratar de uma canção de conteúdo muito pessoal para ser usada como peça promocional.

Foi o único a contar com o baterista Dave Krusen. Chegou ao segundo lugar na parada norte-americana, vendendo mais de 15 milhões de cópias em todo o mundo. Ganhou disco de ouro no Brasil.

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João Renato Alves
João Renato Alveshttps://twitter.com/vandohalen
João Renato Alves é jornalista, 40 anos, graduado pela Universidade de Cruz Alta (RS) e pós-graduado em Comunicação e Mídias Digitais. Colabora com o Whiplash desde 2002 e administra as páginas da Van do Halen desde 2009. Começou a ouvir Rock na primeira metade dos anos 1990 e nunca mais parou.

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