Jeff Beck planejava álbum colaborativo com Mark Knopfler antes de morrer

Segundo eterno líder do Dire Straits, músicos vinham conversando a respeito do tema por meio de suas equipes

No último mês de março, Mark Knopfler disponibilizou uma regravação um tanto quanto singular de sua faixa “Going Home: Theme of the Local Hero” – originalmente de 1983. Mais de 60 músicos participaram do single, incluindo Jeff Beck, falecido em janeiro do ano passado.

O saudoso guitarrista ficou encarregado da abertura da música. À época, não pôde se reunir com os envolvidos, então criou a parte em questão de casa, no que tornou-se sua última gravação. Mas, originalmente, a ideia era que a parceria do eterno líder do Dire Straits com o instrumentista fosse além e fizessem um álbum inteiro em conjunto.

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Durante bate-papo com a revista Guitar Player (via Guitar World), Knopfler revelou tais planos. Segundo o artista, os dois já tinham até introduzido o assunto com suas respectivas equipes. Infelizmente, as coisas acabaram interrompidas por motivo de força maior.

Ele declarou:

“Jeff era diferente, sabe?. Na verdade, tínhamos acabado de ter algumas conversas por meio das nossas gestões sobre fazer um álbum juntos. Fico triste por não termos conseguido trabalhar dessa forma.”

Sobre “Going Home: Theme of the Local Hero”

Bruce Springsteen, Tom Morello (Rage Against the Machine), David Gilmour (Pink Floyd), Slash (Guns N’ Roses), Eric Clapton, Steve Vai, Ronnie Wood (Rolling Stones), Pete Townshend (The Who) e Brian May (Queen) também estão entre os convidados da música, apelidados de “Guitar Heroes”. Todo dinheiro arrecadado com a música será destinado às organizações beneficentes Teenage Cancer Trust e Teen Cancer America, voltadas aos adolescentes com câncer.

Para completar, Ringo Starr (Beatles) aparece creditado na bateria, junto de seu filho Zak Starkey (The Who). Já Sting (The Police) ficou encarregado do baixo, enquanto Roger Daltrey (The Who, que também auxilia a Teenage Cancer Trust) tocou gaita e Guy Fletcher (Dire Straits) cuidou da produção. 

O single foi registrado em maioria no estúdio British Grove Studios, em Londres, na Inglaterra. Em comunicado, Knopfler explicou que, inicialmente, a ideia não era tornar a faixa tão grandiosa assim, mas o processo ocorreu de maneira natural:

“Eu realmente não tinha ideia de que a música chegaria nesse nível. [Buddy] Guy aceitou e eu logo precisei estender a música de alguma forma, para acolher o maior número de pessoas. Antes que eu soubesse o que fazer, Pete Townshend tinha entrado no meu estúdio portando uma guitarra e um amplificador. E aquele primeiro power chord do Pete… cara, nós presenciamos aquilo e foi simplesmente fantástico. E continuou a partir daí. O Eric [Clapton] entrou, tocou muito bem, um lick atrás do outro. Então a contribuição de Jeff Beck surgiu e isso foi fascinante. Acho que o que tivemos foi uma superabundância de coisas boas. A coisa toda foi um ponto alto.” 

Sobre Jeff Beck

Nascido em 24 de junho de 1944, em Wallington, Surrey, na Inglaterra, Geoffrey Arnold Beck envolveu-se com a música inicialmente cantando em um coral de igreja. Ao conhecer o trabalho de outro revolucionário da guitarra, Les Paul, ficou impressionado e se apaixonou pelo instrumento. Porém, só começou a tocar mesmo na adolescência.

No início da vida adulta, transitou por uma série de bandas em Londres. Em 1965 juntou-se ao Yardbirds na vaga deixada por Eric Clapton. Ficou apenas um ano, período em que a banda lançou seus maiores hits. A passagem acabou mal, já que ele foi demitido por constantemente não aparecer para os shows.

Em 1967, foi a vez de arriscar-se como dono de banda: o Jeff Beck Group, com Rod Stewart nos vocais, Ronnie Wood no baixo e Micky Waller na bateria. Os primeiros álbuns do projeto, “Truth” (1968) e “Beck-Ola” (1969), são citados como fundamentais para o desenvolvimento do heavy metal. Foi considerado para substituir Syd Barrett no Pink Floyd, mas ninguém na banda teve coragem de convidá-lo.

Com o fim da formação inicial de seu próprio grupo, montou o Beck, Bogert & Appice e seguiu trabalhando em carreira solo, além de uma nova configuração do Jeff Beck Group. Explorou não apenas as já conhecidas influências do blues e rock, como também da soul music, incluindo colaborações com Stevie Wonder.

Na década de 1980, Beck restringiu seu trabalho a apenas algumas aparições em shows beneficentes. Retornou de vez com o álbum “Flash” e também se reuniu com Rod Stewart. A partir dos anos 1990, reduziu o ritmo de sua carreira, com idas e vindas e longos hiatos entre seus álbuns. Entre suas colaborações nas décadas de 1980 e 1990, estão registros com Mick Jagger, Jon Bon Jovi, Buddy Guy, Tina Turner, Seal, Duff McKagan, Brian May e ZZ Top.

Seu último trabalho completo foi “18”, uma colaboração com o ator e também músico Johnny Depp. Saiu em julho de 2022 e reuniu majoritariamente covers de artistas como Beach Boys, Marvin Gaye e The Velvet Underground. Participou também de “Patient Number 9”, álbum de Ozzy Osbourne, gravando guitarra em duas músicas: a faixa-título e “A Thousand Shades”. Em janeiro de 2023, ele faleceu aos 78 anos de idade após contrair meningite bacteriana.

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Maria Eloisa Barbosa
Maria Eloisa Barbosahttps://igormiranda.com.br/
Maria Eloisa Barbosa é jornalista, 24 anos, formada pela Faculdade Cásper Líbero. Colabora com o site Keeping Track e trabalha como assistente de conteúdo na Rádio Alpha Fm, em São Paulo.

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