Burton Cummings, vocalista, compositor e membro fundador do The Guess Who, tomou uma medida extraordinária para impedir que a atual banda que excursiona usando o nome execute suas músicas.
O frontman e o guitarrista original Randy Bachman já haviam entrado com uma ação judicial, em outubro do ano passado, para impedir que a versão atual continuasse se apresentando. Os principais alvos do processão são o baterista Garry Peterson, que fez parte do lineup original, e o baixista Jim Kale, que nos últimos anos se aposentou dos palcos, mas ainda participa dos interesses. Burton e Randy pediram uma compensação em torno de US$ 20 milhões pelo que consideram danos irreparáveis a suas imagens e reputações.
Embora o processo ainda esteja em andamento, Cummings optou, agora, por rescindir certos acordos de direitos sobre suas músicas para impedir o Guess Who de tocá-las em shows.
A estratégia é complexa. Praticamente todos os locais que abrigam concertos na América do Norte têm um acordo com representantes de direitos de apresentação, comumente chamados de PROs.
Essas organizações cobram royalties em nome dos compositores sempre que seu trabalho é executado. Ao encerrar os acertos relativos às suas músicas, Cummings tornou impossível para a versão atual do grupo executar o material em locais alinhados aos PROs.
Em entrevista à Rolling Stone, Burton explicou:
“Estou disposto a fazer qualquer coisa para impedir a banda falsa, estão pegando a história de vida minha e de Bachman e fingindo ser deles. Não são as pessoas que fizeram esses discos e não deveriam agir como agiram até aqui. Isso não impede essa banda cover de fazer seus shows, apenas os impede de tocar as músicas que eu escrevi. Se forem interpretadas pelo falso Guess Who, eles serão processados por cada ocorrência.”
De acordo com a publicação, os locais que contratarem o atual Guess Who também poderiam enfrentar repercussões legais se a banda decidir continuar apresentando o material sem o devido licenciamento.
Cummings escreveu alguns dos maiores sucessos da banda, incluindo “American Woman”, “These Eyes” e “No Time”. Os próximos cinco shows já foram cancelados devido às ações.
Riscos e dinheiro perdido
Burton Cummings também acaba correndo riscos com a ousada ação. Ao cancelar seus contratos, o compositor não poderá receber royalties. Além das apresentações ao vivo, os PROs cobram pagamentos por material veiculado no rádio, na televisão, em comerciais e outros espaços públicos.
Ainda assim, ele banca a atitude. O artista comentou:
“Sim, vou perder algum dinheiro, mas vamos descobrir o real valor. Não permitirei mais essa banda falsa. Vou perder algum dinheiro, mas… o nome não vale nada sem essas músicas. Então, o que eles vão fazer? ‘Ei, o Guess Who toca, mas não podemos tocar ‘Share the Land’ ou ‘American Woman’, não podemos tocar ‘These Eyes’.”
O frontman finaliza com mais críticas à atual formação:
“Quanto vale o trabalho da minha vida? Você não pode colocar isso em dólares e centavos. É errado o que eles fizeram e durante anos ninguém fez nada a respeito. Mas estamos fazendo agora e isso pode abrir alguns precedentes, porque existem outras atrações por aí que também não são reais.”
The Guess Who em 2024
No início do ano passado, o atual The Guess Who lançou o álbum “Plein D’Amour”. Além de Garry, o grupo contava com o vocalista e guitarrista Derek Sharp, o guitarrista Michael Staertow, o baixista Michael Devin (ex-Whitesnake) e o tecladista Leonard Shaw durante as sessões. Desde então, os dois últimos foram respectivamente substituídos por Greg Smith (ex-Rainbow e Alice Cooper) e Teddy Andreadis (ex-Guns N’ Roses).
Fundado em 1962, na cidade canadense de Winnipeg, o The Guess Who se tornou conhecido mundialmente. Os 11 discos da fase inicial da banda entraram nas paradas dos Estados Unidos e Canadá.
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