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Angra espreme setlist atual em show mecânico no calor do Summer Breeze

Apresentação editada da turnê “Cycles of Pain” preservou alto nível habitual e mesclou hits do passado com canções mais recentes

Após as duas atrações de thrash metal que deram o pontapé inicial do sábado (27) de Summer Breeze Brasil, coube ao Gamma Ray diminuir a agressividade no Ice Stage e iniciar a transição para a sonoridade dominante do segundo dia do festival. Quando o Angra subiu ao palco, o público já tinha aquecido a garganta e estava ansioso pelo grupo no palco principal.

Antes de o show começar, alguns problemas. Um deles, comportamental: quase saiu briga no “front row”, a estreita pista premium em frente aos palcos principais. O público que deixava o Ice Stage após o Gamma Ray se chocava com quem esperava o Angra, somado a uma parcela que já queria pegar a grade para o Lacuna Coil na sequência. Ficou todo mundo parado e irritado.

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Foto: André Tedim @andretedimphotography

O outro, de ordem técnica. O tema pré-gravado para o início do show — “Crossing”, do álbum “Holy Land” (1996) — falhou e precisou ser iniciado de novo. Nenhum trauma. Executada novamente, introduziu “Nothing to Say”, do mesmo álbum, seguida por “Angels Cry”, faixa-título do álbum de 1993, num começo que ganhou o público logo de cara.

Divulgando seu mais recente álbum, “Cycles of Pain” (2023), lançado no mesmo dia em que seu trabalho de estreia celebrou o trigésimo aniversário, o Angra não teve dificuldade em espremer o longo repertório de sua turnê atual nos setenta e cinco minutos em que permaneceu no Hot Stage.

A apresentação no Summer Breeze, no entanto, pareceu apenas isso: uma versão editada de seu show atual. Todo o cuidado da produção foi reproduzido, desde as bases pré-gravadas até os vídeos exibidos ao fundo do palco no telão, muitas vezes ofuscado pelo reflexo do sol inclemente das duas da tarde do sábado

Tal profissionalismo, porém, pareceu mecânico e, depois de um começo explosivo, o show murchava conforme a banda executava suas canções mais recentes, com maior ênfase em aventuras progressivas do que melodias cantáveis. A plateia acompanhou com animação diminuída a execução precisa de músicas como “Vida Seca” e “Newborn Me”, esta do álbum “Secret Garden” (2015).

Foto: André Tedim @andretedimphotography

Diferente do show “quase do Angra” de Edu Falaschi na véspera, a impressão era de que a apresentação do Summer Breeze era apenas mais uma do Angra na turnê atual. Pelo menos, mais uma de alto nível. O público cantou junto hits do passado como “Time” e “Rebirth” e, em contraponto a outros materiais recentes, ofereceu ótima resposta à rápida novata “Ride into the Storm”, quando os músicos deixaram o palco após tocarem sob calor escaldante.

Não demorou muito para o bis. O Angra voltou sob o som pré-gravado de “Unfinished Allegro”, sem falhas essa vez, que foi a deixa para mais cantoria no já tradicional medley com a dobradinha “Carry On” e “Nova Era”, encerrando a participação da banda numa tarde quente em que até o sempre afinado vocalista Fabio Lione — dono de sotaque em português que já quase se confunde ao dos moradores mais antigos de bairros típicos de imigração italiana da capital paulista — parecia não aguentar mais ao fim.

Foto: André Tedim @andretedimphotography

**Este conteúdo faz parte da cobertura Summer Breeze Brasil 2024. Algumas atrações terão resenhas + fotos publicadas primeiro. A cobertura completa, de (quase) todas as atrações, sairá nos próximos dias.

Foto: André Tedim @andretedimphotography

Angra — ao vivo no Summer Breeze Brasil 2024

Repertório:

  1. Crossing (Intro)
  2. Nothing to Say
  3. Angels Cry
  4. Tide of Changes – Part I
  5. Tide of Changes – Part II
  6. Newborn Me
  7. Vida Seca
  8. Rebirth
  9. Dead Man on Display
  10. Time
  11. Cycle Doloris (Intro)
  12. Ride into the Storm

Bis:

  1. Unfinished Allegro (intro)
  2. Carry On / Nova Era

Foto: André Tedim @andretedimphotography
Foto: André Tedim @andretedimphotography
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Thiago Zuma
Thiago Zuma
Formado em Direito na PUC-SP e Jornalismo na Faculdade Cásper Líbero, Thiago Zuma, 43, abandonou a vida de profissional liberal e a faculdade de História na USP para entrar no serviço público, mas nunca largou o heavy metal desde 1991, viajando o mundo para ver suas bandas favoritas, novas ou velhas, e ocasionalmente colaborando com sites de música.

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