A cinebiografia “Michael”, baseada na vida e obra de Michael Jackson, abordará as acusações de abuso sexual que permearam a vida do cantor. Será a primeira vez que um projeto autorizado e supervisionado pelos representantes legais do Rei do Pop repercute o tema.
O jornalista Matthew Belloni, do Puck News (em registro do Consequence), obteve um roteiro inicial do filme. De acordo com o próprio, a maneira como a situação será abordada é “bastante lisonjeiro para Jackson” e “quer muito convencer o espectador de que ele é inocente”.
Para esse fim, aborda as controvérsias de forma muito direta, começando com uma representação do rancho Neverland sofrendo invasão policial após as alegações de Jordan Chandler, em 1993.
Belloni ainda ressalta que o roteiro pode estar longe de ser o produto final. Contudo, enfatiza que ele “faz grande esforço para minimizar e subestimar as reivindicações reais e eviscerar os Chandler”.
O script também retrataria Jackson como uma figura incompreendida e explorada, com uma inocência infantil, que foi a “verdadeira vítima” dos acontecimentos.
“Michael”, o filme
De acordo com a Lionsgate, responsável pelo financiamento e distribuição, “Michael” chegará aos cinemas dos Estados Unidos em 18 de abril de 2025. O icônico cantor falecido em 2009 será interpretado por seu sobrinho, Jaafar Jackson, atualmente com 27 anos de idade.
A direção estará a cargo de Antoine Fuqua (“Dia de Treinamento”, “Rei Arthur”, “Lágrimas do Sol”). Graham King, de “Bohemian Rhapsody”, estará envolvido na produção junto com John Branca e John McClain, que estão no comando da propriedade de Jackson.
O roteiro, escrito por John Logan, deve fornecer “um retrato profundo do homem complicado que se tornou o rei do pop”, de acordo com o comunicado oficial. Algumas das maiores performances do cantor serão abordadas. Logan escreveu roteiros para filmes como “Genius”, “Skyfall”, “The Aviator” e “Hugo”.
As denúncias contra Michael Jackson
Além do caso de Jordan Chandler, Michael sofreu outras acusações de abuso sexual contra menores. Os casos vieram à tona quando Wade Robson e James Safechuck prestaram depoimentos para o documentário “Leaving Neverland” (2019). Segundo a produção, o primeiro mencionado conheceu o artista aos 5 anos de idade, na Austrália, ao ganhar um concurso de dança. Sob a promessa de virar uma estrela, mudou-se para Los Angeles junto de parte da família, quando afirma ter ficado próximo do cantor. Relata que, entre 7 e 14 anos, teria sido molestado diversas vezes no Rancho Neverland.
Já o segundo encontrou o artista pela primeira vez aos 9 anos de idade, enquanto filmava um comercial da Pepsi. Depois disso, Michael teria passado a escrever e a telefonar frequentemente para o menino, enviando presentes e convidando para passeios. Entre 1988 e 1992, segundo a acusação, o artista teria abusado do garoto “centenas de vezes”.
No final do ano passado, a Justiça Americana aceitou reabrir os processos após quase uma década. os autores querem que o julgamento aconteça antes do lançamento da cinebiografia. As denúncias foram unidas em um mesmo caso.
John C. Carpenter, advogado das alegadas vítimas, deseja que eles sejam ouvidos até fevereiro do ano que vem, pois acredita que o filme sobre a vida do Rei do Pop será extremamente bajulador e destoará da realidade. No caso, a produção conta com a colaboração direta da MJJ Productions e MJJ Ventures, companhias de Jackson que administram sua obra. Ele disse à Rolling Stone:
“Eles querem que a cinebiografia de Michael Jackson seja lançada antes do julgamento. Isso é o que eu penso. Essas empresas que facilitaram o abuso em primeiro lugar estão reescrevendo a história.”
Em contrapartida, Jennifer L. Keller, defensora das empresas, entende que não será possível cumprir o prazo solicitado. Isso porque, em suas palavras, a situação é complexa e o julgamento, por causa das “questões jurídicas extremamente difíceis”, demandaria variadas testemunhas, além de muitos dias. Ela estipula como uma provável data dezembro de 2026.
Carpenter discorda do argumento, alegando que a natureza do cenário não é complicada, apenas antiga. Por enquanto, o juiz do Tribunal Superior do Condado de Los Angeles marcou uma nova audiência de acompanhamento para o dia 5 de junho.
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