Yngwie Malmsteen nunca teve papas na língua. Mesmo em 1994, quando foi convidado para fazer comentários sobre o Pantera e várias outras bandas, o guitarrista não filtrou sua opinião e falou “na lata” o que achava desses artistas.
No ano em questão, o guitarrista participou de uma espécie de “audição às cegas” promovida pela Guitar World. Um jornalista apresentou ao guitarrista mais de 10 músicas de diferentes bandas, sem dizer de quem eram aquelas faixas.
A ideia era obter as opiniões mais sinceras possíveis do artista sueco. Em alguns casos, ele surpreendeu ao elogiar: revelou adorar o Metallica, por exemplo. Já em situações como a do Pantera, tratou de deixar claro, em seu estilo verborrágico, que não curtiu o que havia acabado de ouvir.
A música que fez Yngwie Malmsteen repudiar o Pantera foi “I’m Broken”, um dos singles do álbum “Far Beyond Driven”, lançado naquele ano de 1994. O guitarrista destinou comentários em especial às performances do vocalista Phil Anselmo e do guitarrista Dimebag Darrell.
De início, parecia que, apesar das ressalvas, Malmsteen iria curtir o som da banda.
“Não sei quem é, mas gosto do riff de guitarra. Também gosto do groove no segundo refrão, mas não gosto das guitarras tipo serra elétrica. Prefiro uma guitarra distorcida que não soa realmente distorcida se você não tocar mais do que duas notas.”
Porém, quando ele começou a falar sobre os vocais de Phil Anselmo, o descontentamento ficou evidente.
“No que diz respeito ao vocal, não consegui encontrar palavras suficientes para descrever meu desgosto. Na verdade, isso não é cantar. Parece que alguém está enfiando algo na bunda do vocalista ou algo está saindo da bunda e da boca dele no ao mesmo tempo. É uma desculpa estúpida para ser alguém que está na frente de um pedestal de microfone.”
E o solo?
O entrevistador perguntou o que Yngwie havia achado do solo de guitarra. A resposta também foi ácida.
“Um motivo triste para ser um guitarrista nos anos 1990. Começou soando como Chuck Berry, mas aí entraram alguns bends terríveis, terríveis. Muito desagradável. Esse foi um dos piores solos que já ouvi. Mas os riffs no início e no fim da música são muito bons.”
A íntegra da antiga entrevista de Yngwie Malmsteen à Guitar World pode ser lida, em inglês, no site da revista. Naquela situação, ele também avaliou às cegas trabalhos de Metallica, Dream Theater, Joe Satriani, Jeff Beck, Pearl Jam e Tom Petty, entre outros.
Sobre Yngwie Malmsteen
Nascido Lars Johan Yngve Lannerbäck na Suécia em 30 de junho de 1963, Yngwie Malmsteen pegou um violão pela primeira vez aos 7 anos de idade, no dia em que Jimi Hendrix morreu, e ganhou sua primeira guitarra aos 9, de presente do irmão.
Largou a escola aos 15 e conseguiu um emprego consertando guitarras em uma loja de música em Estocolmo. Enquanto trabalhava lá, ele teve a ideia de escalopar braços de guitarra — modificação que torna as técnicas de vibrato e bending mais fáceis e que se tornaria marca registrada de seus instrumentos.
No final da adolescência, cada vez mais frustrado com a cena musical sueca, Malmsteen se viu num beco sem saída: suas composições, por melhores que fossem, não despertavam o interesse de nenhuma gravadora local por não serem “comerciais” o suficiente.
Sabe-se lá como, uma demo atravessou o oceano. Mike Varney, chefe da Shrapnel Records na Califórnia, ouviu e ficou impressionado com o estilo de tocar do jovem. Ele entrou em contato e pediu que Yngwie fosse aos Estados Unidos para gravar um álbum pela sua gravadora.
Malmsteen foi de mala e cuia para Los Angeles, onde se juntou ao Steeler. Ele gravou um álbum homônimo (1983) com a banda antes de unir forças com o veterano ex-vocalista do Rainbow Graham Bonnet no Alcatrazz, registrando “No Parole from Rock ‘n’ Roll” (1983) e o ao vivo “Live Sentence” (1984).
Cansado do expediente de compor em parceria com terceiros, ele saiu do Alcatrazz e pôs na rua o Yngwie J. Malmsteen’s Rising Force, nome sob o qual começou a gravar uma série de álbuns, alguns dos quais obteriam status de clássico não apenas no reino da guitarra, mas no hard e metal como um todo, como “Rising Force” (1984), “Trilogy” (1986) e “Odyssey” (1988).
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