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Quando capa de disco do Scorpions fez Wikipédia ser acusada de pedofilia

Foto usada no encarte de “Virgin Killer”, quarto álbum de estúdio da banda alemã, voltou a gerar polêmica décadas após seu lançamento em 1976

Em novembro de 1976 o Scorpions lançou “Virgin Killer”, quarto álbum de sua discografia e primeiro a se destacar fora das fronteiras europeias em função de seu sucesso no Japão. Porém, o trabalho se tornou notório por sua controversa capa — que, anos depois, rendeu consequências a Wikipédia

A foto usada no encarte original mostrava uma pré-adolescente nua, com a genitália coberta por um efeito de vidro quebrado. O registro, feito pelo fotógrafo Michael von Gimbut, colocou a banda alemã no centro de uma discussão delicada e, à época, impactou negativamente sua recepção no mercado internacional. 

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Mesmo com medidas para conter a publicidade ruim — como o uso de capas alternativas em alguns países —, a polêmica viveu o suficiente para um novo desdobramento. Em 2008, a Wikipédia foi acusada de pedofilia por conta do artigo em inglês sobre o “Virgin Killer” onde a capa aparecia.

Scorpions, “Virgin Killer” e Wikipédia

Nos Estados Unidos, em maio de 2008, o site conservador WorldNetDaily acionou o FBI para investigar o caso com a intenção de censurar o uso da capa de “Virgin Killer”. Contudo, a ação foi encerrada com o argumento de que nenhuma lei foi violada. 

No Reino Unido, o caso se desdobrou pouco tempo depois, mais especificamente no dia 5 de dezembro do mesmo ano. Diversos provedores britânicos bloquearam a página do álbum na Wikipédia devido a uma série de denúncias de “conteúdo indecente”. A Internet Watch Foundation (IWF) tomou frente das ações, colocando o link em uma espécie de “lista negra” que era utilizada para filtragem por outras plataformas.

Dessa forma, muitos usuários britânicos que tentavam acessar a página de “Virgin Killer” na Wikipédia em inglês se deparavam com a seguinte mensagem de erro:

Apesar disso, a IWF não pôde interferir efetivamente na circulação do conteúdo, já que a URL era hospedada no exterior. Uma análise jurídica foi realizada, sem desdobramentos. A Wikimedia, responsável pelo site, se pronunciou e afirmou que o artigo não apresentava conteúdo ilegal. 

O link foi retirado da “lista negra” da IWF dois dias depois. A instituição também disse que não faria o mesmo com nenhuma outra cópia da arte da capa na internet.

Nos dois países em questão, o álbum chegou às prateleiras na época do lançamento com o encarte original coberto por plástico preto, sendo visíveis apenas o nome do grupo e o título do trabalho. A capa com imagem da garota nua segue na página em língua inglesa do disco na Wikipédia. 

A opinião da banda sobre a capa

Em 2016, a opinião dos membros do Scorpions sobre a polêmica capa de “Virgin Killer” foi revelada pelo livro “Wind of Change – A História do Scorpions”, de Martin Popoff. De acordo com Francis Buchholz, ex-baixista do grupo, a equipe criativa foi responsável pela escolha da imagem que teria sido aprovada inocentemente pelos músicos. 

“O gerente de A&R e o departamento de arte surgiram com uma ideia: sugeriram a foto de uma menina linda, mas nua, sobrinha de um dos caras do departamento ou algo assim. Acho que ela devia ter uns 13 anos. Na época, eu não conhecia ninguém que já tivesse ouvido falar em ‘pornografia infantil’ nem conhecia essa expressão. Inocentes e sem nenhum pensamento ruim, a gente achou a ideia ótima. Havia apenas a necessidade do vidro quebrado para cobrir a genitália daquela menina. Embora a coisa toda fosse extremamente questionável, o álbum foi lançado, e ninguém na Alemanha implicou com isso.”

Na publicação, o frontman Klaus Meine admitiu sentir vergonha da foto usada — e também terceirizou a culpa. 

“A primeira coisa que me vem à mente é a vergonhosa capa. Ela não era nada que fizesse você querer chegar em casa e mostrar aos seus pais. Era simplesmente vergonhosa. Mais do que ninguém, foi a gravadora, o cara que estava à frente da RCA na época que mexeu os pauzinhos visando a que a gente atraísse esse tipo de atenção com uma capa escandalosa. Não é uma capa da qual tenhamos orgulho.”

Scorpions e “Virgin Killer”

Lançado em 22 de novembro de 1976, “Virgin Killer” teve um desempenho comercial fraco na América do Norte e Europa, mas vendeu bem no Japão, país onde o Scorpions começava a construir uma base sólida de fãs. A sonoridade prosseguia a transição dos elementos psicodélicos dos primórdios para o hard rock que os consagraria posteriormente.

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Tairine Martins
Tairine Martinshttps://www.youtube.com/channel/UC3Rav8j4-jfEoXejtX2DMYw
Tairine Martins é estudante de jornalismo na Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF). Administra o canal do YouTube Rock N' Roll TV desde abril de 2021. Instagram: @tairine.m

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Em novembro de 1976 o Scorpions lançou “Virgin Killer”, quarto álbum de sua discografia e primeiro a se destacar fora das fronteiras europeias em função de seu sucesso no Japão. Porém, o trabalho se tornou notório por sua controversa capa — que, anos depois, rendeu consequências a Wikipédia

A foto usada no encarte original mostrava uma pré-adolescente nua, com a genitália coberta por um efeito de vidro quebrado. O registro, feito pelo fotógrafo Michael von Gimbut, colocou a banda alemã no centro de uma discussão delicada e, à época, impactou negativamente sua recepção no mercado internacional. 

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Scorpions, “Virgin Killer” e Wikipédia

Nos Estados Unidos, em maio de 2008, o site conservador WorldNetDaily acionou o FBI para investigar o caso com a intenção de censurar o uso da capa de “Virgin Killer”. Contudo, a ação foi encerrada com o argumento de que nenhuma lei foi violada. 

No Reino Unido, o caso se desdobrou pouco tempo depois, mais especificamente no dia 5 de dezembro do mesmo ano. Diversos provedores britânicos bloquearam a página do álbum na Wikipédia devido a uma série de denúncias de “conteúdo indecente”. A Internet Watch Foundation (IWF) tomou frente das ações, colocando o link em uma espécie de “lista negra” que era utilizada para filtragem por outras plataformas.

Dessa forma, muitos usuários britânicos que tentavam acessar a página de “Virgin Killer” na Wikipédia em inglês se deparavam com a seguinte mensagem de erro:

Apesar disso, a IWF não pôde interferir efetivamente na circulação do conteúdo, já que a URL era hospedada no exterior. Uma análise jurídica foi realizada, sem desdobramentos. A Wikimedia, responsável pelo site, se pronunciou e afirmou que o artigo não apresentava conteúdo ilegal. 

O link foi retirado da “lista negra” da IWF dois dias depois. A instituição também disse que não faria o mesmo com nenhuma outra cópia da arte da capa na internet.

Nos dois países em questão, o álbum chegou às prateleiras na época do lançamento com o encarte original coberto por plástico preto, sendo visíveis apenas o nome do grupo e o título do trabalho. A capa com imagem da garota nua segue na página em língua inglesa do disco na Wikipédia. 

A opinião da banda sobre a capa

Em 2016, a opinião dos membros do Scorpions sobre a polêmica capa de “Virgin Killer” foi revelada pelo livro “Wind of Change – A História do Scorpions”, de Martin Popoff. De acordo com Francis Buchholz, ex-baixista do grupo, a equipe criativa foi responsável pela escolha da imagem que teria sido aprovada inocentemente pelos músicos. 

“O gerente de A&R e o departamento de arte surgiram com uma ideia: sugeriram a foto de uma menina linda, mas nua, sobrinha de um dos caras do departamento ou algo assim. Acho que ela devia ter uns 13 anos. Na época, eu não conhecia ninguém que já tivesse ouvido falar em ‘pornografia infantil’ nem conhecia essa expressão. Inocentes e sem nenhum pensamento ruim, a gente achou a ideia ótima. Havia apenas a necessidade do vidro quebrado para cobrir a genitália daquela menina. Embora a coisa toda fosse extremamente questionável, o álbum foi lançado, e ninguém na Alemanha implicou com isso.”

Na publicação, o frontman Klaus Meine admitiu sentir vergonha da foto usada — e também terceirizou a culpa. 

“A primeira coisa que me vem à mente é a vergonhosa capa. Ela não era nada que fizesse você querer chegar em casa e mostrar aos seus pais. Era simplesmente vergonhosa. Mais do que ninguém, foi a gravadora, o cara que estava à frente da RCA na época que mexeu os pauzinhos visando a que a gente atraísse esse tipo de atenção com uma capa escandalosa. Não é uma capa da qual tenhamos orgulho.”

Scorpions e “Virgin Killer”

Lançado em 22 de novembro de 1976, “Virgin Killer” teve um desempenho comercial fraco na América do Norte e Europa, mas vendeu bem no Japão, país onde o Scorpions começava a construir uma base sólida de fãs. A sonoridade prosseguia a transição dos elementos psicodélicos dos primórdios para o hard rock que os consagraria posteriormente.

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