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Como turnê do “The Wall” foi divertida e complicada para David Gilmour

Excursão foi a última da banda com Roger Waters no comando, além de um dos primeiros megaespetáculos conceituais da indústria

Se o álbum “The Wall”, do Pink Floyd, já era uma produção megalômana, a turnê não poderia ficar para trás. Tendo consciência disso, Roger Waters criou um conceito todo especial, que desenvolvia uma trama em pleno palco tendo o muro como figura central – ele ia se construindo até encobrir toda a banda e o show em si.

Os shows já contavam com o tecladista Richard Wright apenas como músico contratado, após ter sido demitido pelo baixista e vocalista. Ele só retornaria no final dos anos 1980, já com David Gilmour tendo se tornado o terceiro líder da história da banda – uma “ditadura benevolente”, como o próprio já se definiu em entrevistas do passado.

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O guitarrista compartilhou suas memórias sobre o período em entrevista de 1993, recentemente resgatada pela revista Guitar World.

“Para mim, o show ‘The Wall’ foi muito divertido e uma grande conquista. Mas eu tive que assumir o papel de diretor musical, se assim podemos chamar. Tive que lidar com um monte de coisas puramente mecânicas no palco para que Roger não tivesse que pensar nelas. Eu tinha uma enorme planilha em meus amplificadores, porque tínhamos todas essas sugestões surgindo nos monitores ou na tela. Eram diferentes configurações que eu tinha que transmitir com equipamentos muito primitivos para todas as linhas de delay no palco. Muito complicado.”

O aspecto também trouxe uma questão que modificou toda a característica da banda ao vivo: por conta de toda a roteirização, acabou o espaço para improvisações.

“Depois que você supera a satisfação com o quão inteligente era e como tudo funcionava maravilhosamente, praticamente não havia momentos, exceto no solo de ‘Comfortably Numb’, em que você podia dizer: ‘Esqueça, apenas exploda. Manda ver.’ Tendo dito tudo isso, porém, devo acrescentar que gosto de estrutura. Gosto muito de melodia, sou um grande fã dos Beatles e quase tudo que amo – como o blues – é altamente estruturado. Forma totalmente livre não é minha coisa. Mas a estrutura totalmente rígida também não é.”

Roger Waters fora do Pink Floyd

Embora tenha gravado mais um álbum – “The Final Cut” (1983) –, Roger Waters deixou o Pink Floyd sem ter feito outra turnê. Ele só se reuniria com os antigos colegas em 2005, durante o festival beneficente Live 8.

E não, não deve haver outro reencontro no futuro. Se havia algum resquício de esperança, o conflito na Ucrânia acabou de sepultar.

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João Renato Alves
João Renato Alveshttps://twitter.com/vandohalen
João Renato Alves é jornalista graduado pela Universidade de Cruz Alta (RS) e pós-graduado em Comunicação e Mídias Digitais. Colabora com o Whiplash desde 2002 e administra as páginas da Van do Halen desde 2009. Começou a ouvir Rock na primeira metade dos anos 1990 e nunca mais parou.

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