Black Flag e L7 fazem shows completos para alegria dos fãs em Porto Alegre

Sem redução nos setlists, bandas californianas desfilaram longos repertórios baseados especialmente em seus clássicos

Noite de quarta-feira (25) em Porto Alegre e o palco do Opinião — lendária casa de shows que comemora nessa semana seus 40 anos de existência — recebe um encontro mais do que especial. Em turnê pelo Brasil e com a visita motivada pelo festival Maranhão Open Air (cancelado no último dia 11), Black Flag e L7 foram as atrações da noite na emblemática casa de shows da capital gaúcha.

Com a promessa de ficar na memória do público, a dobradinha — que já havia acontecido em Curitiba e Ribeirão Preto e seguirá no domingo para o Rio de Janeiro antes do Black Flag fazer data solo em São Paulo — fez escala na capital gaúcha apresentando seus shows completos.

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Foto: Billy Valdez | Coletivo Catarse

L7: sujo, pesado e arrebatador

Após um pequeno atraso de pouco mais de 25 minutos, as luzes se apagam para a entrada da L7. De volta a Porto Alegre após cinco anos, Donita Sparks (vocal e guitarra), Suzi Gardner (vocal e guitarra), Jennifer Finch (vocal e baixo) e Dee Plakas (bateria) chegaram com tudo já na abertura arrebatadora: “Deathwish” e “Andres” abriram o set com uma ótima performance da banda que é, prontamente, acompanhada pelo público. Completando o clima de celebração, toda a pista vem com a banda cantando cada refrão.

Foto: Billy Valdez | Coletivo Catarse

O que já estava bom passou a melhorar com a entrada no repertório das faixas do clássico álbum “Bricks Are Heavy”, de 1992: “Everglade” pôs o Opinião abaixo. O riff simples e certeiro foi sufocado pelo canto do público. Era apenas a primeira de muitas vezes em que isso aconteceu.

“Bricks Are Heavy”, cabe destacar, respondeu por oito das 23 canções do set. As demais se dividiram quase que irmãmente entre os demais trabalhos da banda.

Com todo o carisma que lhe é peculiar, a L7 interagiu com o público de forma bem-humorada. Destaque para Suzi Gardner dizendo que “essas palhetas não dão em árvores”, em resposta aos pedidos incessantes do público por uma lembrança do show ou com o bullying entre si, falando que vão se fantasiar umas das outras no Halloween, o que arrancou risos.

Foto: Billy Valdez | Coletivo Catarse

Conhecida por sua atitude ousada e suas letras incisivas, a banda não decepcionou em nenhum momento. Sobrou até para o ex-presidente dos Estados Unidos Donald Trump, definido como “a real a**hole” antes de “American Society”, cover de Eddie and the Subtitles.

Os pontos altos, como não poderia deixar de ser, ficaram por conta dos singles que foram exaustivamente exibidos pela MTV Brasil. Além da já citada “Everglade”, “Monster”, “Diet Pill”, “Shitlist” e “Pretend We’re Dead”, maior sucesso comercial da L7, foram as canções mais bem recebidas.

Foto: Billy Valdez | Coletivo Catarse

Não houve surpresas no repertório nem na dedicação da L7 no palco. A única diferença para o repertório de Curitiba foi uma pequena troca de posições entre “Pretend We’re Dead” e “Dispatch From Mar-a-lago”, que antecederam “Shitlist”.

O encerramento ficou por conta de “Fast and Frightening”. Após pouco mais de 70 minutos de um show sem enrolação, a L7 se despede depois de deixar claro o porquê de ter marcado uma época como a grande banda feminina dos anos 1990.

Foto: Billy Valdez | Coletivo Catarse

Repertório — L7:

  1. Deathwish
  2. Andres
  3. Everglade
  4. Scrap
  5. Shove
  6. Stadium West
  7. One More Thing
  8. Mr. Integrity
  9. Slide
  10. Can I Run
  11. Human
  12. Bad Things
  13. Monster
  14. Fuel My Fire
  15. Fighting the Crave
  16. Drama
  17. Non-Existent Patricia
  18. Wargasm
  19. Dispatch From Mar-a-Lago
  20. Pretend We’re Dead
  21. Shitlist

Bis:

  1. American Society (Eddie and the Subtitles cover)
  2. Fast and Frightening

Black Flag: força bruta e importância histórica

Toda a familiaridade do repertório da L7 foi bruscamente substituída pela força bruta do Black Flag. Após um rápido intervalo para troca, a banda expoente do punk subiu ao palco para comemorar os 40 anos do clássico álbum “My War”. E foi a faixa-título a responsável pelo pontapé inicial.

Foto: Billy Valdez | Coletivo Catarse

A apresentação se dividiu em dois atos. o primeiro respeitou o repertório do álbum homenageado. Destaque para a versão estendida de “Can’t Decide” e seus inacreditáveis oito minutos – uma epopeia para os termos do Black Flag e para a faixa de abertura. Também foram muito bem-recebidas pelo público presente.

Já completamente encharcado pelo próprio suor, o vocalista anunciou o intervalo: “vamos para um pequeno break e em breve voltaremos”. Passados dez minutos, o que se viu foi uma enxurrada de clássicos: na a trinca “Nervous Breakdown”, “Fix Me” e “I’ve Had It” abriram grandes rodas de pogo na pista.

Direto e sem firulas, o show do Black Flag segue à risca a cartilha do punk que eles mesmos ajudaram a criar. Bateria, baixo, guitarra e vocal mandando ver.

Foto: Billy Valdez | Coletivo Catarse

Foi assim com “Black Coffee”, “Gimmie, Gimmie, Gimmie” e “Six Pack”, um dos maiores clássicos do grupo. O set se encaminhou para o encerramento com “TV Party” e “Rise Above”, que antecederam o cover de Richard Berry, “Louie Louie”, que vem fechando os shows da atual turnê.

Foto: Billy Valdez | Coletivo Catarse

O show do Black Flag no Opinião foi uma celebração do legado da banda e do poder duradouro do punk rock. Se a excelência técnica não deu as caras, tudo foi compensado com energia e autenticidade, predicados que o Black Flag tem de sobra.

Repertórios que garantem a noite

Muitos foram os shows punk que ajudaram a construir a história do Opinião. Marky Ramone esteve ali semanas atrás. NOFX, Bad Religion, Buzzcocks, Ratos de Porão, Dead Fish e muitos outros figuraram como atração levando o punk rock e o hardcore ao público gaúcho.

Porém, na última quarta (25), munidos de repertórios que garantem por si só uma apresentação ao vivo e carregando consigo espaços relevantes na história, Black Flag e L7 superaram as expectativas em quase três horas de espetáculo. Como a cereja do bolo, após o show, os integrantes do Black Flag desceram para a pista, conversaram com o público e, logicamente, posaram para algumas fotos.

Uma noite incrível, pra ficar marcada na história de Porto Alegre e do Opinião.

Foto: Billy Valdez | Coletivo Catarse

Repertório — Black Flag:

  1. Black
  2. My War
  3. Can’t Decide
  4. Beat My Head Against the Wall
  5. I Love You
  6. Forever Time
  7. The Swinging Man
  8. Nothing Left Inside
  9. Three Nights
  10. Scream
  11. Nervous Breakdown
  12. Fix Me
  13. I’ve Had It
  14. Wasted
  15. Jealous Again
  16. No Values
  17. Black Coffee
  18. Gimmie Gimmie Gimmie
  19. Six Pack
  20. Depression
  21. In My Head
  22. I Can See You
  23. Room 13
  24. Revenge
  25. TV Party
  26. Rise Above
  27. Louie Louie (Richard Berry cover)

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Marcel Bittencourt
Marcel Bittencourthttps://igormiranda.com.br/
Marcel Bittencourt é jornalista musical, produtor musical e baixista da banda Hit the Noise. Esteve presente em mais de 600 shows, sendo mais de 200 na qualidade de repórter dos hoje extintos sites PoaShow e Rockbox, dos quais também foi editor. Nas horas vagas joga poker e espalha a palavra dos suecos do Hellacopters.

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