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Como gravadoras impediram Buddy Guy de fazer sucesso, segundo o próprio

Foi preciso que Jimi Hendrix e Eric Clapton fizessem sucesso para ele ter ao menos a chance de tocar como queria em seus discos

Um dos maiores guitarristas da história, Buddy Guy serviu como influência para uma legião de nomes lendários no instrumento, incluindo Jimi Hendrix e Eric Clapton. Entretanto, o músico teve muita dificuldade de se estabelecer como um nome comercialmente bem sucedido, só atingindo o estrelato aos 55 anos, com “Damn Right, I’ve Got the Blues” (1991).

Em entrevista à Guitar World, Buddy discutiu os diversos fatores que levaram a essa obscuridade prolongada. Ele afirma:

“Eu sempre fui quieto. Lembro de entrar no estúdio com esses caras doidos e barulhentos, todos eles gritando. Eles me botaram num canto, e quando era hora de tocar, eu tocava. E quando era hora de aprender, eu aprendia.”

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Guy se estabeleceu inicialmente como um músico de estúdio associada à lendária Chess Records, gravadora responsável por transformar o blues e R&B de Chicago em uma febre mundial. Entretanto, o guitarrista não recebia crédito por seu trabalho nos discos, sendo referido apenas como “Friendly Chap” [“Cara amigável”]. 

Perguntado se isso era feito para não tirar o holofote do artista principal, Buddy respondeu:

“Acho que sim. Aqueles caras eram os hitmakers. Eles tinham contratos grandes, eram as estrelas, sabe? Meu trabalho era apoiá-los. Não queriam que a atenção fosse para mim. Queriam que eu os apoiasse e adicionasse o que precisavam para a gravação. Nada além disso. E quando os discos saíam, ninguém queria o nome de Buddy Guy no encarte. Não senhor. Então tiveram a ideia de me chamar de algo diferente, então me chamaram de ‘Friendly Chap’. Acho que os irmãos Chess inicialmente esperavam que ninguém descobriria quem eu era se me chamasse assim. [Risos]”

Buddy Guy e mais problemas com gravadora

Quando finalmente teve a oportunidade de gravar discos solo, com o selo Cobra, Buddy Guy foi novamente vítima de pessoas o impedindo de ser quem ele era. O guitarrista contou:

“Eu queria aumentar o volume e dar um pouco de energia. Mas eles não estavam prontos para isso. E eu entendo, porque tiveram tantos discos de sucesso fazendo daquele jeito. Alguém como eu provavelmente os assustava. Mas nunca vou esquecer de algo que aconteceu nos anos 60, quando os irmãos Chess mandaram o velho Willie Dixon pra minha casa sob as ordens: ‘pegue aquele moleque e traga ele pra cá’.

E quando eu cheguei lá, eles me fizeram ir ao escritório deles, e tudo que eu pensava era: ‘É… eles vão se livrar de mim, consegui me ferrar’. Mas eles disseram: ‘Buddy eu quero que você dê uma surra na gente’. E eu falei: ‘Por quê? Qual o problema com vocês?’ E aí eles tocaram uns licks do Jimi Hendrix e do Eric Clapton para mim e falaram: ‘Buddy, eles tiraram essas coisas de você’.”

Clapton sempre foi um fã de carteirinha de Buddy Guy. O “Slowhand” diz em entrevistas que sua mudança de guitarras Gibsons para a Fender Stratocaster foi motivada pelo fato do músico americano ter tocado uma no álbum “Folk Festival of the Blues”, de 1963.

“Damn Right, I’ve Got the Blues”

Demorou, mas eventualmente todo mundo veio a descobrir quem Buddy Guy era. Em 1991, o disco “Damn Right, I’ve Got the Blues” se provou o deslanche comercial do guitarrista, que tinha 55 anos de idade. Sobre o sucesso do álbum, o músico falou:

“Foi complicado, porque ‘Damn Right, I’ve Got the Blues’ foi gravado quando eu tinha 55 anos. Eu tinha me acostumado às coisas serem como era, nunca esperava que algo grande fosse acontecer. Eu vim do nada. Ver ‘Damn Right, I’ve Got the Blues’ ter tanto sucesso, tudo que eu podia pensar era: ‘bem… antes tarde do que nunca’. E eu tenho vivido sob esse lema desde então.”

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Pedro Hollanda
Pedro Hollanda
Pedro Hollanda é jornalista formado pelas Faculdades Integradas Hélio Alonso e cursou Direção Cinematográfica na Escola de Cinema Darcy Ribeiro. Apaixonado por música, já editou blogs de resenhas musicais e contribuiu para sites como Rock'n'Beats e Scream & Yell.

1 COMENTÁRIO

  1. Não sei se foi bem assim não. Guy já era bem conhecido antes de 91. E essa coisa de influência. Esse papo rola na música como forma de enaltecer influenciado e influenciador, mas na real Clapton e Hendrix tem absolutamente nada a ver com guy. Pra o grande mérito de guy é tocar blues. Não tem tears in heaven ou fox lady ou loves como to toem ou soul ou pop. O cara manda blues de 12 compassos quase que o tempo todo. E talvez isso tenha sido tb o que o levou a ser menos conhecido do que deveria. Blues não é comercial. Além disso, teve a onda com o Junior wells que não cantava tão bem qto guy, mas parece que guy gostava de ter um tempo ali atrás só na guita. Enfim, guy sempre foi foda, mas não acho que o tenham ferrado.

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