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A história do comercial que deixou Michael Jackson com queimaduras

Cabeça do rei do pop ficou em chamas durante alguns segundos e deixou sequelas para o resto de sua vida

Até mesmo quem é um fã de carteirinha de Michael Jackson pode se esquecer que o rei do pop se envolveu em um acidente sério no início dos anos 1980: ele queimou, com certa gravidade, seu couro cabeludo durante as gravações de um comercial para a marca de refrigerantes Pepsi.

O trabalho era parte do acordo firmado entre a empresa e o artista, que se tornou o mais valioso da história até então. Devido ao acidente, Jackson teve de conviver com algumas sequelas para o resto da vida – uma delas, de certa forma, até influenciou em sua morte, ocorrida em 2009.

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A seguir, vamos contar alguns detalhes sobre este fato na carreira de Michael e suas consequências, tanto para o astro quanto para a própria marca de refrigerantes.

Parceria entre Michael Jackson e Pepsi

Meses antes da gravação do comercial, o nome de Michael Jackson nunca esteve tão em alta. Na época, fazia pouco tempo que ele tinha lançado “Thriller”, que se tornou o disco mais vendido da história. Por consequência, o astro passou a ser visado por grandes marcas – mesmo cientes que teriam de desembolsar uma bela grana para contratá-lo.

Quem decidiu bancar o rei do pop foi justamente a Pepsi, em um acordo que envolvia não apenas o próprio Michael, mas também seus irmãos, que se apresentavam com ele na época do Jackson 5 e ainda mantinham o grupo, agora com o nome The Jacksons. O cachê era de US$ 5 milhões – o maior firmado entre uma empresa e um artista até então.

O acordo previa que o astro e seus irmãos gravariam comerciais para a campanha “New Generation”, voltada para crianças e adolescentes. Em troca, a marca da Pepsi seria exibida nas apresentações ao vivo do álbum “Victory”, novo trabalho da família que estava em gravação, e deveriam contar com a presença de Michael. Para garantir o sucesso da campanha, a empersa de bebidas contratou a agência de publicidade BBDO, que era a mais importante dos Estados Unidos.

O primeiro comercial foi gravado dias depois do acordo ser assinado e mostrou Michael Jackson interagindo com um grupo de adolescentes. Um dos participantes da gravação foi o ator Alfonso Ribeiro, que anos mais tarde interpretou o personagem Carlton na série “Um Maluco no Pedaço”.

Além disso, Michael escolheu a canção “Billie Jean” – com os versos modificados – para ser o single da campanha, que seria veiculada ao longo de 1984.

Com o sucesso do primeiro comercial, a Pepsi logo decidiu que ele teria uma “continuação”. As gravações foram agendadas para o final de janeiro de 1984, em Los Angeles.

O início das gravações

Para o novo comercial, a ideia era mostrar Michael Jackson e seus irmãos em uma apresentação fictícia, com um banner da Pepsi no fundo do cenário. Por conta disso, em torno de 3 mil figurantes foram contratados e seriam o “público” deste “show”.

O primeiro dia de gravações não começou muito bem. O motivo é que Michael queria gravá-lo com um par de óculos escuros, algo que dificultaria o reconhecimento por parte do público. Phil Dusenberry, presidente da BBDO, não gostou da ideia e ameaçou cancelar a gravação se o astro não tirasse o acessório.

Em um primeiro momento, Jackson se negou a tirar os óculos e não quis sair do seu trailer, o que atrasou o início das gravações por algumas horas. No entanto, acabou cedendo.

Como aconteceu o acidente com Michael Jackson

Os três primeiros dias de gravações ocorreram sem nenhum tipo de problema. No entanto, foi no quarto dia, 27 de janeiro, que aconteceu o acidente que mudou a vida de Michael Jackson.

Neste dia, a ideia era fazer o cantor entrar no palco dançando e com faíscas ao fundo, que seriam acionadas assim que ele desse alguns passos por questão de segurança. Os primeiros cinco takes da cena ocorreram sem grandes problemas.

O acidente ocorreu no sexto take. As faíscas foram acionadas antes da hora, com o rei do pop muito próximo delas. Para piorar a situação, o cantor ainda havia aplicado em seu cabelo produtos que também eram inflamáveis

Não deu outra: as faíscas atingiram o cabelo do rei do pop e sua cabeça começou a pegar fogo. Por incrível que pareça, Michael Jackson continuou se apresentando normalmente.

O rei do pop ficou com a cabeça em chamas por aproximadamente dez segundos até os membros de sua equipe correrem para ajudá-lo a apagar o fogo. Todo o momento foi registrado pelas câmeras, que você pode conferir abaixo.

As consequências do acidente para o astro

As gravações restantes do dia foram canceladas e Michael Jackson foi encaminhado, primeiro, ao hospital Cedars-Sinai. Depois, foi levado para o Brotman Medical Center, especializado no tratamento de vítimas de queimaduras, onde passou alguns dias internado.

A maquiadora Karen Faye, que trabalhou com o rei do pop por 27 anos e estava presente no momento, deu uma dimensão da gravidade do acidente.

“Nunca tinha visto algo do tipo em minha vida. Era alguém que conhecia que estava pegando fogo. Ele perdeu todo o cabelo e dava pra ver a fumaça saindo de sua cabeça.”

Faye ainda revelou que Michael afirmou, para ela, que continuou se apresentado, mesmo com a cabeça em chamas, porque “não queria desapontar o público”.

Jackson sofreu queimaduras de segundo e terceiro graus em seu couro cabeludo. Steven Hoefflin, o médico que atendeu o cantor, disse que o rei do pop ficou “bem abalado” ao notar que as lesões afetaram uma área significativa de sua cabeça.

A Pepsi decidiu pagar uma compensação de US$ 1,5 milhão ao cantor pelo acidente. Michael Jackson optou por doar o dinheiro para o Brotman Medical Center como forma de agradecimento pelos dias em que ficou internado no local.

Inclusive, durante o período de internação, o astro se solidarizou com os demais pacientes do hospital – que passaram pela mesma situação – e fez questão de cumprimentá-los e trocar algumas palavras com eles. 

Sequelas para o resto da vida

Após alguns dias, Michael Jackson foi liberado do centro médico. No entanto, o acidente deixou algumas sequelas para o resto de sua vida.

O cantor ficou com várias cicatrizes na cabeça e passou a sofrer com calvície. Por conta disso, o rei do pop começou a usar perucas e chegou a implantar cabelo artificial, o que foi revelado durante sua autópsia.

Além disso, ele teve de retornar ao Brotman Medical Center algumas vezes, onde realizou cirurgias para reconstruir seu couro cabeludo.

No entanto, a pior “cicatriz” do acidente na vida do astro foi o vício em analgésicos. Jackson teve de usá-los para conseguir dormir durante sua internação e tratamento, ficando dependente deles para o resto de sua vida.

O próprio cantor admitiu que o vício surgiu por conta do acidente.

“Após uma grande cirurgia reconstrutiva no meu couro cabeludo, me tornei cada vez mais dependente de analgésicos para conseguir seguir com meus dias de turnê.”

Há até quem diga que o incidente, de forma indireta, contribuiu para o falecimento do cantor em 2009. Vale lembrar que a causa de sua morte foi uma intoxicação aguda de diversos medicamentos para dormir.

Naturalmente, em outros comerciais gravados para a Pepsi, Jackson não aceitou mais trabalhar com pirotecnia e pediu para que faíscas e coisas do tipo fossem criadas com efeitos especiais. 

E o que aconteceu com a Pepsi?

Se você pensou que o acidente afetou negativamente a imagem da Pepsi (ainda mais envolvendo o nome de uma estrela mundial), se enganou totalmente.

Nos dias posteriores ao acidente, a marca de refrigerantes viu seu nome parar nos mais diversos tipos de mídia e era mencionado por jornalistas de todo os Estados Unidos.

Algum tempo mais tarde, a BBDO realizou uma pesquisa de mercado na qual descobriu que o reconhecimento do público sobre a marca aumentou 24% por conta do acidente. Além disso, as vendas dispararam nos meses seguintes.

Se você também achou que o comercial foi cancelado, pensou errado: a BBDO já tinha material suficiente para poder editá-lo. Após seu lançamento, a peça publicitária ganhou diversos prêmios.

O fato não afetou nem mesmo a relação entre Michael Jackson e a Pepsi: a marca pagou o dobro (US$ 10 milhões) para patrocinar a turnê de divulgação do álbum “Bad”, o primeiro disco do rei do pop desde “Thriller”. A parceria só foi encerrada após as primeiras acusações de abuso sexual contra o cantor, que resultaram no cancelamento de várias apresentações de “Dangerous” – igualmente patrocinada pela marca

*Texto construído com informações dos sites Wikipédia, Yahoo!, Medium, Calendar Songfacts e Aventuras na História.

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    Augusto Ikeda
    Augusto Ikedahttp://www.igormiranda.com.br
    Formado em jornalismo pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU). Atua no mercado desde 2013 e já realizou trabalhos como assessor de imprensa, redator, repórter web e analista de marketing. É fã de esportes, tecnologia, música e cultura pop, mas sempre aberto a adquirir qualquer tipo de conhecimento.

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