Os artistas britânicos dos anos 1960 influenciaram diretamente a sonoridade do Rush, formado no fim daquele período. Certo guitarrista desempenhou um papel importante nesse quesito, não só para a banda como um todo, mas sobretudo para o vocalista, baixista e tecladista Geddy Lee, que o considerava o maior de todos os tempos.
Em declaração de 2009 à revista Guitar World (via Rock and Roll Garage), Lee elegeu Jeff Beck como o seu guitarrista favorito da história. Ele também comentou como especificamente as faixas “Shapes of Things” (a versão com os vocais de Rod Stewart) e “I Ain’t Superstitious”, ambas lançadas pelo Jeff Beck Group no álbum “Truth” (1968), ajudaram a moldar o som de seu grupo.
“Se eu tivesse que escolher meu guitarrista favorito de todos os tempos, provavelmente seria Jeff Beck. Alguém já tocou melhor do que ele alguma vez? Acho que ‘I Ain’t Superstitious’ foi sua primeira grande música, a primeira vez em que você ouvia algo e sabia que era dele. Ele foi um pioneiro incrível, com um estilo incrível.”
Outra canção que inspirou os músicos foi “Over Under Sideways Down”, lançada em 1966 pelo Yardbirds, que teve Beck na formação. Ainda para a Guitar World, o integrante do Rush destacou o trabalho do guitarrista no grupo mencionado:
“Nessa música, Jeff Beck, mais uma vez, toca uma das linhas de guitarra mais originais de todos os tempos. É muito difícil tocar essa faixa. Ela captura o essencial do estilo oriental sem imitar a música indiana.”
No EP de covers “Feedback” (2004), o Rush regravou duas canções do Yardbirds: “Heart Full of Soul” e “Shapes of Things”, originalmente lançada pela banda e, depois, como citado, pelo The Jeff Beck Group.
Sobre Jeff Beck
Nascido em 24 de junho de 1944, em Wallington, Surrey, na Inglaterra, Geoffrey Arnold Beck envolveu-se com a música inicialmente cantando em um coral de igreja. Ao conhecer o trabalho de outro revolucionário da guitarra, Les Paul, ficou impressionado e se apaixonou pelo instrumento. Porém, só começou a tocar mesmo na adolescência.
No início da vida adulta, transitou por uma série de bandas em Londres. Em 1965 juntou-se ao Yardbirds na vaga deixada por Eric Clapton. Ficou apenas um ano, período em que a banda lançou seus maiores hits. A passagem acabou mal, já que ele foi demitido por constantemente não aparecer para os shows.
Em 1967, foi a vez de arriscar-se como dono de banda: o Jeff Beck Group, com Rod Stewart nos vocais, Ronnie Wood no baixo e Micky Waller na bateria. Os primeiros álbuns do projeto, “Truth” (1968) e “Beck-Ola” (1969), são citados como fundamentais para o desenvolvimento do heavy metal. Foi considerado para substituir Syd Barrett no Pink Floyd, mas ninguém na banda teve coragem de convidá-lo.
Com o fim da formação inicial de seu próprio grupo, montou o Beck, Bogert & Appice e seguiu trabalhando em carreira solo, além de uma nova configuração do Jeff Beck Group. Explorou não apenas as já conhecidas influências do blues e rock, como também da soul music, incluindo colaborações com Stevie Wonder.
Na década de 1980, Beck restringiu seu trabalho a apenas algumas aparições em shows beneficentes. Retornou de vez com o álbum “Flash” e também se reuniu com Rod Stewart. A partir dos anos 1990, reduziu o ritmo de sua carreira, com idas e vindas e longos hiatos entre seus álbuns. Entre suas colaborações nas décadas de 1980 e 1990, estão registros com Mick Jagger, Jon Bon Jovi, Buddy Guy, Tina Turner, Seal, Duff McKagan, Brian May e ZZ Top.
Seu último trabalho completo foi “18”, uma colaboração com o ator e também músico Johnny Depp. Saiu em julho do ano passado e reuniu majoritariamente covers de artistas como Beach Boys, Marvin Gaye e The Velvet Underground. Participou também de “Patient Number 9”, álbum solo mais recente de Ozzy Osbourne, gravando guitarra em duas músicas: a faixa-título e “A Thousand Shades”. Em janeiro último, ele faleceu aos 78 anos de idade após contrair meningite bacteriana.
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