O Mayhem tem planos de encerrar a sua turnê latino-americana de 2023 no Brasil, em Porto Alegre e Brasília, respectivamente nos dias 21 e 22 de março. Na capital do Rio Grande do Sul, os ingressos para o show no Bar Opinião já estão no quarto lote. Mas, se depender do deputado estadual Leonel Radde (PT-RS), a apresentação não vai acontecer.
Pelo Twitter, o político descreveu o Mayhem como “banda neonazista da Noruega” e, em um vídeo com fotos, expressou sua indignação ao saber da passagem do grupo por território brasileiro. Por isso, como explicou, comunicou as “autoridades responsáveis” e disse esperar o cancelamento do evento pelo Opinião e pela produtora Ablaze.
Ele afirmou:
“Pode-se dizer que a banda é abertamente neonazista, utilizando símbolos do nazismo e do neonazismo norueguês. No logo, tem uma cruz gamada adaptada e também a roupa de um dos integrantes tem as famosas totenkopf, que são as caveiras da SS nazista. Nós estamos levando o caso para as autoridades responsáveis e esperamos que o bar Opinião e a produtora cancelem esse show porque nós não podemos aceitar neonazistas em território brasileiro, gaúcho e também porto alegrense. Fascistas não passarão em nenhum lugar do mundo.”
Leonel utilizou como base para o registro as informações compartilhadas pelo professor de Filosofia e pesquisador Renato Levin-Borges (via Revista Fórum). Em um recente tweet, o educador criticou as atitudes do baterista da banda, Hellhammer, e cobrou do Bar Opinião um posicionamento, contando também que diversas denúncias de indivíduos e coletivos antifascistas chegaram até ele.
“O baterista Hellhammer já se declarou contra a ‘mistura de raças’, apareceu já com suástica no braço e costumavam ensaiar em estúdio cheio de totenkopf nazis. E aí, Opinião?”
Opiniões divididas
Na área de resposta aos tweets, há quem apoie a iniciativa, relembrando polêmicas envolvendo o Mayhem – como o suicídio do vocalista Dead e o assassinato do guitarrista Euronymous por Varg Vikernes, do Burzum.
Também tem quem discorde. Uma fã declarou:
“Leonel, você está errado. Me desculpa. Eu tenho esse CD que mostra o Hellhammer, o baterista da banda, e essa suástica é editada. E sobre a camisa da banda, você usou imagem do site TShirt Slayer. Eles não são oficiais. Qualquer um pode fazer estampa com o desenho que quiser. “
Seguindo a mesma linha, outro perfil categorizou as queixas como falsas:
“Mayhem não é nazi. Existem bandas declaradamente nazi no cenário do black metal, Mayhem definitivamente não é uma delas.”
O caso Hellhammer
Jan Axel Blomberg, conhecido artisticamente como Hellhammer, entrou para o Mayhem em 1988. No livro “Lords of Chaos: A Sangrenta História do Metal Satânico Underground” — lançado pela primeira vez em 1998 a respeito da história do Black Metal norueguês —, o baterista disse que o “black metal é para pessoas brancas” (via AV Club).
Já em 2004, em entrevista ao site ThyDoom, a declaração foi outra:
“Eu não dou a mínima se os fãs são brancos, pretos, verdes, amarelos ou azuis. Para mim, música e política não andam de mãos dadas.”
Sobre o Mayhem
Um dos principais nomes da cena black metal em todo o mundo, o Mayhem divulga o EP “Atavistic Black Disorder / Kommando”, lançado em 2021 e o single “Bad Blood”, do ano seguinte. Os trabalhos contam com material das sessões de “Daemon”, álbum mais recente da banda, disponibilizado em 2019.
A formação atual conta com o baixista original Necrobutcher. Ele é acompanhado pelo vocalista Attila Csihar, o baterista Hellhammer e os guitarristas Teloch e Ghul.
A última passagem do Mayhem pelo Brasil aconteceu em novembro do ano passado, no Open the Road Festival em São Paulo e no Maranhão Open Air em São Luís.
Além de Porto Alegre e Brasília, o itinerário da atual turnê pela América Latina inclui México, Guatemala, Costa Rica, Chile e Argentina.
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