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Duas resenhas sobre “This is Why”, novo álbum do Paramore

Colaboradores Pedro Hollanda e Tairine Martins apresentaram suas reflexões sobre o sexto álbum de estúdio da banda americana

Uma falha de comunicação fez com que dois colaboradores do site escrevessem suas impressões a respeito de “This is Why”, o novo álbum do Paramore. No fim das contas, o acidente gerou duas resenhas interessantes sobre um dos discos mais aguardados do ano.

Em ordem alfabética, Pedro Hollanda e Tairine Martins contam o que acharam de “This is Why”

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“This is Why”, por Pedro Hollanda

Paramore retorna sem olhar para o passado em “This is Why”

Seis anos se passaram desde “After Laughter”, último álbum de estúdio do Paramore. À época o lançamento mais pop do grupo, apontava uma sonoridade inspirada pelo synthpop oitentista que veio a dominar a segunda metade dos anos 2010, mas a banda formada por Hayley Williams (voz), Taylor York (guitarra) e Zac Farro (bateria) não estão mais interessados no passado. Ou, ao menos, esse tipo de passado.

“This is Why” é, especialmente em comparação ao antecessor, o trabalho mais experimental do Paramore. No período de hiato do grupo, Hayley Williams se aventurou em uma sonoridade mais experimental na estreia solo “Petals for Armor” (2020). Serviu como reorganização das influências formativas da cantora – e quando chegou a hora de retornar à matriz, essa mentalidade exploratória se manteve.

Williams discutiu antes do lançamento a influência de grupos indie dos anos 2000, como o Bloc Party. Os ritmos do Paramore agora estão mais quebrados, as guitarras mais angulares, mas os ganchos continuam afiados. Um dos grandes trunfos da vocalista é sua capacidade não só de compor melodias cativantes, mas saber usar o instrumento magnífico que é sua voz de maneiras inesperadas.

Em “This is Why” ela torce, estica e transforma sua voz em um recurso musical além do tradicional. E a constante tensão criada por essa manipulação vocal é refletida nas letras. Williams canta constantemente sobre a batalha de tentar melhorar como pessoa enquanto pulsões incentivam comportamento autodestrutivo. Tome o terceiro single “C’est Comme Ça”, que tem a estrofe:

“I know that regression is rarely rewarded; I still need a certain degree of disorder; I hate to admit getting better is boring; But the high cost of chaos, who can afford it?”

Em “You First”, Hayley é ainda mais direta, cantando:

“Living well is not my kind of revenge; You should take it from me; Living well is just a privilege; Thought I’d simmer down as I got older; Can’t shake the devil sitting on my shoulder”

Considerando o passado do Paramore e as brigas entre ex-integrantes, a banda parece estar num lugar melhor hoje do que em qualquer momento de sua existência. Mas “This Is Why” os mostra não só conscientes do crescimento, mas também da possibilidade de recaída a qualquer momento. O resultado de comprender essa tensão rendeu um baita álbum.

“This is Why”, por Tairine Martins

“This is Why” é a prova de que o Paramore ainda lembra o caminho para o rock

Consagrada no pop punk e recolhida após um álbum apoiado no new wave oitentista em sua manifestação mais pop, o Paramore fez um retorno coerente com “This is Why”. Lançado pela Atlantic Records, o sexto trabalho de estúdio da banda americana inova ao mesclar elementos vistos previamente na discografia.

Em comparação a “After Laughter” (2017), repete-se apenas a formação, pela primeira vez na história do grupo: Hayley Williams (vocais), Taylor York (guitarra), Zac Farro (bateria). A sonoridade e os pontos criticados pelos fãs não estão mais aqui.

A faixa-título e “The News” abrem o material de forma enérgica, flertando com o emo. A segunda música é, provavelmente, o ponto alto do trabalho graças a um instrumental equilibrado e melhores nuances vocais de Hayley Williams.

Para quem se decepcionou com o pop alegre de “After Laughter”, este início traz alívio. Mas o retorno é gradual, já que este álbum oferece um meio-termo entre pop punk e pop rock. O contraste entre a equilibrada “Running Out of Time” e a pop rock “C’est Comme Ça” é um grande exemplo disso.

De alguma forma o disco soa como “Brand New Eyes” (2009) em sua abordagem instrumental mais leve. Faixas mais lentas como “Liar” e “Crave” também dialogam com “Petals for Armor” (2020), álbum solo de Hayley Williams marcado pela abordagem bem mais reta e monótona – ao menos esta parte não se repete no novo trabalho, já que guitarra e bateria potencializam o resultado final.

Bem montada, a ordem das faixas constrói uma experiência aconchegante alternando entre momentos frenéticos e sóbrias. Para os fãs do emo, é uma característica nostálgica, pois se faz presente em álbuns como “Riot!” (2007), do próprio Paramore, e “Redenção” (2008), da Fresno, talvez a grande representante do gênero no Brasil.

Em “This is Why”, o Paramore mostra que o rock, mesmo que combinado com o pop, é o elemento necessário para a banda atingir o melhor de seu potencial.

Ouça “This is Why” a seguir, via Spotify, ou clique aqui para conferir em outras plataformas digitais.

O álbum está na playlist de lançamentos do site, atualizada semanalmente com as melhores novidades do rock e metal. Siga e dê o play!

Paramore – “This is Why”

  1. This Is Why
  2. The News
  3. Running Out of Time
  4. C’est Comme Ca
  5. Big Man, Little Dignity
  6. You First
  7. Figure 8
  8. Liar
  9. Crave
  10. Thick Skull

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