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Knotfest estreia no Brasil com atrações de peso e muita energia; saiba como foi

Apesar de problemas na entrada dos fãs, evento ofereceu apresentações históricas de Slipknot, Judas Priest, Bring Me the Horizon e muito mais

Os headbangers tomaram conta do monumento mais emblemático do carnaval paulistano! Após dois anos de adiamentos provocados pela Covid-19 e alguns sideshows que aqueceram muito bem o público ao longo da semana, o Sambódromo do Anhembi sediou no último domingo (18) a primeira edição brasileira do Knotfest – festival idealizado pelos integrantes do Slipknot.

Além da emblemática banda americana de nu metal, o evento também contou com apresentações de gigantes da música pesada internacional: Judas Priest, tributo ao Pantera (já que os próprios não definem como a volta ou a reunião da banda), Bring Me The Horizon, Mr. Bungle, Vended e Trivium. Igualmente, o espetáculo também destacou importantes nomes do cenário nacional: Sepultura, Project46, Oitão, Jimmy & Rats e Black Pantera.

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*Todos os textos por Filipe Moriarty e Guilherme Góes. Todas as fotos por Jeff Marques, com exceção do Oitão, por Gustavo Diakov / Sonoridade Underground.

Sobre o Knotfest

Por Guilherme Góes

O Knotfest surgiu em agosto de 2012, no estado americano de Iowa, com a proposta de oferecer um “carnaval obscuro”. Os aspectos tradicionais da festa foram trocados por grafites, exposições de artistas independentes e muito som.

Após o sucesso de sua edição inicial, o espetáculo começou a ser sediado em diversas metrópoles mundo afora, com versões em San Bernardino, Tóquio e Cidade do México. Entre as bandas que já participaram do culto à música pesada, estão Korn, Deftones, Lamb of God, Avenged Sevenfold, Megadeth, entre vários outros.

Experiência geral do Knotfest

Por Guilherme Góes

Desde às 9h, centenas de fãs ocuparam os vagões das linhas 4 (amarela) e 1 (azul) do metrô em direção ao Anhembi. Ao descer na estação Portuguesa-Tietê, mais uma cena surreal: uma fila de camisetas pretas extremamente organizada e pacífica se estendia da saída do metrô até a avenida Olavo Fontoura.

Infelizmente, a mesma organização não continuou na hora da entrada – não pelo público, mas sim pelo despreparo da organização. Com apenas uma fila de entrada, os funcionários não conseguiram dar conta do volume de pessoas e atrasaram muito na hora de conferir os ingressos, ocasionando em um tempo de espera enorme sob um calor escaldante. Próximo às 16h, quando o número de visitantes aumentou ainda mais, centenas de pessoas levaram mais de uma hora para entrar no Sambódromo.

Além disso, não havia grade para separar o público da via. Ou seja: carros passavam próximos aos fãs e colocavam a integridade física de centenas de pessoas em risco. Fora o atraso de 30 minutos para o início do credenciamento para imprensa – a entrada se deu próximo ao primeiro show, o que impediu a devida cobertura de atividades interativas.

Internamente, a produção era excelente. Havia diversas opções de bares e food trucks bem espalhados pelo espaço, com cerveja a R$ 15 e hambúrguer artesanal a R$28. Centenas de banheiros químicos também atenderam à necessidade do público. Outro ponto de destaque foi o empenho da equipe de limpeza: ao término dos shows, dezenas de profissionais iam à pista para recolher copos de plásticos e outros materiais e os separavam para reciclagem.

Knotfest Museum

Por Filipe Moriarty e Guilherme Góes

Além dos shows, o Knotfest contou com algumas atrações secundárias. O Knot Museum foi o ponto mais disputado, já que trazia uma exposição com itens do Slipknot como máscaras, macacões, amplificadores personalizados de turnês anteriores, flyers publicitários, revistas com artigos sobre a banda e objetos raríssimos, como um contrabaixo do falecido Paul Gray e um par de baquetas e um tênis rasgado que o saudoso Joey Jordison usou nas gravações da primeira demo da banda.

Logo na entrada, o fã ouve ao fundo músicas icônicas de várias épocas do Slipknot. Ao mesmo tempo, são expostos vestimentas e acessórios clássicos de diversos períodos do grupo. Há ainda premiações da Kerrang! e até mesmo um Grammy, além de discos de platina. Entre as atrações interativas, estavam um acionador de explosivo que remete ao clipe de “The Devil And I” e a possibilidade de o público tocar a guitarra de um dos integrantes enquanto ouve o seu som por fones de ouvido.

https://www.instagram.com/p/CmUC5poLPEI/

Contudo, algumas ressalvas devem ser feitas. Faltaram mais itens do Paul Gray e Joey Jordison, além de uma sinalização ou uma curadoria que auxiliasse o fã ou oferecesse alguma descrição dos itens. É mais uma exibição do que um museu em si, mas ainda assim é bem interessante e oferece um pouco da atmosfera do fenômeno Slipknot.

Black Pantera

Por Guilherme Góes

Pontualmente, às 11h, o Black Pantera iniciou a sessão de música ao vivo no Knotfest. A banda mineira entrou no lineup do Knotstage de última hora, após o Motionless in White cancelar sua participação por questões de saúde. Como de costume, o show começou com “Padrão é o car#lho” e o público logo organizou moshpits após serem hipnotizados pelos blast beats e pela fúria com a qual o vocalista e guitarrista Charles Gama clamou o refrão da música.

“Legado”, single lançado no último mês de novembro, veio acompanhado de imagens de lideranças negras exibidas no telão de LED. Já em “Godzilla”, Charles desceu ao mosh e agitou junto com a galera enquanto tocava. Com a plateia ganha, o baixista Chaene da Gama “sacou” a introdução de “Fogo nos racistas”, uma das faixas mais conhecidas do trio.

*Fotos de Jeff Marques / @mulekedoidomemo

Em “A Carne”, cover de Elza Soares, Chaene surpreendeu ao unir o refrão original da composição com uma rima freestyle de “Negro Drama”, dos Racionais MC’s. Próximo ao fim, os rapazes armaram, em “Abre a roda e senta o pé”, um moshpit apenas para garotas. Para finalizar com chave de ouro, Charles pediu uma “wall of death” e, claro, foi atendido.

2022 foi um ano incrível para o Black Pantera, com direito a participações no Rock in Rio, Primavera na Cidade e Knotfest, além da confirmação no Lollapalooza Brasil 2023 e da realização de diversos outros shows. Uma justa consagração, já que os músicos esbanjam talento e conseguem trazer uma atividade diferente em cada faixa do set.

Repertório:

  1. Padrão é o car#lho
  2. Mosha
  3. Legado
  4. Godzilla
  5. Fogo nos racistas
  6. Carne (cover de Elza Soares)
  7. Abre a roda e senta o pé
  8. Execução na Av. 38

Jimmy & Rats

Por Filipe Moriarty

Após o Black Pantera abrir o Knostage, foi a vez do Jimmy & Rats dar início ao Carnival Stage com seu irish punk. Na ativa há algum tempo e devidamente solidificado, o grupo que agregou o vocalista Jimmy London após o fim do Matanza traz em sua formação Fernando Oliveira (banjo e bandolim), Kito Vilela (guitarra), Gajo Loko (acordeão e washboard), Bruno Pavio (baixo acústico) e Pedro Faucom (bateria).

Oferecendo um esquenta legítimo para o festival, o Jimmy & Rats subiu ao palco sem sequer se apresentar, pontualmente às 11h40. O início com “Do Meu Jeito” mostrou que o som é intensamente animado e a pequena centena de público que já se encontrava presente agitou logo de cara. Como nos tempos de Matanza, Jimmy se mostrou bastante solto, com direito a uma entrada simulando embriaguez. O projeto anterior, inclusive, foi homenageado com uma versão para “Tempo Ruim”.

*Fotos de Jeff Marques / @mulekedoidomemo

“Pra Nunca se Entregar” encerrou o curto setlist em meio a muitos gritos de “ei, Jimmy, vai tomar no c#!” – a carinhosa forma como os fãs tratam o cantor, que deu risada e tirou a camiseta. Como a proposta era dividir o slot com o Oitão, a apresentação foi bem curta, com apenas 20 minutos. Tempo suficiente, porém, para levantar a galera e deixar um ótimo clima.

Repertório:

  1. Do Meu Jeito
  2. Medo
  3. Anne Boonie
  4. O Temido Lobo do Mar
  5. Tempo Ruim (original do Matanza)
  6. Pra Nunca se Entregar

Oitão

Por Filipe Moriarty

Compartilhando o palco com Jimmy & Rats, o Oitão chegou também pontualmente ao meio-dia. Atualmente formado por Henrique Fogaça (vocal), Ciero e Ricardo Quatrucci (guitarras), Tchelo (baixo) e Rodrigo Oliveira (bateria) deu início aos trabalhos com uma introdução instrumental matadora para um público ainda pequeno, mas já maior que o da atração anterior.

O quinteto subiu ao palco com Fogaça vestindo uma máscara aborígene – cuja origem não foi possível de se identificar. Em seguida, o cantor tirou o acessório e mostrou o rosto pintado com uma faixa preta, para, daí, anunciar a música “Pobre Povo”. Ao fim da canção, o público gritou “MasterChef, MasterChef”, em referência ao programa de TV que fez o chef e jurado se tornar nacionalmente conhecido. Contrariado, o frontman contrapropôs que o coro dissesse: “Oitão, Oitão”.

*Fotos de Gustavo Diakov / @xchicanox

Durante “Quarto Mundo”, Henrique ressaltou a revolta contra um sistema que nos faz encontrar alguém passando fome em cada esquina. Este foi, inclusive, um ponto interessante da apresentação: a pauta da insegurança alimentar está presente nas letras. Por mais que seja algo comum no hardcore, o frontman é o dono de um restaurante – que, sim, está presente em campanhas contra a fome. Uma de suas ações é distribuir comida à população da chamada Cracolândia, tema discutido na introdução de “Só Lhe Restam Trevas”, faixa cujos versos abordam os efeitos da dependência química.

A conclusão ficou a cargo da já clássica “Tiro na Rótula”. O pedido de alteração dos gritos da plateia acabou naturalmente atendido: os músicos deixaram o palco sob os gritos de “Oitão, Oitão”.

Repertório:

  1. Intro
  2. Pobre Povo
  3. Impunidade
  4. Quarto Mundo
  5. Só Lhe Restam Trevas
  6. Doença
  7. Tiro na Rótula

Project46

Por Guilherme Góes

Os últimos tempos foram difíceis para o Project46. Em um vídeo emocionante no ano de 2019, o guitarrista Vinicius Castellari assumiu questões pessoais com dependência química e revelou que havia optado por um tratamento intensivo de reabilitação. Logo em seguida, o grupo decidiu entrar em hiato.

Felizmente, tudo caminha novamente e o quinteto conquistou grandes feitos em 2022 – inclusive a realização do festival próprio “46fest”, com grandes nomes do cenário nacional como Bullet Bane, AXTY, Gloria e Aurora Rules. E nada melhor que o Knotfest para encerrar o ano com chave de ouro.

A pausa parece ter feito bem aos integrantes, pois eles voltaram com muita energia. Na base dos palavrões ao pedir empolgação – “Vamos agitar essa p#rra, seus filhos da p#ta do car#lho”, o vocalista Caio MacBeserra animou a galera como um gigante e os fãs atenderam a cada pedido do frontman, inclusive quando mandou todos sentarem no chão em “Pode pá”, gerando uma onda de pessoas curtindo na mesma sintonia. Em “F#da-se (se depender de nós)”, Caio foi à pista e não se incomodou em dividir o microfone com quem quisesse assumir o seu papel.

*Fotos de Jeff Marques / @mulekedoidomemo

Também rolou uma “wall of death” durante o número de encerramento, “Acorda pra vida” – com mais pessoas, diferentemente do Black Pantera, o que gerou um dos momentos mais incríveis do evento. Aplaudido entre os intervalos e quando se aproximava dos fãs, Vinicius Castellari certamente pôde perceber como a sua volta gerou felicidade.

Houve quem criticasse o Project46 na época de seu surgimento, uma década atrás, devido ao uso de palavrões nas letras. Muitos definiram o grupo como “moda passageira”. O show no Knotfest provou, novamente, o contrário.

Repertório (parcial):

  1. Violência gratuita
  2. Pânico
  3. Rédeas
  4. F#da-se (se depender de nós)
  5. Erro +55
  6. Pode pá
  7. Acorda pra vida

Trivium

Por Filipe Moriarty

Mesmo tendo realizado um sideshow dias antes no Cine Joia – local que já parecia pequeno demais para eles – e com um set reduzido, o aguardado Trivium colocou o Carnival Stage abaixo diante de um público já numeroso para o horário das 13h.

O show de Matt Heafy (voz e guitarra), Paolo Gregoletto (baixo), Corey Beaulieu (baixo) e Nick Augusto (bateria) no Knotfest Brasil foi bastante similar ao do Cine Joia, especialmente pelas falas em português do carismático frontman. Heafy disse que tudo aquilo era “f#da pra car#lho”, revelou que a primeira coisa a fazer ao pisar em São Paulo pela primeira – e até então única – vez em 2012 foi “comer feijoada e tomar caipirinha”, abordou sua ligação com o jiu-jitsu brasileiro e fez o público pirar com o instinto de competição provocado antes de “Sin and the Sentence”, declarando: “vocês foram o melhor público depois de Buenos Aires… é hora de mudar isso”.

*Fotos de Jeff Marques / @mulekedoidomemo

Foi gratificante testemunhar a energia do público, que cantou e acompanhou tudo de forma enérgica – a exemplo de quando Matt Heafy foi atendido ao pedir “Pule comigo, my friends” durante “Strife” ou o moshpit de “Pull Harder on the Strings of Your Martyr”.

A interação atingiu outro patamar quando, no encerramento “In Waves”, o vocalista e guitarrista orientou que todos se abaixassem para pular com a entrada da canção, num recurso também utilizado por Vended, Bring Me the Horizon e Slipknot. A legítima onda de pessoas na conclusão do set reforçou como o grupo apresentou um dos melhores shows do festival.

Repertório:

Gravação: X

  1. In the Court of the Dragon
  2. Down From the Sky
  3. The Sin and the Sentence
  4. A Gunshot to the Head of Trepidation
  5. The Heart From Your Hate
  6. Strife
  7. Pull Harder on the Strings of Your Martyr
    Gravação: Capsizing the Sea
  8. In Waves

Vended

Por Filipe Moriarty

Embora o parentesco o tenha ajudado a chegar onde está – o vocalista Griffin Taylor e o baterista Simon Crahan são filhos respectivamente de Corey Taylor e Shawn Crahan (ambos do Slipknot) –, o Vended acaba se tornando “mais uma” de seu estilo. Ainda assim, houve méritos em meio à apresentação no Knotstage.

Falhas técnicas pontuais ocorreram ao longo do set, a começar pelo microfone de Griffin em “Ded to Me”. O público interveio e alertou sobre a situação. A guitarra de Connor Grodzicki, que divide a função com Cole Espeland, também apresentou problemas.

*Fotos de Jeff Marques / @mulekedoidomemo

Contudo, para além das situações, o carismático grupo não poupou energia – haja fôlego para seus haircopters – e demonstrou muita vontade de convencer o público. A resposta, ainda que tímida, foi positiva – e veio de um perfil de plateia mais próxima do do Bring Me the Horizon que do Slipknot, mesmo tendo maiores semelhanças sonoras com o segundo citado.

Repetidas vezes, Griffin destacou: “esta é a nossa primeira vez no Brasil e vocês são um belo público”. Embora não tenha lançado sequer um álbum completo até o momento – apenas singles e um EP –, o quinteto fez com que muitos jovens presentes cantassem suas músicas. Houve até espaço para um “wall of death” ao fim do set, com “Antibody”, e gritos de “Vended, Vended” na despedida do palco.

Repertório:

  1. Ded To Me
  2. Burn My Misery
  3. Bloodline
  4. Overall
  5. Don’t Scream
  6. My Wrongs
  7. Asylum
  8. Fear Forgotten
  9. Antibody

Sepultura

Por Guilherme Góes

O Sepultura não estava para brincadeira no Knotfest. Logo de cara, a mais importante instituição do heavy metal brasileiro mandou “Isolation”, uma das faixas mais queridas do “Quadra”, seu disco mais recente, emendando uma dobradinha com a clássica “Refuse/Resist” e a também nova “Means to an End”.

Na sequência, o guitarrista Andreas Kisser anunciou que a banda iria reproduzir pela primeira vez ao vivo as jams da “SepulQuarta”, série de lives com participações especiais durante o período de isolamento que virou um álbum. O primeiro convidado foi o guitarrista do Anthrax, Scott Ian, presente para tocar logo após com o Mr. Bungle. Ao tocar “Cut-Throat” com o grupo, ele não apenas mandou bem em seu instrumento como também correu pelo palco e pediu pela participação da plateia.

*Fotos de Jeff Marques / @mulekedoidomemo

O setlist normal seguiu entre faixas clássicas e mais recentes, como “Propaganda”, “Agony of Defeat” e “Dead Embryonic Cells” – esta última gerou um dos maiores circlepits do dia no Carnival Stage. Porém, logo voltamos às jams da “SepulQuarta”: Matt Heafy apareceu no palco para cantar e tocar “Slave New World”. Fã declarado do Sepultura, o frontman do Trivium parecia até encantado por dividir o palco com os caras.

Em seguida, Phil Anselmo participou de “Arise”, mas infelizmente fez a pior participação do set: o vocalista do Pantera apenas ficou cochichando no ouvido do baixista Paulo Xisto e soltou alguns gritos no refrão, sem se conectar com a música. Para fechar, mais clássicos, agora do álbum “Roots”: “Ratamahatta” e “Roots Bloody Roots”.

O Sepultura protagonizou um dos sets mais interessantes do Knotfest. Saíram da mesmice ao trazer convidados e ofereceram uma experiência única.

Repertório:

  1. Isolation
  2. Refuse/Resist
  3. Means to an End
  4. Cut-Throat (com Scott Ian)
  5. Propaganda
  6. Dead Embryonic Cells
  7. Agony of Defeat
  8. Slave New World (com Matt Heafy)
  9. Arise (com Phil Anselmo)
  10. Ratamahatta
  11. Roots Bloody Roots

Mr. Bungle

Por Guilherme Góes

O público do Knotfest teve a chance de conferir em primeira mão o show do Mr. Bungle, supergrupo conhecido por suas apresentações nada convencionais e que traz lendas como o vocalista Mike Patton (Faith No More), o guitarrista Scott Ian (Anthrax) e o baterista Dave Lombardo (ex-Slayer) na formação. O set começou com “Won’t Be My Neighbor”, cover do comediante americano Fred Rodgers, com Mike de sombrero. Em seguida, rolaram faixas autorais como “Anarchy Up Your Anus”, “Raping Your Mind” e “Bungle Grind”.

Em “Eracist”, o eterno vocalista do Faith No More orquestrou um dos momentos mais engraçados do festival ao mandar a galera gritar “P#rra, car#lho” no ritmo da música. Aliás, a postura de Patton no palco era uma loucura só: dos adornos de guia de Exú e um distintivo da Polícia Civil no pescoço a provocações direcionadas à seleção francesa após a derrota na final da Copa do Mundo em “Glutton for Punishment”.

*Fotos de Jeff Marques / @mulekedoidomemo

No segundo bloco, entraram alguns covers. Certamente, os momentos mais inusitados foram a fusão da introdução instrumental de “Hell Awaits” (Slayer) com “Summer Breeze”, do duo de soft rock “Seals & Crofts”, além da execução de “Speak English or Die” (S.O.D.), com Mike mudando para “Speak Portuguese or Die”. Ao fim, o vocalista Derrick Green e o guitarrista Andreas Kisser participaram de “Territory” e Mike pediu para a plateia gritar “Bota pra f#der” no ritmo do solo.

A genialidade de Mike Patton conseguiu convencer dois gigantes do thrash metal a participar de uma banda de comedy rock. O resultado final foi um mix de diversão, risadas e porradaria no moshpit.

Repertório:

  1. Won’t You Be My Neighbor (cover de Fred Rogers)
  2. Anarchy Up Your Anus
  3. Raping Your Mind
  4. Bungle Grind
  5. Eracist
  6. Spreading the Thighs of Death
  7. Glutton for Punishment
  8. Hell Awaits (Slayer) e Summer Breeze (cover de Seals & Crofts)
  9. Hypocrites
  10. Speak English or Die (cover de S.O.D.)
  11. World Up My Ass (cover de Circle Jerks)
  12. Sudden Death
  13. Gracias a la vida (cover de Violeta Parra)
  14. Territory (cover de Sepultura com Andreas Kisser e Derrick Green)

Pantera

Por Filipe Moriarty

Apesar de muitos protestos nas redes, o tributo ao Pantera – já que os próprios afirmam que não se trata de uma reunião, nem do próprio Pantera – subiu ao palco do Knotfest pontualmente às 17h. O único integrante da formação clássica presente foi o vocalista Phil Anselmo, já que o baixista Rex Brown precisou ser afastado após testar positivo para a Covid-19.

Com Derek Engemann na função de Brown e os convidados Zakk Wylde (guitarra) e Charlie Benante (bateria), o grupo entregou o que muitos queriam e já tinham visto no sideshows ao lado do Judas Priest: precisão. O repertório priorizou os álbuns “Vulgar Display of Power” (1992) e “Far Beyond Driven” (1994), o que ajudou a mostrar como a voz de Anselmo continua poderosa. Junto da habilidade de Zakk Wylde em emular as guitarras de Dimebag Darrell, a experiência ficou quase completa.

As faixas iniciais “A New Level” e “Mouth for War” fizeram o público ir à loucura. A pirotecnia agregada à brutalidade sonora dilacerava – figurativamente, é claro – a todos os presentes, a exemplo de “5 Minutes Alone” e do trecho de “Domination”. Também deu para observar casais se declarando em “This Love” e fãs aos prantos com a gravação de “Cemetery Gates” junto das imagens dos saudosos Dimebag e Vinnie Paul.

“Walk” teve seu refrão gritado a plenos pulmões pelos fãs, enquanto “Cowboys from Hell” fez com que Phil destacasse novamente: “[o show] é por vocês, Vinnie e Dime”. Como habitual, ao fim de tudo, ele ainda cantarolou um trechinho de “Stairway to Heaven”.

Diferentemente do que muitos especulavam, não houve nada de vazio na apresentação do tributo ao Pantera. A impressão era de que reuniram o segundo maior público do evento, atrás apenas do Slipknot. Histórico.

Repertório:

  1. A New Level
  2. Mouth for War
  3. Strength Beyond Strength
  4. Becoming (com trecho de Throes of Rejection)
  5. I’m Broken (com trecho de By Demons Be Driven)
  6. 5 Minutes Alone
  7. This Love
  8. Yesterday Don’t Mean Shit
  9. Fucking Hostile
  10. Gravação de trecho de Cemetery Gates com vídeo em tributo a Dimebag e Vinnie
  11. Planet Caravan (cover de Black Sabbath, com mais vídeo em tributo a Dimebag e Vinnie)
  12. Walk
  13. Domination / Hollow
  14. Cowboys From Hell

Bring Me the Horizon

Por Guilherme Góes

Apesar do setlist ligeiramente menor, o show do Bring Me the Horizon no Knotfest foi praticamente o mesmo do sideshow no Vibra, na última sexta-feira (16). O que não é nada mal. De cara, uma animação “escaneou” moshs na plateia e solicitou que os fãs abrissem um pit para “ativar” a entrada da banda no cenário. Na sequência, Oliver Sykes e companhia surgiram e mandaram “Can You Feel My Heart?”, com efeitos de corações em neon e a letra da música em estilo “karaokê” sob um fundo amarelo e rosa.

Casado com a brasileira Alissa Salis e agora morando em Taubaté, o vocalista arriscou algumas palavras em português e mencionou que estava com saudades dos fãs locais. Na sequência, um grito à moda “cheerleader” começou a soletrar as letras de “That’s Spirit” e a animação com robôs executando movimentos de ginástica foi mantida. Aqui, Oli pediu um circlepit, e, para provocar a reação dos fãs, falou que o pit estava “muito zoado” e que o público deveria fazer “mais grande”.

*Fotos de Jeff Marques / @mulekedoidomemo

“Teardrops”, “Mantra”, “Dear Diary” e “Parasite Eve” deram sequência com mais efeitos no telão, performance enérgica e Oli clamando em seu português “médio-avançado” frases como “vocês são loucos” e “vocês estão pirando na batatinha”. Na comparação com o sideshow, a grande diferença veio próximo ao término do set, quando a banda tocou “Sleepwalking” – a faixa havia sido substituída por “Antivist” no Vibra para trazer a participação de Pabllo Vittar. Aqui, efeitos especiais com fotografias de geleiras em locais inóspitos do planeta terra foram apresentados.

Outro momento de destaque em relação ao show de sexta (16) se deu quando Sykes decidiu ir à pista para cantar “Drown” com o público. Neste momento, ele correu por todo o pit de proteção e ainda deu um show de simpatia ao abraçar alguns fãs. Na reta final, outro momento emocionante: em “Throne”, Oli pediu para a plateia sentar e se levantar apenas quando ordenasse. A atividade já tinha rolado no espetáculo na Vibra, porém, com dezenas de milhares de pessoas em movimento, a situação foi completamente diferente.

Repertório:

  1. Can You Feel My Heart
  2. Happy Song
  3. Teardrops
  4. Mantra
  5. Dear Diary,
  6. Parasite Eve
  7. sTraNgeRs
  8. Shadow Moses
  9. DiE4u
  10. Sleepwalking (a pedidos)
  11. Drown
  12. Obey
  13. Throne

Judas Priest

Por Filipe Moriarty

Após um sideshow impecável na última quinta-feira (15), o Judas Priest assumiu o posto de headliner do Carnival Stage sob muita expectativa. Após a gravação de “War Pigs” (Black Sabbath) ter deixado a todos em estado de alerta, uma narração introduziu o espetáculo. O tridente que simboliza a entidade que é esta banda subiu lenta e dramaticamente até acender-se, quando “Electric Eye”, enfim, foi tocada.

O avassalador setlist teve o domínio de músicas dos álbuns “British Steel” (1980) e especialmente “Screaming for Vengeance” (1982), mas houve representantes de “Painkiller” (1990), “Firepower” (2018) – com sua faixa-título – e outros trabalhos. Aos 71 anos de idade, Rob Halford impressionou ao esbanjar técnica e versatilidade vocal, indo dos falsetes aos guturais.

*Fotos de Jeff Marques / @mulekedoidomemo

Pequenos problemas técnicos também rolaram, como o baixo ensurdecedor de tão alto de Ian Hill em “Turbo Lover” – ele percebeu e ficou visivelmente desesperado, mas tudo se resolveu na música seguinte. Durante “The Green Manalishi”, o baterista Scott Travis foi ao microfone para anunciar que aquele era o 101º show da turnê “50 Heavy Metal Years” e prometer: “estamos muito longe de parar”.

Outro momento de destaque se deu durante a homenagem feita ainda em vida a Glenn Tipton. O guitarrista está afastado do Priest desde 2018 devido à sua luta contra o Parkinson, sendo substituído por Andy Sneap. Imagens do lendário músico, ainda envolvido com o grupo, foram exibidas durante o solo de “Painkiller”.

Como bom Metal God que é, Rob Halford se despediu “abençoando” o público, além de incitar um “olê olê” completo por “Judas, Judas” pelos fãs e beijar uma bandeira do Brasil com a logo do Priest. Que volte logo.

Repertório:

Gravação: War Pigs (Black Sabbath) + The Hellion

  1. Electric Eye
  2. Riding on the Wind
  3. You’ve Got Another Thing Comin’
  4. Jawbreaker
  5. Firepower
  6. Devil’s Child
  7. Turbo Lover
  8. Steeler
  9. Between the Hammer and the Anvil
  10. Metal Gods
  11. The Green Manalishi (With the Two Prong Crown) (cover de Fleetwood Mac)
  12. Screaming for Vengeance
  13. Painkiller

Bis:

  1. Hell Bent for Leather
  2. Breaking the Law
  3. Living After Midnight

Slipknot

Por Guilherme Góes

Passadas mais de 10 horas de música, coube aos “donos da casa” o encerramento da primeira edição do Knotfest. Por volta das 21h20, gravações de “For Those About to Rock (We Salute You)” (AC/DC) e “Get Behind Me Satan and Push” (Billie Jo Spears) rolaram nos alto-falantes para anunciar a chegada do Slipknot.

Em seguida, Corey Taylor (voz), Mick Thomson (guitarra), Jim Root (guitarra), Sid Wilson (DJ), Alessandro Venturella (baixo), Shawn “Clown” Crahan (percussão), Craig Jones (pickups), Jay Weinberg (bateria) e Michael “Tortilla Man” (percussão) surgiram no palco destruindo tudo com “Disasterpiece”, do clássico álbum “Iowa”. Sem deixar o público desanimar, veio o hit “Wait and Bleed”, quando Root, Thomson e Venturella se juntaram a Taylor frente ao palco para protagonizar o headbanging mais bonito da noite

“Como vocês estão se sentindo, meus amigos? Eu estou muito feliz por estar aqui novamente”, comentou Corey, demonstrando certa intimidade com os fãs. Na sequência, veio “All Out Life”, single que antecedeu o novo álbum “We Are Not Your Kind”, para “despertar” os primeiros efeitos pirotécnicos do set. Neste momento, “Tortilla Man” e Craig apareceram ganharam mais relevância no cenário, com danças e uma atuação que “trazia à vida” a composição. “Sulfur”, logo após, manteve o clima agressivo.

*Fotos de Jeff Marques / @mulekedoidomemo

Ao introduzir a explosiva “Before I Forget”, Taylor voltou a conversar: “É uma honra poder voltar a São Paulo. Agora, vocês estão no meu show. Vocês sabem o que isso significa? Que agora vocês são meus!” Além de gerar moshpits monstruosos, a faixa elevou os efeitos pirotécnicos, levando o público ao êxtase. Admirado ao observar a reação dos fãs, o #8 elogiou a paixão dos brasileiros pelo grupo e perguntou se os “filhos da p#ta” tinham ouvido o último disco, “The End, So Far”. Foi a deixa para “The Dying Song”.

Durante as primeiras músicas, o vermelho e o laranja dominaram a iluminação do cenário. No entanto, em “Dead Memories”, o telão e os canhões de luz mudaram para azul. Além disso, efeitos místicos e cósmicos enfeitaram a execução da música, Igualmente, tons azulados permaneceram em “Unsainted”.

Ao término da sessão que mesclou uma música mais nova com outra nem tão recente, Corey Taylor perguntou sobre quantos já tinham assistido o Slipknot antes e quantos estavam assistindo a banda pela primeira vez. Ao receber a resposta do público, comentou: “Não importa se acompanham há 20 anos ou há 20 minutos, todos vocês fazem parte da família. Porém, nossa família tem um código, vocês sabem qual é?” Era a ocasião para introduzir “The Heretic Anthem”, faixa que conta o icônico refrão “If you’re 555, then I’m 666”.

No hit “Psychosocial”, os percussionistas auxiliaram Corey no refrão da música, ganhando a mesma visibilidade no palco. “Duality”, por sua vez, trouxe percussão com a famosa “batida no tambor de metal” com tocha de fogo. Finalizando a parte regular do set, a promessa foi de uma “volta ao passado do Slipknot” devidamente cumprida com “Spit it Out”, faixa do trabalho de estreia.

Um breve intervalo antecedeu o bis. Entregue aos clichês de shows internacionais, Taylor disse que ama o Brasil, que os fãs são insanos e que voltará em breve. Para encerrar, uma dobradinha de canções antigas: “People = Shit” e “Surfacing”. O público ainda foi presenteado com fogos de artifícios, enquanto saiam do sambódromo ao som de “‘Til We Die” nos alto-falantes.

O Slipknot fez um show impecável. Embora boa parte do setlist tenha se baseado em músicas dos primeiros álbuns, o grupo também passou por faixas recentes e cobriu toda a carreira. Corey Taylor provou-se um frontman fora de série, capaz de retirar as emoções mais viscerais de seus devotos – até mesmo quando os ofendem. A produção do espetáculo é imersiva e caprichada com o que existe de melhor em tecnologia de palco. É uma experiência que todos deveriam ter ao menos uma vez na vida.

Repertório:

Gravações: For Those About to Rock (AC/DC) | Get Behind Me Satan and Push (Billie Jo Spears)

  1. Disasterpiece
  2. Wait and Bleed
  3. All Out Life
  4. Sulfur
  5. Before I Forget
  6. The Dying Song (Time to Sing)
  7. Dead Memories
  8. Unsainted
  9. The Heretic Anthem
  10. Psychosocial
  11. Duality
  12. Custer
  13. Spit It Out

Bis:

Gravação: (515)

  1. People = Shit
  2. Surfacing

Gravação: ‘Til We Die

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