Composta para o álbum “In Rock”, de 1970, “Child in Time” se tornou uma das músicas mais emblemáticas do Deep Purple. Versando sobre a Guerra Fria e contando com duração superior a 10 minutos, a faixa se destaca por explorar a técnica dos membros da banda ao extremo – especialmente Ian Gillan, que grita de forma alucinada no refrão.
Justamente por isso, o vocalista reconhece não conseguir mais cantá-la. A última vez que foi incluída no setlist aconteceu em 2002. E não voltará, como o próprio garante à rádio espanhola Rock FM, com transcrição do Blabbermouth.
“Não é mais possível. Eu poderia baixar os tons, mas não seria a mesma coisa. Sempre uso a seguinte analogia: quando era jovem fui atleta. Minha modalidade era o salto com vara. Aos 25 anos não conseguia mais praticar. Mesma coisa com ‘Child in Time’. Elyoua é quase um evento olímpico, muito desafiadora. Quando tinha uns 38 já não soava mais da mesma forma. Então, decidi que se era para fazer mal feito, melhor nem tentar. E foi isso, nunca mais olhei para trás.”
Caracterizado por uma técnica invejável em seu auge, Gillan refletiu sobre a decisão.
“Quando eu tinha 38 anos e tomei essa decisão, pensei: ‘Meu Deus. Estou quase na metade da minha vida agora’. Isso me fez pensar sobre o futuro. Quero ser um cantor para o resto da minha vida? Bem, claro. Eu devo. Canto desde criança, quando entrei em um coral de igreja. Toda a minha família era musical. Ao mesmo tempo, não queria ser conhecido apenas por esse grito. Não quero gritar quando tiver 80 ou 70 anos. É indigno. Mas aqui estou, aos 77 anos, e ainda estou gritando – até certo ponto. Mas o elemento de controle e a elevação dessa nota estão além de mim, para ser honesto.”
Recentemente, “Child in Time” apareceu no segundo episódio da série “1899”, disponível na Netflix.
Deep Purple, “Child in Time” e a acusação de plágio
À época de seu lançamento, a música enfrentou uma polêmica sobre ter sido um plágio. O riff de órgão é baseado em “Bombay Calling”, da banda It’s a Beautiful Day. Durante um ensaio, o tecladista Jon Lord começou a tocá-la e o resto do grupo acompanhou, reescrevendo sobre a ideia original e alterando o arranjo.
Como uma espécie de “chumbo trocado”, o It’s a Beautiful Day pegou emprestado “Wring That Neck” do Purple e a transformou em “Don and Dewey”, faixa de seu segundo álbum, “Marrying Maiden” (1970). Não houve qualquer disputa judicial.
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