A cantora e tecladista Christine McVie, famosa por ter sido uma das integrantes da formação mais bem-sucedida do Fleetwood Mac, morreu nesta quarta-feira (30) aos 79 anos. A informação foi confirmada por um porta-voz, que não especificou a causa, mas citou um período curto de doença.
Uma declaração oficial nas redes sociais da cantora diz:
“Em nome da família de Christine McVie, é com coração pesado que estamos lhes informando da morte de Christine. Ela faleceu pacificamente num hospital nessa manhã de quarta feira, 30 de novembro de 2022, após um doença curta. Ela estava acompanhada de sua família. Nós pedimos gentilmente que respeitem a privacidade da família nesse momento doloroso, e gostaríamos que todos mantivessem Christine em seus corações, e lembrem da vida de um ser humano incrível, uma música reverenciada que era universalmente amada.”
Christine McVie e Fleetwood Mac
Nascida em 12 de julho de 1943, em Bouth, Inglaterra, como Christine Perfect, ela se tornou uma das vozes associadas ao período de maior fama do Fleetwood Mac.
Ela começou sua carreira ainda na década de 60, com a banda Chicken Shack, com quem gravou dois álbuns antes de entrar para o Fleetwood Mac – fundada por seu marido, o baixista John McVie – em 1970.
O período de maior sucesso do Fleetwood Mac foi marcado pelas dinâmicas entre o casal McVie e o formado por Lindsey Buckingham e Stevie Nicks. O álbum “Rumours”, de 1977, detalha a dissolução de ambas as relações.
Além de cantar, Christine também assumiu os teclados e compôs alguns dos maiores sucessos de seu tempo com o Fleetwood Mac. “Songbird”, “Don’t Stop”, “Everywhere” e “Little Lies” são alguns dos exemplos.
A musicista era uma das integrantes mais antigas do Fleetwood Mac, ficando apenas atrás de John McVie (de quem se divorciou em 1976) e Mick Fleetwood.
Em carreira solo, Christine McVie alcançou alguma popularidade. Seu trabalho mais recente, datado de 2017, foi gravado junto de Lindsey Buckingham e chamado apropriadamente de “Lindsey Buckingham Christine McVie”. A coletânea “Songbird”, com algumas faixas inéditas, saiu no último mês de junho.
O fim da banda, especulado por Christine
Desde 2019 o Fleetwood Mac não realiza shows. À época, a banda já não contava com um membro de sua formação mais popular: Lindsey Buckingham, substituído por Mike Campbell (Tom Petty) e Neil Finn (Crowded House).
Atualmente, Stevie Nicks segue se dedicando à sua bem-sucedida carreira solo, enquanto os outros músicos mantêm distância dos holofotes.
Coube à própria Christine McVie, em entrevista à Rolling Stone no último mês de junho, atualizar os fãs sobre o futuro do Fleetwood Mac. E deixou claro que, já naquele momento, poderia não haver continuidade à banda.
“No momento, a banda não existe. É impossível dizer de forma definitiva. Não tenho tanto contato com nenhum dos outros integrantes. Talvez um dia venhamos a nos reunir, mas não dou como certo.”
Entre os principais problemas para uma reunião – especialmente nos palcos –, ela citou a idade avançada e os problemas de saúde.
“Não me sinto fisicamente apta, tenho problema crônico nas costas. Por mais que a mente pudesse desejar, a carne é fraca. Não me sentiria confortável tocando piano e teclados sentada, não é o meu estilo. John também está debilitado, não sei se ele pensa em voltar.”
Christine McVie e “Rumours”
Como já mencionado, o álbum mais famoso do Fleetwood Mac, “Rumours”, é marcado pelo fim de dois relacionamentos na banda: John e Christine McVie e Lindsey Buckingham e Stevie Nicks. Quase todas as músicas do disco, lançado em 1977, abordam essa situação.
“Don’t Stop” e “You Make Loving Fun”, respectivamente terceiro e quarto single de “Rumours”, guardam em comum o fato de terem sido escritos por Christine McVie.
Sem recorrer ao sentimentalismo, a tecladista e vocalista escreveu “Don’t Stop”, na qual propõe uma virada de página ao futuro ex-marido John, que só soube tê-la inspirado muito tempo depois, segundo depoimento à Mojo:
“Nunca liguei os pontos. Foram anos tocando essa música até que alguém me dissesse: ‘A Chris escreveu essa letra sobre você.’ ‘É mesmo?’.”
Paralelamente, Christine começou a sair com o técnico de iluminação da banda, Curry Grant. O affair resultou em “You Make Loving Fun”.
Em junho de 2009, Mick Fleetwood brincou com a revista Q dizendo:
“Conhecendo John, ele provavelmente pensou que [‘You Make Loving Fun’] era sobre um de seus cães.”
Mas a principal contribuição de Christine para o álbum foi a bela “Songbird”, que compôs no meio da madrugada e gravou sozinha na manhã seguinte. Em 2015, ela contou a história para a Mojo:
“Eu tinha um pequeno piano elétrico ao lado da minha cama e acordei uma noite por volta das 3h30 e comecei a tocá-lo. Letra e música ficaram prontas em cerca de 30 minutos. Foi como um presente dos céus, mas eu não tinha como gravá-la. Temi que fosse esquecê-la caso dormisse. Então voltei para a cama e me mantive acordada. […] No dia seguinte, entrei no estúdio tremendo feito vara verde porque eu sabia que era algo especial. Pedi ao Ken, [Caillat, coprodutor/engenheiro de som de ‘Rumours’ e pai da cantora pop Colbie Caillat] para que ligasse o gravador de dois canais porque queria gravar essa música o quanto antes!”
Ainda que o tom seja de melancolia, a tecladista assegura que “Songbird” não teve origem em seus problemas conjugais.
“Não é sobre ninguém em particular; mas serve para todos. Muitas pessoas tocam [‘Songbird’] em seus casamentos ou bar mitzvahs ou no enterro de seus cachorros. É universal. É sobre você e mais ninguém. É sobre você e o resto do mundo. É assim que gosto de escrever músicas. Se pudesse escrever mais músicas assim, seria a pessoa mais feliz do mundo”.
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