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Emmy 2022: entre vencedores e esnobados, o que vale a pena assistir

Premiação realizada na última segunda-feira (12) em Los Angeles consagrou os melhores do ano na TV; separamos aqui algumas das obras que merecem sua atenção

O mundo atual nos permite dizer que que a qualidade de cinema chegou à televisão. Se antes uma série de TV costumava ter cerca de 22 a 25 episódios por temporada, hoje é raro passar de 10 capítulos por ano, tamanha a qualidade e investimento nas obras. O reflexo está nos programas indicados ao Emmy Awards 2022, cuja cerimônia foi realizada na última segunda-feira (12), em Los Angeles, Estados Unidos, premiando toda a produção televisiva entre o período de junho de 2021 a maio deste ano.

Popularmente conhecido como “o Oscar da TV americana”, o Emmy deste ano seguiu uma rotina já notada em pelo menos suas últimas três edições: antes mesmo da cerimônia começar, já sabíamos quem seriam os esnobados e os vencedores.

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Apesar disso, há obras interessantes em meio a ambos os “perfis” de candidatos. Por isso, separamos as séries indicadas ao Emmy 2022, campeãs ou não, que merecem ser assistidas por você.

Séries do Emmy 2022 para assistir

“Succession”, do HBO Max (vencedora)

Caso mantenha seu padrão de qualidade, a HBO tem fortes chances de tirar de “Breaking Bad” o posto de melhor série da história. E talvez o faça com “Succession”.

A série conta a história de um velho patriarca, dono de um império sem proporções, que precisa escolher qual de seus filhos irá assumir seu lugar. As proles, que nunca receberam a atenção devida do pai enquanto cresciam, têm suas lealdades colocadas à prova em uma perigosa disputa por poder.

Atualmente em sua terceira temporada, a produção tem conquistado praticamente tudo o que pode nas premiações. Com méritos.

Muito bem escrita e com interpretações poderosas, “Succession” abocanhou neste Emmy os prêmios de Melhor roteiro de série dramática, Melhor ator coadjuvante de série dramática para Matthew MacFadyen (“Orgulho e Preconceito”) e o prêmio principal da noite, Melhor série de drama — só não levou mais por questões mercadológicas, mas tecnicamente, merecia abocanhar todos que concorreu. A quarta temporada já está em desenvolvimento.

“Ruptura” da Apple TV+ (esnobada)

“Ruptura” (“Severance” no título original) é inteligente, intrigante, inovadora, ousada e perturbadora. A obra narra a trajetória de um grupo de pessoas que aceita se submeter a um processo de separação de memória. Cirurgicamente, as memórias são divididas em duas – ou seja, pessoal e profissional.

Quando entram na empresa para trabalhar, as memórias da vida pessoal são apagadas e eles apenas se lembram do que são e vivem dentro da empresa, sem nem imaginarem o que são no mundo real. O mesmo vale para suas vidas cotidianas fora da empresa, uma vez que terminam sua jornada de trabalho e voltam para casa, os indivíduos se esquecem totalmente quem são ou o que fizeram no trabalho.

Dirigida por ninguém menos que Ben Stiller (“Uma Noite no Museu”), a excelente produção conta com interpretações fantásticas dos atores Adam Scott (“Parks and Recreation”), John Turturro (“The Batman”), Tramell Tillman (“Godfather of Harlem”), a vencedora do Oscar Patricia Arquette (“Boyhood”) e a lenda do cinema Christopher Walken (“Na Hora da Zona Morta”).

Assistir a “Ruptura” é uma experiência que incomoda – e é esta a intenção. Uma pena que tenha sido completamente esnobada no Emmy e saído da cerimônia sem troféu.

“Ted Lasso”, da Apple TV+ (vencedora)

Na vida temos duas certezas: a da morte e de que Ted Lasso vencerá tudo o que disputar. A série de comédia protagonizada pelo extraordinário Jason Sudeikis (“Quero Matar Meu Chefe”) é um marco na história da TV e uma das produções mais engraçadas dos últimos tempos.

O enredo acompanha a história de um técnico de futebol americano, que decide se mudar pra Inglaterra para treinar um time de futebol, mesmo sem ter experiência alguma em tal esporte. Ele, inclusive, foi contratado com a intenção de que seja um fracasso. Mas tudo o que acontece a partir daqui é surpreendente.

Neste Emmy, venceu em Melhor ator de comédia com Jason Sudeikis, Melhor direção, Melhor série de comédia e Melhor ator coadjuvante de comédia com Brett Goldstein, que agora dará vida a Hércules na Marvel.

“Barry”, do HBO Max (esnobada)

“Barry” é uma das criações da comédia mais extraordinárias que já surgiram. Concebida, escrita, dirigida e protagonizada pela lenda do humor Bill Hader (“Saturday Night Live”), a série conta sobre um ex-militar que se transforma em um assassino profissional. Porém, após ter como alvo de um estudante de teatro, o frio matador acaba por se apaixonar pelo tablado e decide abandonar as mortes para se transformar em um ator.

Completamente esnobada nesta premiação, a obra não levou nenhum troféu. Era de se esperar. Contudo, vale a pena ser vista, já que tem um tipo de comédia revolucionária e que mostra o quanto o gênero é capaz de se reinventar. A quarta temporada já está em desenvolvimento.

“Round 6”, da Netflix, e “Euphoria”, do HBO Max (vencedoras)

“Round 6” se tornou fenômeno mundial em 2021. A série sul-coreana alcançou voos históricos entre as premiações e conseguiu levar aqui o Emmy de Melhor direção no famoso episódio “Batatinha 1, 2, 3” e o de Melhor ator em série dramática para o protagonista Lee Jung-jae.

O enredo narra a situação de pessoas endividadas que decidem participar de uma gincana mortal onde o prêmio é um porco repleto de dinheiro. Muito bem-feita, criativa, surpreendente, divertida e com uma crítica social forte, “Round 6” mereceu o reconhecimento e fez história.

Por outro lado, é difícil acreditar que o ator Lee Jung-jae tenha sido melhor do que Bob Odenkirk (“Better Call Saul”) ou mesmo Brian Cox (“Succession”). Talvez seja um prêmio que fale muito mais com o mercado e o hype do que propriamente com a arte.

O caso é exatamente o mesmo de “Euphoria”. Grande sucesso da HBO, a produção conta a história de adolescentes que lidam com drogas, sexo e todo tipo de situação da juventude atual. Os elogios são os mesmos a “Round 6” no que diz respeito à criatividade e à crítica, mas o reconhecimento de Zendaya pelo segundo ano consecutivo como Melhor atriz em série dramática mostra que, apesar de seu bom trabalho, a força de seu nome fala mais alto em momentos do tipo.

Pontos positivos e de fragilidade expostos, é importante deixar claro: até pelo exercício em si, vale a pena assistir e decidir por si.

“Better Call Saul”, da Netflix (esnobada)

Nem mesmo o final da saga do maior advogado de todos os tempos foi suficiente para amolecer o coração do Emmy. Mais uma vez, “Better Call Saul” passou despercebido pela premiação.

Uma das melhores obras já produzidas na história da TV, a série chegou ao seu final com um ótimo trabalho de elenco e a manutenção de um ritmo que, embora mais lento, permite apreciar cada detalhe. Merecia subir ao palco do Emmy pela primeira vez, só que não esteve nem perto disso.

Vale destacar, porém, que a obra foi dividida em duas partes. Dessa forma, poderá concorrer novamente na próxima premiação.

Nosso querido advogado tem mais uma chance de ter o que lhe é de direito, pois estamos falando de uma das maiores obras já feitas.

A era de ouro da TV?

Alguns destaques foram trazidos acima, mas outras produções merecem ser citadas: “The White Lotus” (HBO Max), “Euphoria” (HBO Max), “Abbott Elementary” (Star+), “Ozark” (Netflix) e “Dopesick” (Star+). Esta última levou o prêmio de Melhor ator de série limitada pelo trabalho de Michael Keaton, uma das grandes lendas da interpretação.

Entre os esnobados, vale a pena conferir também “Pam & Tommy” (Star+), sobre a sex tape de Pamela Anderson e o baterista do Mötley Crüe, Tommy Lee; e “Only Murders in the Building” (Star+), que marcará a despedida do gênio da comédia Steve Martin – esperamos, inclusive, que ele reveja sua aposentadoria.

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Raphael Christensen
Raphael Christensenhttp://www.igormiranda.com.br
Ator, Diretor, Editor e Roteirista Formado após passagem pelo Teatro Escola Macunaíma e Escola de Atores Wolf Maya em SP. Formado em especialização de Teatro Russo com foco no autor Anton Tchekhov pelo Núcleo Experimental em SP. Há 10 anos na profissão, principalmente no teatro e internet com projetos próprios.

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