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Ratos de Porão explica letras do álbum “Necropolítica”: “contra família fascista”

“É o que acontece aqui no Brasil: o governo escolhe quem deve morrer e quem deve viver”, diz o vocalista João Gordo sobre composições do disco

Antes mesmo de qualquer anúncio, já se imaginava que o novo disco do Ratos de Porão viria recheado de críticas ao momento vivido pelo país. A revelação do título “Necropolítica”, assim como os nomes das faixas, apenas aumentou a expectativa dos fãs.

Em entrevista ao Scream & Yell, o vocalista João Gordo explicou como a banda chegou ao nome para o álbum. “Necropolítica” é um termo difundido pelo filósofo, teórico político e historiador camaronês Achille Mbembe. Simboliza um recurso do Estado como poder instituído que cria um discurso no qual referenda quem está mais suscetível à morte, geralmente minorias ou população em situação de vulnerabilidade.

“É o que acontece aqui no Brasil: o governo escolhe quem deve morrer e quem deve viver. Segundo esse camaronês aí, isso é necropolítica. Aquele Witzel (Wilson, governador do Rio de Janeiro) ou no país inteiro. Os ricos vivem, e os pobres morrem. O que aconteceu, realmente, foi um genocídio programado para matar os pobres, os negros, os gordos e os velhos. Isso tá explícito. Não sei como as pessoas não percebem isso.”

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Capa com referência ao Black Sabbath

Um detalhe que chamou atenção após a capa ser mostrada pela primeira vez foi a referência à de “Sabbath Bloody Sabbath”, quinto álbum do Black Sabbath. Totalmente intencional, como destaca João Gordo.

“Lógico, é tudo matematicamente pensado (risos). Eu consigo me comunicar bem com esse povo ilustrador. Passo a ideia ali e sai legal. Essa saiu muito bom. A capa do Rafael Gabrio é tenebrosa, ficou muito cabulosa. O cara é especialista em desenho do século XV, ele estudou isso. Tudo que tem na capa ele estudou. E eu falei pra ele: ‘meu, coloca aí a cama do Sabbath Bloody Sabbath’.”

Ratos de Porão metal

As referências ao metal não param por aí, como o baterista Boka fez questão de ressaltar – além de destacar que as letras possuem um alvo específico que todos podem identificar com uma mínima percepção dos fatos.

“Quando a gente tava gravando essas músicas e tocando, que o Gordo falou que estava meio ‘metalzinho’, meio ‘80’s demais’, eu pensava comigo: ‘esse é o disco que os fãs da banda vão gostar, brother.’ Os outros trabalhos os fãs gostavam, mas a gente gostava mais porque tinha esse desafio técnico, agregar estilos. Esse não, é meio old school purista.

E lembro que quando o Gordo tava escrevendo a letra, dei uma olhada, e falei: ‘car#lho, brother, todas esculhambando com a família fascista brasileira. Tudo a mesma coisa!’ E o Gordo: ‘F#da-se!’ A gente nunca esteve tão irritado e se sentiu tão combativo por ter essa ascensão do pseudo neofascismo aqui no Brasil. Estamos tão p# da vida que não tinha como sair outra coisa na parte das letras.”

Sobre “Necropolítica”

Décimo-terceiro álbum de estúdio do Ratos de Porão, “Necropolítica” sai dia 13 de maio. A versão nacional será disponibilizada via Shinigami Records, com versões em CD e LP, além dos formatos digitais.

É o primeiro trabalho de inéditas do Ratos de Porão desde “Século Sinistro”, lançado no ano de 2014. Além de João Gordo e Boka, a banda conta com Jão (guitarra) e Juninho (baixo). Ouça o single “Aglomeração” abaixo.

Em 2021, o Ratos de Porão completou 40 anos de fundação. O grupo é considerado uma das grandes instituições do hardcore mundial.

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João Renato Alves
João Renato Alveshttps://twitter.com/vandohalen
João Renato Alves é jornalista, 40 anos, graduado pela Universidade de Cruz Alta (RS) e pós-graduado em Comunicação e Mídias Digitais. Colabora com o Whiplash desde 2002 e administra as páginas da Van do Halen desde 2009. Começou a ouvir Rock na primeira metade dos anos 1990 e nunca mais parou.

1 COMENTÁRIO

  1. Uma das melhores bandas de Punk, considero!!!! cheguei a assistir um show do João gordo quando ele estava meio desabilitado na época, no palco tinha uma cadeira para ele de vez em quando sentar e descansar…mesmo um pouco fora de forma, ele detonava bem na banda e ainda detona!!!! valeu!!!!

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“É o que acontece aqui no Brasil: o governo escolhe quem deve morrer e quem deve viver”, diz o vocalista João Gordo sobre composições do disco

Antes mesmo de qualquer anúncio, já se imaginava que o novo disco do Ratos de Porão viria recheado de críticas ao momento vivido pelo país. A revelação do título “Necropolítica”, assim como os nomes das faixas, apenas aumentou a expectativa dos fãs.

Em entrevista ao Scream & Yell, o vocalista João Gordo explicou como a banda chegou ao nome para o álbum. “Necropolítica” é um termo difundido pelo filósofo, teórico político e historiador camaronês Achille Mbembe. Simboliza um recurso do Estado como poder instituído que cria um discurso no qual referenda quem está mais suscetível à morte, geralmente minorias ou população em situação de vulnerabilidade.

“É o que acontece aqui no Brasil: o governo escolhe quem deve morrer e quem deve viver. Segundo esse camaronês aí, isso é necropolítica. Aquele Witzel (Wilson, governador do Rio de Janeiro) ou no país inteiro. Os ricos vivem, e os pobres morrem. O que aconteceu, realmente, foi um genocídio programado para matar os pobres, os negros, os gordos e os velhos. Isso tá explícito. Não sei como as pessoas não percebem isso.”

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Capa com referência ao Black Sabbath

Um detalhe que chamou atenção após a capa ser mostrada pela primeira vez foi a referência à de “Sabbath Bloody Sabbath”, quinto álbum do Black Sabbath. Totalmente intencional, como destaca João Gordo.

“Lógico, é tudo matematicamente pensado (risos). Eu consigo me comunicar bem com esse povo ilustrador. Passo a ideia ali e sai legal. Essa saiu muito bom. A capa do Rafael Gabrio é tenebrosa, ficou muito cabulosa. O cara é especialista em desenho do século XV, ele estudou isso. Tudo que tem na capa ele estudou. E eu falei pra ele: ‘meu, coloca aí a cama do Sabbath Bloody Sabbath’.”

Ratos de Porão metal

As referências ao metal não param por aí, como o baterista Boka fez questão de ressaltar – além de destacar que as letras possuem um alvo específico que todos podem identificar com uma mínima percepção dos fatos.

“Quando a gente tava gravando essas músicas e tocando, que o Gordo falou que estava meio ‘metalzinho’, meio ‘80’s demais’, eu pensava comigo: ‘esse é o disco que os fãs da banda vão gostar, brother.’ Os outros trabalhos os fãs gostavam, mas a gente gostava mais porque tinha esse desafio técnico, agregar estilos. Esse não, é meio old school purista.

E lembro que quando o Gordo tava escrevendo a letra, dei uma olhada, e falei: ‘car#lho, brother, todas esculhambando com a família fascista brasileira. Tudo a mesma coisa!’ E o Gordo: ‘F#da-se!’ A gente nunca esteve tão irritado e se sentiu tão combativo por ter essa ascensão do pseudo neofascismo aqui no Brasil. Estamos tão p# da vida que não tinha como sair outra coisa na parte das letras.”

Sobre “Necropolítica”

Décimo-terceiro álbum de estúdio do Ratos de Porão, “Necropolítica” sai dia 13 de maio. A versão nacional será disponibilizada via Shinigami Records, com versões em CD e LP, além dos formatos digitais.

É o primeiro trabalho de inéditas do Ratos de Porão desde “Século Sinistro”, lançado no ano de 2014. Além de João Gordo e Boka, a banda conta com Jão (guitarra) e Juninho (baixo). Ouça o single “Aglomeração” abaixo.

Em 2021, o Ratos de Porão completou 40 anos de fundação. O grupo é considerado uma das grandes instituições do hardcore mundial.

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João Renato Alves é jornalista, 40 anos, graduado pela Universidade de Cruz Alta (RS) e pós-graduado em Comunicação e Mídias Digitais. Colabora com o Whiplash desde 2002 e administra as páginas da Van do Halen desde 2009. Começou a ouvir Rock na primeira metade dos anos 1990 e nunca mais parou.

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  1. Uma das melhores bandas de Punk, considero!!!! cheguei a assistir um show do João gordo quando ele estava meio desabilitado na época, no palco tinha uma cadeira para ele de vez em quando sentar e descansar…mesmo um pouco fora de forma, ele detonava bem na banda e ainda detona!!!! valeu!!!!

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