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Como uma mudança de produtor fez o Bon Jovi renascer em “Crush”

Lançado em 13 de junho de 2000, sétimo álbum da banda apresentou sonoridade com nova roupagem e o mega-hit "It's My Life"

O Bon Jovi terminou a década de 1990 em uma posição curiosa, que, certamente, influenciou na chegada do álbum “Crush” (2000), fenômeno de vendas na época.

O disco anterior da banda havia sido “These Days”, de 1995. Após a turnê de divulgação desse trabalho, o grupo deu uma folga para que alguns membros se dedicassem a suas carreiras solo.

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O vocalista Jon Bon Jovi produziu “Destination Anywhere”, seu segundo álbum solo, em 1997. Na sequência, começou a compor o que seria seu terceiro trabalho longe da banda que carrega seu sobrenome.

Esse projeto acabou sendo engavetado para dar lugar a “Crush”, responsável por expor o mega-hit “It’s My Life” e apresentar uma nova sonoridade, mais pop rock e moderna.

Busca por algo novo

Os 5 anos de diferença entre “These Days” e “Crush” – maior tempo entre dois discos da banda em toda sua carreira – fizeram com que o Bon Jovi tivesse que se equilibrar entre a cautela e o risco para lançar um trabalho relevante. Era, inclusive, algo que a banda vinha fazendo desde o início da década de 1990.

O plano inicial era contar com uma dupla de produtores veteranos em “Crush”: Bob Rock, que já havia trabalhado com o grupo em “Keep The Faith” (1992), e Bruce Fairbairn, que conduziu as gravações dos clássicos “Slippery When Wet” (1986) e “New Jersey” (1988).

A ideia acabou sendo descartada quando Fairbairn faleceu em 1999. Nesse momento, Jon Bon Jovi começou a procurar por outros produtores, com foco nos iniciantes que tivessem novas ideias.

John Kalodner, executivo da A&R, sugeriu o nome de Luke Ebbin – uma recomendação essencial para o que “Crush” se tornou.

Entra Luke Ebbin

Hoje em dia, Luke Ebbin é considerado um nome importante no show business, dedicando a maior parte de seu tempo aos seus negócios e empreendimentos. Contudo, entre 1999 e 2000, a situação era bem diferente.

Na época, Ebbin já era um produtor musical talentoso, mas inexperiente. O próprio contou a história de como foi contratado em entrevista para o site Kings of A&R:

“Um dia, estou em meu apartamento em East Village e recebo uma ligação de John (Kalodner) perguntando se eu estaria interessado em produzir um disco do Bon Jovi. ‘Uh… sim?’ – foi como eu acho que respondi. Ele disse: ‘ok, te mantenho informado’ e desligou. Minutos depois, o telefone toca e eu atendo: ‘ei, aqui é Jon Bon Jovi, é o Luke?’.

A próxima coisa que sei é que tivemos uma conversa sobre música, esportes e eventos mundiais e ele me pediu para ir até Nova Jersey, no dia seguinte, para que ele pudesse me mostrar algumas esquetes de músicas e demos.

Na manhã seguinte, uma limusine chega e eu fui levado até a casa dele em Nova Jersey, onde ele tem um belo estúdio. Conversamos o dia todo, ouvindo e discutindo as demos, e ele me pediu para escolher uma das músicas e voltar em uma semana para um teste. Escolhi propositalmente uma música na qual a demo tinha só um violão e o vocal, onde eu sabia que podia aproveitar programações, arranjos de cordas e arranjos de backing vocals, para poder mostrar a ele algumas de minhas habilidades.

Fiquei trancado no estúdio e produzi uma versão totalmente arranjada da música, retornando na semana seguinte. Passamos dois dias regravando a minha versão com a banda toda e no final do segundo dia, Jon disse que eu estava contratado.”

Frescor e identidade

A escolha do iniciante Luke Ebbin para produzir um álbum que deveria contar inicialmente com dois “medalhões” na produção foi um risco que o Bon Jovi correu, mas que trouxe ótimos resultados.

“Crush” é lembrado principalmente pelo single “It’s My Life”, um dos maiores sucessos do Bon Jovi. Todavia, o álbum inteiro é permeado por momentos de renovação do grupo – e é aí que podemos perceber outro trunfo.

Luke Ebbin, claro, trouxe uma visão moderna e atualizada, sem abrir mão da identidade do Bon Jovi. Por outro lado, é preciso lembrar que a banda também contou com um time de compositores um pouco diferente do habitual.

Nomes como o do hitmaker Desmond Child foram deixados de lado, priorizando outros como Billy Falcon, que já havia colaborado com Jon Bon Jovi em “Sometimes It’s a Bitch”, single de Stevie Nicks lançado em 1991.

No mega-hit “It’s My Life”, um dos compositores é Max Martin, que ficaria famoso por produzir hits de Britney Spears, Backstreet Boys e NSync.

A receita para “Crush” deu tão certo que Luke Ebbin voltaria para produzir seu sucessor, “Bounce” (2002), com a mesma fórmula. O resultado em popularidade pode ser comprovado pelos vários primeiros lugares em quase todos os países da Europa, além de um bom 9º lugar nos Estados Unidos.

Hoje, “Crush” está entre os álbuns mais vendidos da carreira do Bon Jovi, com 11 milhões de unidades comercializadas em todo o mundo. Superou até mesmo o antecessor, “These Days”, que não se saiu nada mal durante os peculiares anos 1990.

Muito disso se deve à sonoridade mais sóbria adotada pela banda em um momento onde o mercado estava cada vez mais retraído para o rock. Poucas bandas do hard rock oitentista conseguiram se renovar – e o Bon Jovi foi a que melhor conseguiu realizar essa transição, mantendo-se relevante e transcendendo o subgênero de onde veio. Virou pop rock e ganhou muito com isso.

“It’s My Life” se tornou, por sua vez, um dos singles de maior sucesso da banda, chegando a patamares que apenas “Always” e “Livin’ on a Prayer” haviam atingido até então. O compacto entrou no top 5 das paradas de pelo menos sete países, incluindo Reino Unido, Suécia e Austrália.

Além disso, a música foi certificada como single de platina dupla nos Estados Unidos e platina simples em outros seis países, como Alemanha e Itália. “Say It Isn’t So” e “Thank You for Loving Me” também foram divulgadas nesse formato.

Mesmo passando 5 anos em um hiato criativo, o Bon Jovi voltou de vez em “Crush”. Entre idas e vindas, a banda conseguiu se manter no topo desde então.

* Texto desenvolvido em parceria por André Luiz Fernandes e Igor Miranda. Pauta, edição geral e argumentação-base por Igor Miranda; redação geral, argumentação e apuração adicional por André Luiz Fernandes.

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André Luiz Fernandes
André Luiz Fernandes
André Luiz Fernandes é jornalista formado pela Universidade Metodista de São Paulo (UMESP). Interessado em música desde a infância, teve um blog sobre discos de hard rock/metal antes da graduação e é considerado o melhor baixista do prédio onde mora. Tem passagens por Ei Nerd e Estadão.

1 COMENTÁRIO

  1. concordo com o artigo de uma visão meramente comercial da coisa pois, em minha opinião, artisticamente, é o real inicio do fim desta banda como relevante em seu estilo e, de alguma forma, geradora de alguma contribuição interessante para a história da música, caindo nas piores armadilhas do pop/rock, com pouquissima inspiração e se deixando, cada vez mais, um mero pastiche de grandes artistas como john cougar mellecamp ou, principalmente, bruce springsteen

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