Tyler Bryant & The Shakedown lança o álbum ‘Pressure’ e deixa status de “promessa”; ouça e leia resenha

O Tyler Bryant & The Shakedown lançou seu quarto álbum de estúdio, 'Pressure', que coloca a banda liderada por Tyler Bryant em um patamar de realidade, deixando de ser apenas uma grata "promessa" entre as novas bandas de rock em veia mais clássica e mostrando, enfim, a que veio.

O Tyler Bryant & The Shakedown lançou seu quarto álbum de estúdio nesta sexta-feira (16). Intitulado ‘Pressure’, o disco chega a público por meio da Spinefarm / Universal Music.

Em material de divulgação, a banda diz que buscou trabalhar em músicas novas durante a pandemia do novo coronavírus. “Imaginava noites fora com meus amigos, shows lotados e tantas outras coisas fora de alcance. A música sempre nos permitiu viajar para um lugar diferente e nos faz sentir bem na hora. Eu realmente espero que faça os outros sentirem o mesmo”, diz o vocalista e guitarrista Tyler Bryant, em nota.

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‘Pressure’ foi gravado em formato de trio, pois o baixista Noah Denney deixou a banda recentemente. Tyler Bryant assumiu o instrumento nas gravações, conduzidas ao lado do também guitarrista Graham Whitford (filho de Brad Whitford, do Aerosmith) e do baterista Caleb Crosby. A produção é de Roger Alan Nichols.

Ouça ‘Pressure’ abaixo, via Spotify ou YouTube, e confira resenha a seguir.

https://www.youtube.com/playlist?list=OLAK5uy_mnZC0E1dp0PsezCj9xSIghvnPSF8aNkJQ

Resenha: ‘Pressure’ consolida Tyler Bryant & The Shakedown como realidade

A evolução do Tyler Bryant & The Shakedown ao longo de seus álbuns tem sido notável. Entretanto, o salto de qualidade obtido em ‘Pressure’ surpreende até mesmo quem já estava ciente do potencial do grupo.

Pude entrevistar Tyler Bryant para a edição 108 da revista Guitarload e, por lá, ele disse que concebeu ‘Pressure’ como um álbum “menos sombrio” que os anteriores. “Com a maneira como o mundo está agora, acho que queríamos trazer um pouco de ‘luz no fim do túnel’. É aí que você acaba em músicas como ‘Crazy Days’ ou ‘Coastin’’, que são músicas ‘para se sentir bem’. Muitas vezes quando o mundo está tão pesado, como agora, é bom tirar esse peso por algum momento por meio da música”, disse.

Isso não quer dizer que a sonoridade esteja mais leve. O hard rock de peso do grupo, muitas vezes com afinações mais graves e distorções bem “pegadas”, segue presente em algumas músicas. Todavia, a veia classic rock apareceu de forma mais notável nesse trabalho.

Esses dois lados – heavy e classic – são bem dosados ao longo da tracklist. Logo na curta faixa-título ‘Pressure’, que abre o material, um riff pesado com afinação grave mostra que o grupo buscou colocar, com o perdão do trocadilho, “pressão” no ouvinte. As duas seguintes, ‘Hitchhiker’ e ‘Crazy Days’, já adotam uma veia clássica, cada uma com suas peculiaridades que serão descritas a seguir.

De clara influência southern rock, ‘Hitchhiker’ tem um início climático no slide e descamba para uma ótima música. Além do trabalho de guitarra sempre impecável por parte de Bryant e Whitford, há de se destacar como a voz de Rebecca Lowell (Larkin Poe), esposa de Tyler, se encaixou bem nos backing vocals por aqui.

 

Por sua vez, ‘Crazy Days’, que foi escolhida como o primeiro single do álbum, segue para uma pegada mais “rock de arena”. É o tipo de música “para se sentir bem” que Tyler Bryant descreveu de forma precisa no bate-papo que teve comigo. Outro grande destaque.

A sequência traz ‘Backbone’ é um heavy rock moderno, com verso conduzido pelo baixo e refrão truncado. Já ‘Holdin’ My Breath’, com a ótima participação de Charlie Starr (Blackberry Smoke) nos backing vocals, é a típica música com a cara do Shakedown, com peso, cadência e refrão marcante. A letra combina com o momento da pandemia, ainda que seja uma composição antiga que os músicos resolveram resgatar por agora.

‘Like The Old Me’ é uma bela balada conduzida por violão e piano, que mostra como Tyler Bryant tem evoluído no aspecto vocal. O peso é retomado em ‘Automatic’, que volta a trazer uma abordagem moderna, agora nas linhas vocais. O groove da música é bem trabalhado, com boas mudanças para uma música de poucas variações de riffs.

A veia southern volta a pulsar em ‘Wildside’ e ‘Misery’, a seguir. A primeira chega a flertar com o country e traz, novamente, um trabalho de destaque das guitarras, mesmo em uma música relativamente simples. A segunda, por sua vez, aposta na pegada southern “beira de estrada”, desde seu início discreto até o crescimento gradual de sua intensidade. Rebecca Lowell volta a apresentar bons backing vocals por aqui e mostra que o Shakedown precisa, urgentemente, adotar vozes femininas em seus próximos álbuns e tours.

O álbum perde um pouco de fôlego em suas músicas finais. ‘Fuel’, por exemplo, é um dos poucos pontos fracos do álbum. Não é ruim, mas passa batida por sua construção um pouco clichê. Balada de veia quase alternativa, ‘Loner’ cativa por ser bem construída, enquanto ‘Fever’, apesar de seu riff principal gostos, destaca um clima de “fim de festa”.

Por sorte, o blues final ‘Coastin’’ não deixa o álbum ser encerrado em um clima que não reflete o conjunto. Ainda que seja relativamente simples e minimalista, a canção volta a mostrar o cuidado do Shakedown com os arranjos e, mais uma vez, com a gravação das guitarras.

Pelo menos até o momento, ‘Pressure’ é o melhor álbum do Tyler Bryant & The Shakedown. O trabalho atesta a maturidade que o grupo conquistou ao longo da última década – seja com as “tentativas e erros” dos discos anteriores; seja com as turnês de destaque, onde tocaram com Guns N’ Roses, Alice Cooper, B.B. King, Eric Clapton e vários outros, até no Brasil, com direito a passagem pelo Rock in Rio 2017.

Apesar de ter 13 faixas, a audição de ‘Pressure’ flui bem em seus 42 minutos de duração. Só os já mencionados fillers ‘Fuel’ e ‘Fever’ passam um pouco batidos, mas faixas como ‘Hitchhiker’, ‘Holdin’ My Breath’, ‘Crazy Days’, ‘Wildside’, ‘Misery’ e outras compensam os raros momentos de pouca inspiração.

Além do repertório inspirado, o disco se sobressai ao evidenciar a boa performance instrumental de cada integrante, especialmente de Tyler Bryant e Graham Whitford nas guitarras, bem como a evolução de Bryant na interpretação vocal. Nesse ponto, tudo está soando em seu devido lugar.

O Tyler Bryant & The Shakedown soa, enfim, como uma banda pronta. Com ‘Pressure’, o grupo parece capaz de deixar o patamar de “promessa” e consolidar-se como uma realidade em seu segmento.

Tyler Bryant & The Shakedown – ‘Pressure’

1. Pressure
2. Hitchhiker (com Rebecca Lovell)
3. Crazy Days (com Rebecca Lovell)
4. Backbone
5. Holdin’ My Breath (com Charlie Starr)
6. Like The Old Me
7. Automatic
8. Wildside
9. Misery (com Rebecca Lovell)
10. Fuel
11. Loner
12. Fever
13. Coastin’

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Igor Miranda
Igor Miranda
Igor Miranda é jornalista formado pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU), com pós-graduação em Jornalismo Digital. Escreve sobre música desde 2007. Além de editar este site, é colaborador da Rolling Stone Brasil. Trabalhou para veículos como Whiplash.Net, portal Cifras, revista Guitarload, jornal Correio de Uberlândia, entre outros. Instagram, Twitter e Facebook: @igormirandasite.

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