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A demissão em massa que quase acabou com o Whitesnake em 1982

Um trecho do novo livro do guitarrista Bernie Marsden, “Where’s My Guitar? An Inside Story of British Rock & Roll”, revela com detalhes como o Whitesnake passou por uma mudança praticamente integral de formação em 1982. Em uma mesma reunião, foram demitidos Marsden, o tecladista Jon Lord, o baterista Ian Paice e o baixista Neil Murray. O também guitarrista Micky Moody estava em uma situação curiosa: chegou a sair, mas voltou para deixar o grupo de novo.

Marsden recordou ter composto a música que mudaria a vida dele: “Here I Go Again”, lançada pelo Whitesnake em 1982, no álbum “Saints & Sinners”, e que seria regravada em 1987 para fazer ainda mais sucesso no disco autointitulado. O vocalista David Coverdale ficou bastante empolgado e chegou a “sumir” por alguns dias para fazer a letra da canção, segundo o guitarrista.

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“Chamei Micky Moody para tocar comigo, mas ele disse que estava meio ocupado. Toquei todas as partes do solo de guitarra em harmonia, com direito a uma referência a ‘Woman’, de John Lennon. Eu imaginava que era uma grande música, mas nunca sonhei no tamanho que ela ganharia”, afirmou.

Quando “Saints & Sinners” começou a ser mixado, a situação do Whitesnake começou a mudar. “David estava falando com seu advogado e quase que imediatamente, Moody saiu da banda de forma abrupta. Fiquei triste, pois não imaginava, embora apenas eu e David estivéssemos trabalhando em estúdio”, disse Marsden.

Jon Lord era esperado para gravar alguns overdubs de teclados, mas não compareceu, assim como Ian Paice, que faltou a uma sessão em estúdio. “Descobrimos que eles tinham ido a uma corrida de cavalos. David estava visivelmente triste e desapontado, assim como eu. Micky havia saído, Jon e Ian estavam desinteressados e não víamos Neil Murray há algum tempo”, afirmou o guitarrista.

Bernie Marsden relembra de um conselho curioso que deu a David Coverdale: “Devíamos acabar com tudo isso, David. Vamos parar com isso, cara”. “Eu não entendi o efeito completo do que estava falando. Os olhos de David ficaram bem abertos. Ele sorria enquanto sentia um peso deixando seus ombros. Ele dizia achar que era o único que pensava naquilo. Eu garanti a ele que não era. Ele contou que já havia tido alguns encontros com advogados para resolver”, relembrou.

A demissão

Houve uma tentativa de demitir os empresários do Whitesnake, representados pela Seabreeze. Todos compareceram à reunião, mas David Coverdale não foi. Bernie Marsden relata que era justo dispensar a empresa, especialmente o empresário John Coletta, que tinha histórico de incompetência.

Outra reunião, com os integrantes da banda, foi marcada. Jon Lord, Ian Paice, Neil Murray e Bernie Marsden compareceram. A expectativa era que David Coverdale também estivesse lá, mas ele não chegava. Então, o empresário John Coletta tomou a palavra.

– Leia também: “1987”, o disco do Whitesnake que tinha tudo para dar errado

“Ele disse: ‘antes de falarem algo, falei com o advogado de David nesta manhã e o Whitesnake acabou para vocês’. Ele saiu da sala apontando o dedo para Ian, Neil e, para minha surpresa, para mim. Fui o autor da minha própria demissão com aquele meu comentário sobre David acabar com a banda. A sala ficou em silêncio. Não percebi, mas ele foi orientado a acabar com a banda para fugir da confusão com a Seabreeze. Depois, ele me falou que era a única forma de fugir daquilo”, afirmou.

Ian Paice ficou atônito e deixou a sala, segundo Bernie Marsden, enquanto Jon Lord parecia “sombrio” e Neil Murray, “confuso”. Marsden relatou que John Coletta o chamou de lado para dizer que a gravadora EMI pensava em contratá-lo como artista solo. “Tive que assinar um novo contrato naquele dia. Ainda em choque, assinei. Coletta até me levou para a EMI mais tarde para falar do futuro. Saí de lá em pedaços, pois a melhor banda que um guitarrista gostaria de ter acabou sem uma briga ou um grito e uma parceria de compositores foi encerrada por uma gestão ruim”, disse.

O guitarrista não entende ainda se foi demitido ou se o Whitesnake acabou naquele dia – para acabar sendo reformado em seguida. “Se fui demitido, tenho orgulho em dizer que fui dispensado junto do melhor baterista do mundo. Ian Paice deu de ombros e se juntou à banda de Gary Moore. Jon Lord continuou trabalhando de forma diferente com o Whitesnake. Cozy Powell substituiu Ian, Colin Hodgkinson substituiu Neil e Mel Galley me substituiu. Pensei que Gary Moore havia sido considerado para minha vaga, baseado em um encontro misterioso que rolou antes de tudo isso. Gary foi ao estúdio e parecia irritado em me ver”, relembrou.

Curiosamente, Micky Moody voltou para o Whitesnake, mas não durou muito, porque John Sykes assumiu a vaga dele. “Saints & Sinners” acabou sendo o último álbum com a formação inicial do Whitesnake. Jon Lord saiu de vez em 1984, enquanto que Neil Murray, embora demitido em 1982, voltou em 1983 e seguiu até 1987. A partir de “Slide It In”, a banda de David Coverdale mudou de integrantes por diversas vezes, mas multiplicou seu sucesso.

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Igor Miranda
Igor Miranda
Igor Miranda é jornalista formado pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU), com pós-graduação em Jornalismo Digital. Escreve sobre música desde 2007. Além de editar este site, é colaborador da Rolling Stone Brasil. Trabalhou para veículos como Whiplash.Net, portal Cifras, revista Guitarload, jornal Correio de Uberlândia, entre outros. Instagram, Twitter e Facebook: @igormirandasite.

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Um trecho do novo livro do guitarrista Bernie Marsden, “Where’s My Guitar? An Inside Story of British Rock & Roll”, revela com detalhes como o Whitesnake passou por uma mudança praticamente integral de formação em 1982. Em uma mesma reunião, foram demitidos Marsden, o tecladista Jon Lord, o baterista Ian Paice e o baixista Neil Murray. O também guitarrista Micky Moody estava em uma situação curiosa: chegou a sair, mas voltou para deixar o grupo de novo.

Marsden recordou ter composto a música que mudaria a vida dele: “Here I Go Again”, lançada pelo Whitesnake em 1982, no álbum “Saints & Sinners”, e que seria regravada em 1987 para fazer ainda mais sucesso no disco autointitulado. O vocalista David Coverdale ficou bastante empolgado e chegou a “sumir” por alguns dias para fazer a letra da canção, segundo o guitarrista.

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“Chamei Micky Moody para tocar comigo, mas ele disse que estava meio ocupado. Toquei todas as partes do solo de guitarra em harmonia, com direito a uma referência a ‘Woman’, de John Lennon. Eu imaginava que era uma grande música, mas nunca sonhei no tamanho que ela ganharia”, afirmou.

Quando “Saints & Sinners” começou a ser mixado, a situação do Whitesnake começou a mudar. “David estava falando com seu advogado e quase que imediatamente, Moody saiu da banda de forma abrupta. Fiquei triste, pois não imaginava, embora apenas eu e David estivéssemos trabalhando em estúdio”, disse Marsden.

Jon Lord era esperado para gravar alguns overdubs de teclados, mas não compareceu, assim como Ian Paice, que faltou a uma sessão em estúdio. “Descobrimos que eles tinham ido a uma corrida de cavalos. David estava visivelmente triste e desapontado, assim como eu. Micky havia saído, Jon e Ian estavam desinteressados e não víamos Neil Murray há algum tempo”, afirmou o guitarrista.

Bernie Marsden relembra de um conselho curioso que deu a David Coverdale: “Devíamos acabar com tudo isso, David. Vamos parar com isso, cara”. “Eu não entendi o efeito completo do que estava falando. Os olhos de David ficaram bem abertos. Ele sorria enquanto sentia um peso deixando seus ombros. Ele dizia achar que era o único que pensava naquilo. Eu garanti a ele que não era. Ele contou que já havia tido alguns encontros com advogados para resolver”, relembrou.

A demissão

Houve uma tentativa de demitir os empresários do Whitesnake, representados pela Seabreeze. Todos compareceram à reunião, mas David Coverdale não foi. Bernie Marsden relata que era justo dispensar a empresa, especialmente o empresário John Coletta, que tinha histórico de incompetência.

Outra reunião, com os integrantes da banda, foi marcada. Jon Lord, Ian Paice, Neil Murray e Bernie Marsden compareceram. A expectativa era que David Coverdale também estivesse lá, mas ele não chegava. Então, o empresário John Coletta tomou a palavra.

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“Ele disse: ‘antes de falarem algo, falei com o advogado de David nesta manhã e o Whitesnake acabou para vocês’. Ele saiu da sala apontando o dedo para Ian, Neil e, para minha surpresa, para mim. Fui o autor da minha própria demissão com aquele meu comentário sobre David acabar com a banda. A sala ficou em silêncio. Não percebi, mas ele foi orientado a acabar com a banda para fugir da confusão com a Seabreeze. Depois, ele me falou que era a única forma de fugir daquilo”, afirmou.

Ian Paice ficou atônito e deixou a sala, segundo Bernie Marsden, enquanto Jon Lord parecia “sombrio” e Neil Murray, “confuso”. Marsden relatou que John Coletta o chamou de lado para dizer que a gravadora EMI pensava em contratá-lo como artista solo. “Tive que assinar um novo contrato naquele dia. Ainda em choque, assinei. Coletta até me levou para a EMI mais tarde para falar do futuro. Saí de lá em pedaços, pois a melhor banda que um guitarrista gostaria de ter acabou sem uma briga ou um grito e uma parceria de compositores foi encerrada por uma gestão ruim”, disse.

O guitarrista não entende ainda se foi demitido ou se o Whitesnake acabou naquele dia – para acabar sendo reformado em seguida. “Se fui demitido, tenho orgulho em dizer que fui dispensado junto do melhor baterista do mundo. Ian Paice deu de ombros e se juntou à banda de Gary Moore. Jon Lord continuou trabalhando de forma diferente com o Whitesnake. Cozy Powell substituiu Ian, Colin Hodgkinson substituiu Neil e Mel Galley me substituiu. Pensei que Gary Moore havia sido considerado para minha vaga, baseado em um encontro misterioso que rolou antes de tudo isso. Gary foi ao estúdio e parecia irritado em me ver”, relembrou.

Curiosamente, Micky Moody voltou para o Whitesnake, mas não durou muito, porque John Sykes assumiu a vaga dele. “Saints & Sinners” acabou sendo o último álbum com a formação inicial do Whitesnake. Jon Lord saiu de vez em 1984, enquanto que Neil Murray, embora demitido em 1982, voltou em 1983 e seguiu até 1987. A partir de “Slide It In”, a banda de David Coverdale mudou de integrantes por diversas vezes, mas multiplicou seu sucesso.

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Igor Miranda
Igor Miranda
Igor Miranda é jornalista formado pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU), com pós-graduação em Jornalismo Digital. Escreve sobre música desde 2007. Além de editar este site, é colaborador da Rolling Stone Brasil. Trabalhou para veículos como Whiplash.Net, portal Cifras, revista Guitarload, jornal Correio de Uberlândia, entre outros. Instagram, Twitter e Facebook: @igormirandasite.

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