Por que não se ouve o baixo de Jason Newsted em ‘…And Justice For All’, do Metallica

O site da revista Rolling Stone publicou uma matéria bastante completa a respeito do som do baixo de Jason Newsted em “…And Justice For All”, seu primeiro disco com a banda, que completou 30 anos de lançamento no último sábado (25). A publicação apresenta os principais motivos que justificam o volume reduzido do instrumento, quase inaudível na mixagem final.

As explicações resgatadas pelo texto de Kory Grow vão desde a falta de experiência de Newsted até pedidos feitos pelo baterista Lars Ulrich aos profissionais de estúdio. A produção do álbum, vale destacar, é assinada por Flemming Rasmussen em parceria com Ulrich e o vocalista e guitarrista James Hetfield.

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Jason Newsted e James Hetfield comentam

Jason Newsted contou, em entrevista ao Metal Exiles concedida em 2013, que só conseguiu reconhecer o principal problema do baixo em “…And Justice For All” depois de algum tempo. Para ele, a falta de experiência influenciou no resultado final, já que suas linhas de baixo eram muito semelhantes ao que James Hetfield tocava na guitarra.

“Quando gravei ‘…And Justice For All’, eu só tinha gravado uma vez, em ‘Doomsday’ do Flotsam And Jetsam (esquecendo-se de ‘Garage Days’). […] Para ‘…And Justice’, entrei em estúdio com um engenheiro assistente e ninguém mais, nenhum outro membro da banda. […] Fiz o mesmo do disco do Flotsam: gravei minhas partes e fui para casa. Não tinha ninguém para trabalhar em cima das partes. Como baixista do Flotsam, não entendia muito de tocar as linhas, só sabia sobre tocar bem rápido como se fosse uma guitarra – basicamente, todos tocando a mesma coisa como uma parede sonora. Então, ficou tudo na mesma frequência: meu baixo e a guitarra de James brigando pela mesma frequência. Se eu soubesse naquela época o que sei hoje em dia, teria sido diferente, mas tornou-se um clássico do mesmo jeito”, disse, na ocasião.

– Leia: Lars Ulrich é, sim, um ótimo baterista

Em entrevista concedida à Guitar World em 2008, James Hetfield reforçou a explicação de Jason Newsted. “O baixo ficou apagado por duas razões. Primeiro, Jason tendia a dobrar minhas partes de guitarra, então era difícil dizer onde minha guitarra começava e seu baixo parava. Além disso, o meu timbre em ‘Justice’ focava muito nos agudos e graves, com poucos médios, consumindo todas as frequências mais baixas. Jason e eu estávamos sempre lutando pelo mesmo espaço na mixagem”, explicou, na época.

Hetfield contou, ainda, que o problema foi resolvido no disco seguinte, autointitulado (conhecido como “Black Album”), de 1991, com produção de Bob Rock. “Bob realmente nos ajudou a ‘orquestrar’ e trazer o grave, fazendo a guitarra e o baixo trabalharem juntos”, afirmou, na ocasião.

Outra explicação sobre o baixo de “…And Justice For All”

O engenheiro de mixagem Steve Thompson deu um relato diferente ao ter sido entrevistado pelo Ultimate Guitar em 2015. Segundo ele, Lars Ulrich pediu que o som do baixo fosse reduzido em “…And Justice For All”, já que a ideia era conseguir um som “mais garagem” do que o obtido em “Master Of Puppets”, de 1986.

– Veja: 7 composições que mostram como James Hetfield é bom letrista

A equalização inicial, nessa nova pegada, não comprometia tanto o som do baixo e James Hetfield ficou satisfeito com o resultado, segundo Thompson. Lars Ulrich, por sua vez, insistiu em mais mudanças e quis a redução do volume do instrumento.

“Ele disse: ‘veja esse baixo?’. Eu falei: ‘sim, bem legal, ele mandou bem’. Ele falou: ‘quero que você reduza o baixo a um ponto em que mal seja possível ouvi-lo na mixagem’. Perguntei se ele estava brincando e ele disse que não. Abaixei até esse nível e ele ainda pediu a redução de mais 5 dB. Virei para Hetfield e perguntei: ‘é sério?'”, relembrou.

Bullying no Metallica?

Ao ser questionado sobre essa versão e sobre os relatos de que Jason Newsted teria sofrido bullying no Metallica – o que justificaria a mudança na mixagem -, Lars Ulrich disse que nada ocorreu de forma intencional. “‘Justice’ era ‘O Show de James e Lars’ do início ao fim, mas não era algo tipo: ‘f*da-se esse cara, vamos reduzir o volume do baixo’. Era algo mais como: ‘estamos mixando, então, vamos dar um tapinha nas nossas costas e aumentar a guitarra base e a bateria’. Mas transformamos tudo isso até um ponto em que o baixo desapareceu”, disse.

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Igor Miranda
Igor Miranda
Igor Miranda é jornalista formado pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU), com pós-graduação em Jornalismo Digital. Escreve sobre música desde 2007. Além de editar este site, é colaborador da Rolling Stone Brasil. Trabalhou para veículos como Whiplash.Net, portal Cifras, revista Guitarload, jornal Correio de Uberlândia, entre outros. Instagram, Twitter e Facebook: @igormirandasite.

1 COMENTÁRIO

  1. Faz todo o sentido esta matéria pois seria inacreditável como foi divulgado em muitas notícias que James H. estivesse querendo punir, se vingar do baixista apagando na mixagem final tudo o que ele gravou para o extraordinário álbum And Justice For All e realmente em destaque a bateria…
    Um outro álbum em que não foi gravado o baixo foi o 2º álbum solo do Michael Schenket, perceptível na primeira faixa Are You Read To Rock que também destaca o som da bateria, batidas fortes do falecido Cozzy Powell!

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