O baterista Lars Ulrich relembrou, em entrevista ao jornalista Jan Gradvall (transcrição via Blabbermouth), a ocasião em que conheceu o vocalista e guitarrista James Hetfield, com quem formou o Metallica no início da década de 1980.
Ulrich, que é dinamarquês, relembrou que sua família se mudou para Los Angeles e a ideia era que ele se tornasse jogador de tênis profissional. “Era para eu me tornar o 2° jogador da escola Corona Del Mar. Na Dinamarca, eu estava no top 10 do país e blá-blá-blá. […] O problema é que quando tentei entrar para o time daquela escola, eu não fiquei entre os sete melhores. Eu não estava nem entre os sete melhores da rua onde eu morava. Então, em um dia, todo esse sonho do tênis acabou e a música estava esperando para tomar conta”, afirmou.
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Então, o baterista colocou um anúncio no jornal de classificados locais The Recycler, que era vendido em todas as lojas da franquia 7-Eleven. “Havia uma pequena seção de músicos e coloquei o anúncio: ‘Baterista procurando por outros fãs de metal para começar uma banda. Influências: Diamond Head, Angel Witch, Tygers Of Pan Tang e Venom’. Aí alguns caras me ligaram falando: ‘eu curto heavy metal, gosto de Styx, Kansas e Van Halen’. E eu perguntava quem era Diamond Head. Era o tipo de conversa que rolava. Tentei tocar com alguns desses caras e não deu certo”, disse.
Depois de algum tempo, um cara chamado Hugh Tanner ligou e perguntou se poderia levar um amigo. “O cara era James Hetfield. Muito tímido, introvertido, mal olhava nos olhos, custava a conversar. Mas havia alguma conexão quando tocávamos. […] Era junho de 1981, então passei o verão na Europa e passei algum tempo na Inglaterra com DIamond Head e Motörhead. Quando voltei à América, em outubro daquele ano, liguei para aquele James Hetfield, porque havia uma vibe, uma conexão. Perguntei se ele queria se juntar e ver se havia a chance de fazermos algo. E 37 anos depois, estou aqui”, afirmou.
O baterista, em seguida, destacou a diferença cultural entre os dois. “Venho de uma cultura europeia, fui filho único, muito próximo aos meus pais, que eram meus melhores amigos. Ele era o exato oposto: o clássico rebelde americano, tipo: ‘f*dam-se meus pais, a sociedade e Deus’. Acho que o pai dele abandonou a família. Não sei quando, mas sei que ele era bem desconectado de seu pai e foi criado pela mãe, que teve câncer quando ele tinha 14 ou 15 anos. E por causa da crença que tinham, não podiam procurar ajuda médica. Durante um ano e meio, ele viu a mãe morrer, então teve um impacto forte nele. Eu o conhecei, acho, depois de um ano, talvez ele tivesse 17 ou 18 anos. Ele era muito tímido e estranho, mas nos conectamos e ouvíamos discos do Tygers Of Pan Tang, Girlschool, Saxon e Angel Witch, que ele amava. Ele ouvia mais bandas americanas, como Aerosmith e Ted Nugent, mas encontramos uma linguagem comum”, disse.
Enquanto as bandas locais tocavam covers de Kiss e Judas Priest, Lars Ulrich queria fazer algo diferente com o Metallica. “Muitas das músicas que tocávamos eram covers de NWOBHM que estavam bem fora do radar, porque queríamos começar a tocar logo. Muitas bandas nos clubes tocavam músicas de Kiss e Judas Priest, então, pensamos em tocar covers, mas de músicas que as pessoas não conhecessem. Então, teríamos tempo de começar a fazer nossas músicas depois”, afirmou.