Vinnie Vincent, enfim, apareceu. O ex-guitarrista do Kiss, que se mantém recluso de aparições públicas e trabalhos na música desde a década de 1990, é a atração principal da Atlanta Kiss Expo, a ser realizada entre esta sexta-feira (19) e sábado (20) em Atlanta, nos Estados Unidos.
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Em sua primeira entrevista em mais de 20 anos, concedida ao jornalista Eddie Trunk, o músico falou sobre o período em que passou afastado da mídia. Entre as duas décadas de afastamento, Vincent chegou a ser preso, em 2011, acusado de agredir a esposa, a já falecida Diane Cusano.
“Passei 20 anos no inferno. Os golpes que sofri poderiam ter sido não tão grandes. Poderiam ter sido rápidos e, amigavelmente, eliminariam 20 anos de dor”, disse Vincent, sem especificar quais foram os “golpes” sofridos.
Embora tenha afirmado isso, Vinnie Vincent disse que sua vida se tornou “pequena como poderia ser”. “Tornei-me muito feliz e contente. Tudo o que faço é tocar, compor, gravar, cuidar de meus cães. Tenho uma vida muito privada e pacífica, não tive isso por muito tempo. Muitos fãs sabem de muitas coisas, mas eles também não sabem de muitas coisas”, pontuou.
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O guitarrista também fez elogios ao Kiss, banda com quem se envolveu em diversas ações judiciais – nas quais, inclusive, foi derrotado em todas. “Diria, sobre o Kiss, que são meus amigos. Esses são os caras que amo, nos dias de hoje. Tenho grandes memórias. Não é sempre que você tem uma banda e tem certa… odeio a palavra ‘mágica’, mas é uma mágica. É algo que não se pode descrever. Os Beatles, The Who, Led Zeppelin tiveram isso. Sempre busquei isso e nunca consegui até os conhecer”, afirmou.
Reclusão e possível retorno
Afastado durante todo esse período, Vinnie Vincent revelou o que tem feito da vida. “Toco por sete horas diárias. Cuido de meus cachorros. Compnho, gravo, faço tudo o que sempre fiz. Só não estou fazendo em público”, disse.
Vinnie também foi questionado se a presença na Atlanta Kiss Expo pode resultar em outras aparições públicas. “Penso que se me quiserem de volta, eu voltarei. Estou aqui. Só saí porque o mundo mudou. As pessoas, a internet mudou. As pessoas ficaram muito más. Não sinto isso mais – só quero que pessoas saiam (do evento) e digam: ‘tive um ótimo momento, foi bem legal’. Isso me dá a chance de finalmente deixar o passado para trás, tudo o que foi ruim, e olhar para frente para enxergar o que quer que esteja lá”, afirmou.
Processos contra o Kiss
Durante o bate-papo, Vincent comentou sobre os polêmicos processos que moveu contra o Kiss, sobre os quais, geralmente, pedia valores em royalties por suas contribuições autorais nos álbuns “Creatures Of The Night” (1982), “Lick It Up” (1983) e “Revenge” (1992). O músico, curiosamente, foi derrotado em todas as ações.
“Todos os problemas que tivemos foram contratuais. Tudo o que pedi foi um tratamento justo, nada além. Direitos de publicação são como ter sua casa, seu carro. Se você não tem essas coisas, você está alugando”, disse.
Vinnie continuou: “Há pessoas que pensam que se elas sentam em seu carro e você as leva para uma carona, em algum momento, vão pedir uma peça. Corresponde ao dono da propriedade. Não é mais difícil do que isso. As pessoas que dizem que isso não é importante, geralmente, são as que querem sua propriedade”.
Apesar disso, Vinnie Vincent demonstrou não guardar ressentimentos com seus ex-patrões, Paul Stanley e Gene Simmons. Ele afirmou, ainda, que aceitou o convite feito por Simmons para comparecer a um evento promocional de seu box set, “The Vault”, em Nashville (EUA), no dia 14 de abril.
Invasion ‘meio-bom’ e Mark Slaughter irritante
Ao longo do bate-papo, o músico também falou sobre o seu trabalho com o Vinnie Vincent Invasion. A banda lançou dois discos entre os anos de 1986 e 1988. Após divergências internas, o vocalista Mark Slaughter e o baixista Dana Strum deram um jeito de reverter o contrato que o grupo tinha com a gravadora Chrysalis para o novo projeto deles, Slaughter. Em outras palavras: Vincent acabou demitido de seu próprio projeto.
Vinnie foi pontual ao dizer que o segundo disco, “All Systems Go” – com Mark Slaughter nos vocais -, “nunca deveria ter existido”. “Rob (Robert Fleischmann, primeiro vocalista) deveria ter ficado no projeto. O som básico daquele disco era como (Jimmy) Page e (Robert) Plant – era Rob e eu. O primeiro disco foi ótimo. Era minha visão, Rob cantando, tudo foi bem. A segunda versão disso nunca deveria ter acontecido. Eu tinha o poder, deveria tê-lo tomado”, afirmou.
O músico disse, ainda, que a situação só se prolongou por questões comerciais. “As pessoas envolvidas não deveriam ter se envolvido, mas havia uma máquina publicitária… como um produto. Tinha a ver apenas com publicidade e tendência. As músicas eram realmente boas, mas as gravações não saíram como eu teria feito. Nunca deveria ter lançado gravações assim. Quando digo gravações: o primeiro disco, sim; o segundo, não; e aquele cantor (Mark Slaughter) era insuportável”, pontuou.