5 bandas de rock que se renderam à febre da disco music

A disco music foi um dos estilos musicais de maior sucesso da década de 1970. Além do êxito em seu período de auge, o gênero ajudou a formar as bases da música pop que emplacam atualmente.

O sucesso da disco music entre o fim da década de 1970 e o início dos anos 1980 foi tão grande que algumas bandas de rock se propuseram a fazer álbuns que flertassem com o gênero. Abaixo, estão listados cinco grupos ou artistas roqueiros que se renderam à febre da disco music.

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Kiss

O Kiss passava por uma crise interna no fim da década de 1970. O grupo conquistou o sucesso que tanto almejava com o ao vivo “Alive” (1975) e lançou três álbuns bastante elogiados: “Destroyer” (1976), “Rock And Roll Over” (1976) e “Love Gun” (1977).

“Alive II” (1977) parece ter fechado um ciclo dentro do Kiss, que, internamente, havia rachado: os frontmen Paul Stanley e Gene Simmons se voltaram contra o guitarrista Ace Frehley e o baterista Peter Criss, mergulhados em seus excessos. Os egos estavam inflados e o ambiente não era nada legal.

A ideia de lançar um filme, “Kiss Meets the Phantom of the Park” (1978), e quatro discos solo – um de cada artista, divulgados na mesma data – só pioraram a situação. A batalha de egos e os conflitos pelo controle artístico do Kiss culminaram em uma investida disco, refletida em “Dynasty” (1979).

Considero discreta a pegada pop em “Dynasty”: ela se evidencia mais no hit “I Was Made For Lovin’ You” e em momentos mais isolados, como “Sure Know Something” e “Charisma”. O restante do álbum traz o hard rock que já havia consagrado o grupo anteriormente.

Peter Criss, que já não havia tocado em “Dynasty”, também não assumiu as baquetas em “Unmasked” (1980), disco bem mais pop que o antecessor. Anton Fig tocou em ambos os registros. “Unmasked” apresenta ainda mais elementos da disco music e do soft rock, seja na deslocada “Easy As It Seems”, na dançante “Is That You?” ou na balada pop rock “Shandi”.

Diferente de “Dynasty”, “Unmasked” não conseguiu emplacar um hit do porte de “I Was Made For Lovin’ You”. O Kiss ainda fez um disco experimental e quase prog, intitulado “(Music From) The Elder” (1981), antes de voltar aos trilhos com “Creatures Of The Night” (1982) – já sem Ace Frehley na formação.

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David Bowie

Como a discografia de David Bowie tem uma característica experimental, muitos consideram seu álbum “disco music” como um período de mera expressão artística. Mesmo assim, o camaleão acabou sendo, sim, inspirado pelo estilo que estava em voga no início da década de 1980.

O resultado do “mergulho dance” de David Bowie está em “Let’s Dance” (1983), influenciado não só por questões artísticas, mas, também, por objetivos comerciais. “Lodger” (1979) não fez tanto sucesso, enquanto “Scary Monsters And Super Creeps” (1980) emplacou, em especial, graças ao single “Ashes To Ashes”.

Bowie precisava dar uma resposta à EMI, que o contratou sob um orçamento de US$ 17,5 milhões. E deu: “Let’s Dance” é um de seus álbuns de maior sucesso comercial. Apesar disso, foi um momento isolado, pois o registro seguinte, “Tonight” (1984), já não traz quase nada da disco music – ainda é pop, mas com bases mais estabelecidas no R&B e na soul music.

Queen

O mundo dá voltas, então, nunca diga nunca. Tais ditados, tão clichês, são úteis para explicar a relação entre o Queen e os sintetizadores.

Na década de 1970, o Queen parecia ter uma espécie de política anti-sintetizadores. A regra mudou no álbum “The Game” (1980), com o uso do equipamento em faixas como “Play The Game” e “Save Me”. Deu certo: o LP fez muito sucesso, no embalo da dançante “Another One Bites The Dust”.

Em “Hot Space” (1982), álbum mais “disco music” do Queen, fez-se uso até de drum machine, também conhecida como máquina de ritmos, para a obtenção de um som mais “moderno” ao registro. Os flertes com funk, R&B e até reggae também são mais claros.

Não deu certo. Crítica e fãs reprovaram “Hot Space”, que não repetiu o sucesso de “The Game” e marcou o início da desilusão do Queen com relação aos Estados Unidos.

Rod Stewart

A disco music colocou Rod Stewart em outro patamar. Até flertar com o gênero, o cantor tinha uma carreira consistente no rock, com oito álbuns solo e outros registros com o The Faces.

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A situação mudou em 1978, com “Blondes Have More Fun”, que foi execrado pela crítica e pelos fãs de longa data, mas conquistou um novo público. Aqui, Rod Stewart se adapta ao padrão disco/pop da época em alguns momentos, enquanto outras faixas resgatam o rock que o cantor apresentou em registros anteriores.

Além do sucesso nos Estados Unidos, Rod Stewart conseguiu êxito em diversos países europeus, como França e Alemanha – além, é claro, do Reino Unido, que é a sua terra natal. A partir de então, Stewart não voltou mais para o hard rock e engatou uma carreira baseada no pop rock, sempre com influências evidentes da blue-eyed soul.

Rolling Stones

Até os Stones entraram de cabeça na disco music. E fizeram isso com classe, sem deixar as características do gênero tão evidentes.

Apesar de nunca ter deixado de fazer sucesso, os Rolling Stones começaram a ser taxados de “banda datada” na metade da década de 1970, devido a álbuns como “It’s Only Rock N’ Roll” (1974) e “Black And Blue” (1976). São bons trabalhos, mas, de fato, soam menos inspirados do que clássicos do porte de “Sticky Fingers” (1971) e “Exile on Main St.” (1972).

Os Rolling Stones aproveitaram alguns elementos da disco music para apresentar algo diferente. Daí, saiu “Some Girls” (1978), que traz pitadas mais generosas de R&B e canções mais dançantes.

O reconhecimento não foi apenas comercial, com a primeira posição nos charts nos Estados Unidos e Canadá e singles emplacados por todo o mundo: a crítica encarou “Some Girls” como o melhor trabalho dos Stones desde “Exile on Main St.”. Rolou até uma uma indicação ao Grammy de Álbum do ano, em 1979 – o único dos Stones a concorrer ao prêmio. A trilha sonora de “Saturday Night Fever” acabou por conquistar a estatueta.

Elementos da disco music foram preservados em algumas músicas do álbum sucessor, “Emotional Rescue” (1980). “Tattoo You” (1981) garantiu uma espécie de volta às raízes, enquanto “Undercover” (1983) e “Dirty Work” (1986) flertam com outro tipo de pop, mais baseado na new wave.

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Igor Miranda
Igor Miranda
Igor Miranda é jornalista formado pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU), com pós-graduação em Jornalismo Digital. Escreve sobre música desde 2007. Além de editar este site, é colaborador da Rolling Stone Brasil. Trabalhou para veículos como Whiplash.Net, portal Cifras, revista Guitarload, jornal Correio de Uberlândia, entre outros. Instagram, Twitter e Facebook: @igormirandasite.

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