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“Silver”, do Gotthard, não empolga, mas mostra alguma evolução

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Gotthard: “Silver” [2017]

Não é fácil para uma banda como o Gotthard chegar ao seu 25° aniversário. O grupo surgiu na Suíça, terra de pouca tradição no rock, e alçou-se à fama com um segmento que remete muito mais aos Estados Unidos: o hard rock. Para dificultar ainda mais este caminho, o vocalista Steve Lee morreu em 2010 e o grupo decidiu seguir com Nic Maeder em seu lugar.

O título de “Silver” remete a esses difíceis, porém gloriosos 25 anos vivenciados pelo Gotthard. As “bodas de prata” do grupo são celebradas em seu 12° disco de estúdio.

Considerando o tom celebrativo de “Silver”, o Gotthard preferiu fazer menos experimentos ao longo do álbum. É um disco mais hard rock, apesar de dispor de flertes mais específicos ao pop rock. Ainda assim, há alguns momentos diferentes do convencional, como a leve “Beautiful” e a groovy “Miss Me”.

O uso de instrumentos orquestrados e os teclados ocasionais são os principais diferenciais de “Silver” com relação aos antecessores. São elementos que já apareceram em outros discos, mas, aqui, surtem um efeito melhor.

Contudo, “Silver” apresenta os mesmos problemas de seus dois antecessores diretos. E alguns deles estão ligados à produção. Parece que Leo Leoni fez curso com John Shanks, produtor dos álbuns mais recentes do Bon Jovi, e desaprendeu como usar a distorção em sua guitarra.

Nas músicas mais agitadas, ouve-se muito pouco a guitarra – e o resquício do que se escuta, não traz sustentação. Quando aparecem, os teclados soam mais consistentes que as seis cordas. Tal punch só surge em “My Oh My”, penúltima faixa da tracklist. Músicas como “Electrified” e “Tequila Symphony No. 5” poderiam ser bem melhores se os guitarristas aparecessem mais.

Outro ponto a se destacar – de forma parcialmente negativa – é o contestado vocalista Nic Maeder. As composições nem sempre ajudam, mas ele ainda precisa se encontrar. Por vezes, tenta emular Steve Lee, mas sem maestria. Quando envereda por caminhos mais autorais em sua voz, especialmente nas baladas, se sai bem. Já os “rocks” soam sem identidade.

Positivamente, há de se destacar que “Silver” tem um repertório um pouco melhor que “Bang!”, antecessor e um dos álbuns mais fracos do Gotthard. Ainda não é o suficiente para salvar o disco de uma avaliação mediana, mas é um começo.

Steve Lee faz falta, tanto por sua voz única quanto pelo entrosamento autoral ao lado de Leo Leoni. Entretanto, a banda precisa seguir em frente, já que optou por isto. Aqui, os músicos parecem, enfim, terem entendido isto. Só falta tratar Nic Maeder como alguém que não seja apenas um cover de Lee.

Nota 6

Nic Maeder (vocal)
Leo Leoni (guitarra)
Freddy Scherer (guitarra)
Marc Lynn (baixo)
Hena Habegger (bateria)

01. Silver River
02. Electrified
03. Stay With Me
04. Beautiful
05. Everything Inside
06. Reason for This
07. Not Fooling Anyone
08. Miss Me
09. Tequila Symphony No.5
10. Why
11. Only Love is Real
12. My Oh My
13. Blame on Me

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Igor Miranda
Igor Miranda
Igor Miranda é jornalista formado pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU), com pós-graduação em Jornalismo Digital. Escreve sobre música desde 2007. Além de editar este site, é colaborador da Rolling Stone Brasil. Trabalhou para veículos como Whiplash.Net, portal Cifras, revista Guitarload, jornal Correio de Uberlândia, entre outros. Instagram, Twitter e Facebook: @igormirandasite.

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