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Ace Frehley abandona preguiça e faz rock n’ roll dos bons em “Space Invader”

Ace Frehley: “Space Invader” (2014)

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Não tive tantas expectativas sobre “Space Invader”. O novo disco de Ace Frehley poderia ser tão mediano quanto o antecessor, “Anomaly”, de 2009. Por outro lado, o eterno Spaceman do KISS é o meu guitarrista preferido pelo conjunto da obra. Ou seja: não o admiro somente enquanto músico separado, mas pelos trabalhos que fez com a banda de mascarados ou em carreira solo.
Em entrevista à edição especial da revista Rolling Stone sobre o KISS, Ace Frehley resumiu a sua vida após o fim do período de reunião com a banda ao falar que estava trabalhando com animação computadorizada ao dizer: “Ainda sou preguiçoso, senhoras e senhores”. É bizarro, porque ele foi o músico mais talentoso e influente da história do grupo mascarado. Mas a sensação de “preguiça” do disco anterior não se aplicou a “Space Invader”. Frehley voltou a fazer rock n’ roll de forma espontânea, com vontade e com a pitada de hard rock setentista que marcou grande parte de sua trajetória.
A faixa título abre o álbum com um refrão gostoso e um solo de wah wah que mostra que Ace Frehley preparou esse disco com esmero muito maior que o anterior. A voz causa estranheza por estar um pouco mais grave do que de costume e aparentemente com dificuldades para soltar-se. Mas nada que interfira no trabalho final. “Gimme A Feelin'” é um hard rock com forte influência do blues, especialmente na construção dos acordes da guitarra. A melodia é um pouco mais reta, mas ainda sensacional. Frehley volta a brilhar com solos.

“I Wanna Hold You” tem uma pitada de anos 1960, pela composição simples, direta e divertida. A bateria é turbinada. Pela perspectiva um pouco mais contemporânea nos riffs e na tonalidade, “Change” lembra um pouco o disco “Anomaly”. Mas com muita qualidade. O destaque é a letra, que fala justamente sobre mudanças.
“Toys” é um hard rock pesado, com riffs bestiais e muitos solos de guitarra ao longo da canção. O refrão é bem construído. Uma das melhores faixas do disco. “Immortal Pleasures” é uma anti-balada. Musicalmente, tem os moldes de uma canção mais melódica, mas a letra é bem humorada. Mediana. “Inside The Vortex” tem riffs fortes, assim como “Toys”. A letra resgata a clássica temática espacial, tão apreciada por Frehley. O refrão, no entanto, é morto e desanimador.
“What Every Girl Wants” é um dos grandes momentos do disco. Riffs, versos, refrão e solos sensacionais. A canção exala rock n’ roll do início ao fim. Obra de quem participou, de certa forma, da evolução do estilo. Dedicada à noiva de Ace Frehley, a cantora Rachel Gordon, “Past The Milky Way” é uma balada muito estática. A voz de Frehley não me agradou aqui, mas a letra, romântica na medida certa, é boa. A distorção da guitarra dá lugar a timbres mais comedidos no bom rock “Reckless”, que carrega um pouco da cara dos anos 1970.

“The Joker”, cover de Steve Miller Band, é agradável. Mantém a etapa de pouca distorção no disco – com exceção do solo de Ace, que é rock n’ roll na essência e na timbragem. “Starship” fecha o disco com o tradicional momento instrumental que encerra os trabalhos solo de Frehley. Desta vez, não faz parte da série “Fractured”. Apesar de longa, é uma boa canção, mas parece ter sido feita só para manter o costume já citado.
É lamentável pensar que a sequência de “Space Invader” pode demorar muito a chegar – se é que chega. A preguiça de Frehley pode fazer com que ele volte a se preocupar mais em dar entrevistas com ataques aos ex-companheiros de banda do que trabalhar de fato com música. Mas esse disco pode, também, dar início a uma vida musical mais produtiva ao veterano Spaceman. Afinal, esse trabalho possivelmente vai empolgar a quem ouvir.

Nota 8

Ace Frehley (vocal guitarra, baixo)
Matt Starr (bateria)

01. Space Invader
02. Gimme A Feelin’
03. I Wanna Hold You
04. Change
05. Toys
06. Immortal Pleasures
07. Inside The Vortex
08. What Every Girl Wants
09. Past The Milky Way
10. Reckless
11. The Joker
12. Starship

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Igor Miranda
Igor Miranda
Igor Miranda é jornalista formado pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU), com pós-graduação em Jornalismo Digital. Escreve sobre música desde 2007. Além de editar este site, é colaborador da Rolling Stone Brasil. Trabalhou para veículos como Whiplash.Net, portal Cifras, revista Guitarload, jornal Correio de Uberlândia, entre outros. Instagram, Twitter e Facebook: @igormirandasite.

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Não tive tantas expectativas sobre “Space Invader”. O novo disco de Ace Frehley poderia ser tão mediano quanto o antecessor, “Anomaly”, de 2009. Por outro lado, o eterno Spaceman do KISS é o meu guitarrista preferido pelo conjunto da obra. Ou seja: não o admiro somente enquanto músico separado, mas pelos trabalhos que fez com a banda de mascarados ou em carreira solo.
Em entrevista à edição especial da revista Rolling Stone sobre o KISS, Ace Frehley resumiu a sua vida após o fim do período de reunião com a banda ao falar que estava trabalhando com animação computadorizada ao dizer: “Ainda sou preguiçoso, senhoras e senhores”. É bizarro, porque ele foi o músico mais talentoso e influente da história do grupo mascarado. Mas a sensação de “preguiça” do disco anterior não se aplicou a “Space Invader”. Frehley voltou a fazer rock n’ roll de forma espontânea, com vontade e com a pitada de hard rock setentista que marcou grande parte de sua trajetória.
A faixa título abre o álbum com um refrão gostoso e um solo de wah wah que mostra que Ace Frehley preparou esse disco com esmero muito maior que o anterior. A voz causa estranheza por estar um pouco mais grave do que de costume e aparentemente com dificuldades para soltar-se. Mas nada que interfira no trabalho final. “Gimme A Feelin'” é um hard rock com forte influência do blues, especialmente na construção dos acordes da guitarra. A melodia é um pouco mais reta, mas ainda sensacional. Frehley volta a brilhar com solos.

“I Wanna Hold You” tem uma pitada de anos 1960, pela composição simples, direta e divertida. A bateria é turbinada. Pela perspectiva um pouco mais contemporânea nos riffs e na tonalidade, “Change” lembra um pouco o disco “Anomaly”. Mas com muita qualidade. O destaque é a letra, que fala justamente sobre mudanças.
“Toys” é um hard rock pesado, com riffs bestiais e muitos solos de guitarra ao longo da canção. O refrão é bem construído. Uma das melhores faixas do disco. “Immortal Pleasures” é uma anti-balada. Musicalmente, tem os moldes de uma canção mais melódica, mas a letra é bem humorada. Mediana. “Inside The Vortex” tem riffs fortes, assim como “Toys”. A letra resgata a clássica temática espacial, tão apreciada por Frehley. O refrão, no entanto, é morto e desanimador.
“What Every Girl Wants” é um dos grandes momentos do disco. Riffs, versos, refrão e solos sensacionais. A canção exala rock n’ roll do início ao fim. Obra de quem participou, de certa forma, da evolução do estilo. Dedicada à noiva de Ace Frehley, a cantora Rachel Gordon, “Past The Milky Way” é uma balada muito estática. A voz de Frehley não me agradou aqui, mas a letra, romântica na medida certa, é boa. A distorção da guitarra dá lugar a timbres mais comedidos no bom rock “Reckless”, que carrega um pouco da cara dos anos 1970.

“The Joker”, cover de Steve Miller Band, é agradável. Mantém a etapa de pouca distorção no disco – com exceção do solo de Ace, que é rock n’ roll na essência e na timbragem. “Starship” fecha o disco com o tradicional momento instrumental que encerra os trabalhos solo de Frehley. Desta vez, não faz parte da série “Fractured”. Apesar de longa, é uma boa canção, mas parece ter sido feita só para manter o costume já citado.
É lamentável pensar que a sequência de “Space Invader” pode demorar muito a chegar – se é que chega. A preguiça de Frehley pode fazer com que ele volte a se preocupar mais em dar entrevistas com ataques aos ex-companheiros de banda do que trabalhar de fato com música. Mas esse disco pode, também, dar início a uma vida musical mais produtiva ao veterano Spaceman. Afinal, esse trabalho possivelmente vai empolgar a quem ouvir.

Nota 8

Ace Frehley (vocal guitarra, baixo)
Matt Starr (bateria)

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03. I Wanna Hold You
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Igor Miranda é jornalista formado pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU), com pós-graduação em Jornalismo Digital. Escreve sobre música desde 2007. Além de editar este site, é colaborador da Rolling Stone Brasil. Trabalhou para veículos como Whiplash.Net, portal Cifras, revista Guitarload, jornal Correio de Uberlândia, entre outros. Instagram, Twitter e Facebook: @igormirandasite.

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