“Music from The Elder” é considerado um dos maiores fiascos da carreira do Kiss. Lançado em novembro de 1981, o nono disco de estúdio da banda trouxe uma temática conceitual e influências sinfônicas que não funcionaram e resultaram num fracasso de vendas.
Para Bob Ezrin, que voltou a trabalhar com os músicos no projeto, o material também representou um momento difícil para Paul Stanley em termos vocais. O produtor fez a revelação durante o evento “Kiss Kruise: Land-Locked in Las Vegas”.
Segundo o profissional de estúdio, o vocalista e guitarrista precisou assumir um “papel quase operático” em relação à voz. Porém, a abordagem não era confortável para o cantor.
Conforme transcrição da Ultimate Classic Rock, Bob explicou:
“Eu estava sentado ali apenas como um espectador, ouvindo e pensando: ‘uau, escuta isso, está realmente incrível!’ Há alguns momentos impressionantes no disco. Mas devo dizer, honestamente, que colocamos Paul em uma posição muito difícil. Porque ele basicamente estava cantando em um papel quase de ópera.”
Apesar de, em 1999, Paul ter atuado no musical “O Fantasma da Ópera” em Toronto, Canadá, cantar em estilo operístico era uma novidade ao Starchild à época. Sendo assim, Bob acredita que o integrante “não se sentiu realizado” com o resultado final do disco:
“Antes de atuar em ‘Fantasma da Ópera’, tudo aquilo era completamente estranho para ele. Ele estava interpretando esse papel de teatro musical, algo que não o deixava confortável. Ele fez um trabalho fantástico, mas, no fim das contas, não se sentiu realizado como se sentiria se tivéssemos feito um disco de rock tradicional.”
Exageros reconhecidos por Paul Stanley
Ao Yahoo em 2021, o próprio Paul reconheceu a insatisfação quanto ao material. Nas palavras do artista, os vocais saíram “exagerados” na maior parte do tempo:
“Eu particularmente não acho que ficou muito bom, a maior parte dos meus vocais ali às vezes é exagerada. Se você já viu o filme ‘Os Batutinhas’, parece a maneira que o Alfalfa cantava com uma voz pseudo-operística ou tentava cantar.”
Para o Starchild, o problema ia além: as canções também não soavam “poderosas”. Na autobiografia “Uma Vida Sem Máscaras”, exemplificou a questão:
“As canções que gravamos não tinham uma pegada poderosa. Não sabíamos manusear as músicas direito. Tínhamos abandonado tudo o que amávamos e abraçávamos até então. Estávamos intoxicados pela fama e pelo sucesso. Já não éramos uma banda que todos amavam e claramente também não amávamos mais aquela banda. Senão, como explicar a guinada que demos?”
Kiss e “Music from The Elder”
“Music from The Elder” marcou a estreia em estúdio do baterista Eric Carr. Lou Reed e Tony Powers colaboram como coautores em parte do tracklist. O nono disco de inéditas também representou o reencontro da banda com o produtor Bob Ezrin, cinco anos após o sucesso alcançado em “Destroyer” (1976), considerado por muitos seu álbum referencial.
O trabalho mostrava o grupo buscando uma sonoridade com influências sinfônicas e uma temática conceitual. Gene Simmons foi o artífice e pensava até mesmo em uma trilogia que ainda ganharia versão cinematográfica.
Com o tempo, ganhou status de cult, mas o fracasso mercadológico à época foi tão grande que nem houve uma turnê para divulgação. Assim, o grupo já começou a preparar seu próximo passo: o projeto “Rocking With the Boys” seria retomado, dando origem ao “Creatures of the Night” (1982).
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