Em um momento de transição, Rob Halford deixou o Judas Priest em 1992, abrindo espaço para que Tim “Ripper” Owens assumisse os vocais entre 1996 e 2003 — quando o vocalista retornou para a banda. Curiosamente, porém, o “Metal God” afirma que nunca saiu de verdade do grupo.
Embora quisesse se dedicar a projetos solo, a intenção naquele período era apenas ficar afastado temporariamente das atividades do Priest. No entanto, as coisas não saíram como o planejado.
Durante recente entrevista à Metal Hammer, Rob contou que a banda concordou em dar uma pausa. Como estavam esgotados da rotina na estrada, os integrantes chegaram à decisão juntos, como relembrado:
“Eu não saí da banda! Foi um caso de LSD: Lead Singer’s Disease (em tradução livre, ‘doença de vocalista’). Eu estava em um ótimo momento, me divertindo muito. A turnê do álbum ‘Painkiller’ foi uma das mais bem-sucedidas que já fizemos. Mas estávamos todos exaustos no final, e concordamos em dar uma pausa. Então eu disse: ‘beleza, pessoal, vou fazer um projeto paralelo’.”
Contudo, para conseguir disponibilizar outros projetos fora do Priest, o cantor — que logo formou o Fight — precisou enviar um comunicado legal à gravadora como se estivesse saindo do Priest. Por mais que não fosse esse o caso, era um procedimento tido como protocolar que, no fim das contas, “fugiu do controle”, segundo o artista:
“Era só uma cláusula contratual, basicamente. Mas aí tudo fugiu do controle. Me perguntavam: ‘como assim você está saindo?!’ e eu respondia que não estava. Saiu totalmente de proporção. Acho que foi consequência do quanto estávamos esgotados. Provavelmente deveríamos só ter dito: ‘até daqui a um ano’.”
No livro “Confesso: A autobiografia de Rob Halford” (2020), Halford revelou que o problema foi quando a nota direcionada para a companhia vazou na imprensa. Sem saber como contornar a confusão, o vocalista resolveu, de fato, largar o Priest:
“Fui aconselhado a escrever uma carta para a Columbia, em que eu ‘me demitisse’ do Priest. Disseram que se tratava puramente de uma tecnicalidade legal e que não seria nada demais. Isso meio que fez sentido para mim, então escrevi para a gravadora. De algum modo, a carta vazou… e, de repente todo mundo pensou que eu estava me demitindo de verdade do Priest […]. Não era o que eu queria nem de longe. Minha vontade era dizer, era gritar que não era verdade. Mas eu não sabia como fazê-lo […]. Eu não sabia o que dizer nem o que fazer. Assim, em vez disso, fiz o que costumava fazer muito naquela época: escondi a cabeça na areia. Fugi. Não fiz nada. E então, em setembro de 1992, se tornou oficial.”
Rob Halford, Judas Priest e a “falha de comunicação”
Divulgando a obra ao jornal de Cleveland, o cantor deixou claro que, no fim das contas, tudo não passou de uma “falha de comunicação”, ocasionada por um “momento muito frágil” dentro do Priest. Ao mencionar a situação, ele afirmou:
“Foi apenas uma falha de comunicação. Estávamos todos num momento muito frágil. Passamos pelo julgamento em Reno [quando o Judas Priest foi acusado de ter mensagens subliminares em suas músicas que teriam levado dois jovens a atirarem contra si mesmos] e, de certa forma, vencemos. Depois veio a gravação do ‘Painkiller’ e a turnê mundial. Acho que todos nós deveríamos ter sentado juntos para conversar e eu deveria ter dito: ‘vou sumir por dois anos agora’. Eu queria fazer um álbum solo, e me disseram que, pra isso, eu teria que sair da banda, o que não era verdade. Foi uma falha de comunicação e um rompimento que durou uma década. E isso é muito tempo.”
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