Por que é impossível reunir W.A.S.P. original para turnê de 40 anos, segundo Blackie Lawless

Contando apenas com o vocalista e guitarrista da formação do primeiro disco, grupo tocará o trabalho na íntegra durante a próxima turnê

Entre outubro e dezembro deste ano, o W.A.S.P. realizará uma nova tour pela América do Norte. O giro celebrará 4 décadas do lançamento do álbum de estreia da banda, que será tocado na íntegra. Death Angel e Unto Others serão as atrações de abertura. Até o momento, não há previsão de levar o show para outros continentes.

Sempre que algo do tipo é promovido, uma parte da base de fãs especula sobre reencontros de músicos da época das gravações. Porém, Blackie Lawless descarta totalmente chamar os guitarrista Chris Holmes e Randy Piper, assim como o baterista Tony Richards.

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Ele disse ao Chris Akin Presents…, conforme transcrição do Blabbermouth:

“Eu me lembro especificamente de ter essa conversa com alguém que tinha passado pela mesma coisa. Ele tinha basicamente perdido sua banda original e teve que reconstruí-la com músicos de estúdio. Ele disse: ‘Esses novos caras são profissionais incríveis.’ E foi só depois de anos que comecei a entender o que ele estava dizendo, comparando sua banda original com a que havia montado mais tarde com músicos de verdade. E ele estava certo.”

A formação atual do W.A.S.P. conta com o guitarrista Doug Blair, o baixista Mike Duda e o baterista brasileiro Aquiles Priester.

O rompimento da formação original

A seguir, Blackie falou sobre o que aconteceu para que a formação original ruísse em 1984. Para o frontman, o desenvolvimento criativo acabou trazendo maiores exigências.

“Com o passar do tempo e o desenvolvimento artístico, os discos ficam mais complexos. Você chega a um ponto em que a musicalidade começa a crescer. Nem todo mundo na encarnação original de uma banda cresce junto ou na mesma direção. Todo mundo já ouviu o velho ditado sobre diferenças musicais. Por mais piegas que possa parecer, muitas vezes há verdade nele. Pessoas evoluem em direções diferentes ou alguns não conseguem acompanhar o resto. Então, por uma razão ou outra, se nada mais, o desgaste começará a eliminar as peças, especialmente quando você começa a entrar em material mais complicado.”

Lawless reconhece que há algo de especial no primeiro disco. No entanto, também aponta que o grupo não poderia ter seguido aquele caminho para sempre.

“A magia está presente no primeiro álbum e eu reconheço isso. Não como fã, mas como a pessoa que o criou. Você nunca verá como o público médio vê, porque está em uma bolha. É preciso realmente abrir seus ouvidos quando falam. Quer você concorde ou não, tem que ouvir e tentar levar em consideração o que estão dizendo. Mas quando chega a um ponto em que a banda cresce — no nosso caso particular, do primeiro disco até o quarto ‘The Headless Children’ (1989). A banda que criou o primeiro disco não conseguiria criar ‘Headless’. Era impossível. A musicalidade necessária para era muito diferente. O primeiro álbum foi feito com atitude, sujeira e cuspe. Foi um disco raivoso feito por uma banda raivosa.

Mas isso me lembra um pouco de… No filme ‘Rocky 3’, onde Rocky quer lutar contra o Mr. T e Burgess Meredith, que interpreta seu técnico Mickey diz a ele ‘Você não pode fazer isso. Você não pode lutar contra o Sr. T. Você não pode vencer.’ Rocky argumenta que sim, mas Mickey diz: ‘Escute, garoto. Todo lutador acha que tem mais uma boa luta nele. A pior coisa que poderia acontecer a um lutador aconteceu com você. Você se civilizou.’ Isso acontece com bandas de rock.”

Os cinco primeiros anos de uma banda

O prazo de validade dessa “selvageria”, argumenta Blackie, está na primeira meia década.

“Se você voltar e olhar para a maioria das bandas de que gosta, seus ossos foram moldados nos primeiros cinco anos em que estiveram juntos. Quase todas as bandas se encaixam nessa descrição. Existem algumas exceções. E isso não significa que eles não possam fazer grandes discos depois desse período, mas moldes estão nos primeiros cinco anos em que estão juntos. Depois eles começam a se mover e crescer em direções diferentes e isso muda e se transforma.”

Sendo assim, os fãs não devem alimentar esperanças quanto a um reencontro do quarteto que registrou o debut.

“Eu aprecio o nível de energia que saiu daquele primeiro disco. Mas como chego para os caras com quem toco há 25 anos e digo: ‘Seu mandato nesta banda foi cinco vezes maior do que o dos caras com quem trabalhei originalmente, mas você não pode tocar nesta turnê’? Eu não posso fazer isso. E em segundo lugar, faremos o show em duas metades. A primeira metade é o primeiro disco na íntegra. A segunda metade é como um set best of. A banda que vai tocar o primeiro set tem que ser capaz de tocar o segundo set também.

Entendo totalmente a ideia romântica sobre o que uma formação original poderia ser. Mas eu, como a pessoa que está no palco, tenho que entender que não importa o quanto o público queira que seja do jeito que foi, minha responsabilidade com eles como compradores de ingressos é dar o melhor show possível. Não importa o que você acha que quer, eu sei o que tenho que entregar. E, novamente, especialmente quando as pessoas estão fora do jogo há muito tempo, para nós fazermos o que está sendo sugerido que a banda original faça, eu acho que isso seria praticamente impossível.

E todos nós já vimos situações de algo que pensamos que seria ótimo até que, quando você vê, não era. A menos que esteja trabalhando com pessoas que permaneceram constantes, que permaneceram em forma, que fizeram o que for preciso para manter essa vantagem. Caso contrário, eles vão sair por aí e não vai ser muito bom. E eu não posso fazer isso com nossa base de fãs.”

“W.A.S.P.”, o álbum

Lançado em 17 de agosto de 1984, o álbum de estreia do W.A.S.P. tem o nome da banda como oficial. Porém, a primeira prensagem do vinil tinha o nome “Winged Assassins” na lateral, enquanto os cassetes usaram o nome do primeiro single, a música “I Wanna Be Somebody”.

Originalmente guitarrista e vocalista, Blackie Lawless trocou de instrumento antes das gravações e assumiu o baixo, posição que seria mantida no trabalho seguinte, “The Last Command” (1985).

O trabalho vendeu mais de 500 mil cópias só nos Estados Unidos, ganhando disco de ouro. Causou muita controvérsia junto a grupos conservadores, colocando a banda na mira do Parents Music Resource Center, órgão que visava censurar artistas de acordo com supostas regras da moral e bons costumes.

A música “Animal (F*ck Like A Beast)” foi retirada do tracklist e lançada como single independente após redes de lojas ameaçarem boicote ao disco.

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João Renato Alves
João Renato Alveshttps://twitter.com/vandohalen
João Renato Alves é jornalista graduado pela Universidade de Cruz Alta (RS) e pós-graduado em Comunicação e Mídias Digitais. Colabora com o Whiplash desde 2002 e administra as páginas da Van do Halen desde 2009. Começou a ouvir Rock na primeira metade dos anos 1990 e nunca mais parou.

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