O último show do Rush aconteceu em 2015. Cinco anos mais tarde, o baterista Neil Peart faleceu, em decorrência de um câncer cerebral. O fim da banda já estava decretado àquela altura, mas sempre havia a expectativa dos fãs por uma reversão – o estado de saúde do saudoso integrante não era de conhecimento geral, dada sua vida bastante privada.
O guitarrista Alex Lifeson parece bem resolvido com a situação. Embora ainda cogite retomar a parceria com o baixista e vocalista Geddy Lee, sua percepção é de que o nome da banda que os consagrou deve permanecer aposentado. A revelação foi feita durante entrevista ao site Classic Rock History.
Disse ele, conforme repercussão do Blabbermouth:
“Há tantas pessoas que perguntam se voltaremos, se encontraremos um novo baterista ou se continuaremos com o Rush. Honestamente, estou orgulhoso do fato de que não o fizemos e que tudo acabou quando acabou, acabou de vez. Fizemos turnê por 41 anos, até que Neil não pôde mais. Ele não conseguia tocar como fazia dez anos antes, era muito difícil. Sua visão era de que não queria seguir oferecendo um por cento a menos que fosse. É compreensível. Foi triste quando acabou, e tudo mais, mas em retrospecto, saímos de cena em alto nível. Esse é o legado do Rush.”
Uma volta do trio com outro instrumentista empunhando as baquetas está totalmente fora de cogitação. Alex pede que as pessoas simplesmente entendam a realidade dos fatos.
“Tantas pessoas se lembram de nós e há tristeza entre nossos fãs porque tudo acabou. Eles querem mais, mas não dá para voltar no tempo. Não podemos simplesmente procurar outro baterista, fazer shows e material novo. Simplesmente não seria a mesma coisa. Seria apenas uma estratégia financeira.”
Alex Lifeson e Geddy Lee
Em outra entrevista recente, desta vez com o Ultimate Classic Rock, Lifeson confirmou ter se reunido para tocar com Geddy Lee nas últimas semanas. Porém, o resultado não foi o esperado.
“Decidimos que tocaríamos algumas músicas do Rush. Porque, você sabe, não tocamos essas músicas há 10 anos. Começamos isso há algumas semanas. Nos reunimos um dia por semana na casa dele. Escolhemos um material e começamos a tocar. Acabamos soando como uma banda tributo muito, muito ruim.”
O guitarrista confessou que o processo foi difícil por conta do ritmo “enferrujado” após tanto tempo. Some a isso a complexidade do repertório criado pelo trio.
“Fiquei pensando: ‘Por que criamos isso de um jeito tão difícil? Por que é tão complicado de tocar?’ Depois de cerca de três repetições de cada canção, a memória muscular entra em ação e sua mão simplesmente segue o percurso. A propósito, as músicas do Rush são muito difíceis! Nossos dedos estão ficando flexíveis e nossos calos estão se acumulando novamente.”
Rush e novo material
À Rolling Stone, o canadense descartou a possibilidade de retomar o nome que o consagrou para voltar à estrada, assim como a criação de material novo.
“Não há possibilidade de arranjarmos um baterista e voltarmos à estrada como o ‘renascimento do Rush’ ou algo parecido. E se quisermos escrever material novo, ninguém se importa mais. Eles só querem ouvir coisas antigas de caras como nós.”
A reportagem tentou contra-argumentar, dizendo que os fãs do Rush se importariam. Mas nem isso o convenceu.
“Sim, eles são especiais. Mas talvez a sensação seja que se trata apenas de levar as pessoas de volta a uma época anterior de suas vidas, da qual elas têm lembranças muito boas e vívidas, e eu entendo e isso é ótimo. E então, você faz isso por dinheiro. E não é isso que sempre fizemos ou o que gostaríamos de fazer. Ofertas chegam o tempo todo, mas não sei. Não acho que seja algo em que estejamos realmente interessados.”
Apesar da expectativa do público, Alex Lifeson não garante que voltará à estrada. O músico enfrenta uma série de problemas de saúde, incluindo o avanço da artrite e questões estomacais que o levaram à mesa de cirurgia recentemente.
Em 2022, saiu o primeiro álbum do projeto Envy of None, que também conta com o baixista Andy Curran, a vocalista Maiah Wynne e o guitarrista/tecladista Alfio Annibalini. A sonoridade transita por caminhos mais experimentais em comparação ao Rush.
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