Nos primórdios da carreira, o Pink Floyd voltou sua atenção para o cinema, compondo trilhas sonoras para filmes. A primeira foi “The Committee”, de 1968. No ano seguinte foi a vez de “More”.
A seguir veio uma produção chamada “Zabriskie Point”, filme americano dirigido por Michelangelo Antonioni. Situado em Los Angeles, envolveu manifestantes da contracultura, a polícia e o famoso Vale da Morte da Califórnia. Também estavam envolvidos nomes como Rolling Stones, Roy Orbison e Jerry Garcia.
Por cerca de um mês, o quarteto morou em um hotel de luxo em Roma, onde começou a compor músicas. Apenas algumas acabariam chegando ao objetivo final.
Uma dessas canções rejeitadas foi criada pelo tecladista Richard Wright, intitulada “The Violent Sequence”. Ela era destinada, como o próprio nome sugere, a uma parte particularmente violenta da trama.
A composição original pode ser ouvida no filme de 2003 “Pink Floyd: The Making of ‘The Dark Side of the Moon’”, no qual ele descreve estar sentado no estúdio, assistindo à parte mencionada do filme e começando a tocar a sequência de acordes. Wright lembra, de acordo com transcrição do Ultimate Classic Rock:
“Na época acho que todos pensaram ‘Isso é muito bom’.”
Porém, Antonioni a recusou. Emulando o inglês com sotaque italiano do diretor, Roger Waters recordou:
“Ele disse: ‘É linda, mas muito triste, sabe? Ela me lembra de uma igreja’.”
Para o baterista Nick Mason, o cineasta apenas sentiu a necessidade de recusar para mostrar quem mandava.
“Ele precisava desesperadamente ter controle. Então, mesmo que você fizesse a coisa certa e fosse perfeito, ele não suportaria aceitar porque não era uma escolha pessoal.”
Pink Floyd, “The Violent Sequence” e “Us and Them”
Como David Gilmour fez questão de apontar, a música passou os anos seguintes “apenas esperando para renascer”. Seu nome foi mudado para “Us and Them” e se tornou a primeira a ser trabalhado nos estúdios Abbey Road, em Londres, durante as sessões que originariam o álbum mais bem-sucedido da carreira do grupo.
Com quase 8 minutos de duração, se tornou a faixa mais longa do disco. Foi creditada a Wright e Waters, que contribuiu com a letra. Mesmo que a nova versão não soasse tão triste como a original, as palavras ainda evocavam imagens de conflito, ainda coerentes com a realidade do período.
Em 2022, Roger disse à revista Classic Rock:
“O primeiro verso é sobre ir para a guerra, como na linha de frente não temos muita chance de nos comunicar uns com os outros, porque outra pessoa decidiu que não deveríamos. O segundo verso é sobre liberdades civis, racismo e preconceito de cor. O último verso é sobre passar por um vagabundo na rua e não ajudar.”
A preferida de Roger Waters
“Us and Them” segue sendo parte integral das apresentações de Roger Waters, assim como foi do Pink Floyd a carreira toda. O baixista e vocalista a considera sua favorita da carreira do grupo, conforme declaração resgatada pelo Far Out Magazine.
No documentário de 2003, já citado, ele a destaca:
“Eu não ouço essa peça do início ao fim há, eu acho, 20 anos. Foi fascinante ver como ela se mantém forte. ‘Us and Them’ provavelmente também resistiu ao teste do tempo, se não melhor do que qualquer uma das outras músicas do disco.”
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Sempre quando vou ouvir Pink Floyd Us and Them é obrigatória, mesmo sendo longa às vezes começo com ela e termino com ela.
Um trecho que eu acho super triste entre as letras do Pink Floyd que tive oportunidade de escutar é:
“The child is grown / The dream is gone / And I have become / Comfortably numb…” (“A criança cresceu / o sonho foi embora / e eu me tornei / confortavelmente entorpecido… ”
No mesmo álbum, “The Wall” tem uma letra que aborda o tema do suicídio e pode até, disparar o gatilho e colaborar com quem quer tirar a própria vida. A música se chama “Goodbye Cruel World”
Alexandre Fernandes
Cantor e Compositor
51 anos
João Pessoa
Pra mim ,junto com Time,são as melhores do disco e do Pink Floyd. Na minha juventude eu viajava careta com US AND THEM