Beyoncé regrava música dos Beatles em “Cowboy Carter”; saiba qual e possível razão

Disco citado como o trabalho country da artista chega a público nesta sexta-feira (29) e também traz cover de Dolly Parton

Beyoncé apostou em alguns covers em meio a várias composições próprias em “Cowboy Carter”. O próximo álbum de estúdio da cantora chegará a público nesta sexta-feira (29) e, ao que tudo indica, terá sonoridade influenciada pelo country.

Uma das releituras é de “Blackbird”, balada dos Beatles cantada por Paul McCartney e lançada no trabalho homônimo de 1968, conhecido como “White Album”. No vindouro disco, é grafada com duas letras “i”: “Blackbiird”. (Clique para ler: O significado antirracista de “Blackbird”, música dos Beatles regravada por Beyoncé)

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A escolha, ao que tudo indica, não se deu por acaso. “Blackbird” tem inspiração no movimento que lutou por direitos civis nos Estados Unidos, visando o fim da discriminação racial.

O episódio das Nove de Little Rock (Little Rock Nine) foi a influência principal. Em 1957, nove crianças negras começaram a estudar em uma escola que só recebia crianças brancas, a Little Rock Central High School. A situação marcou o fim da segregação que ocorria no país até aquele momento. Clique aqui para conhecer a história completa.

Outra versão, esta já comentada até pela autora original, é “Jolene”. A canção de Dolly Parton — lenda do country que, inclusive, se aventurou recentemente pelo rock — foi lançada originalmente em 1973.

De acordo com a Rolling Stone, o álbum é apresentado como uma transmissão pela estação de rádio fictícia do Texas KNTRY. Além de Parton, a tracklist cita nominalmente Willie Nelson e a pioneira do gênero Linda Martell, por conta de interlúdios utilizados.

A lista de convidados inclui Miley Cyrus (em “II Most Wanted”), Post Malone (“Levii’s Jeans”), Shaboozey (“Spaghettii”), Tanner Adell e Willie Jones (em faixas não especificadas).

Confira abaixo a tracklist completa de “Cowboy Carter”.

  1. AMERIICAN REQUIEM
  2. BLACKBIIRD (Beatles)
  3. 16 CARRIAGES
  4. PROTECTOR
  5. MY ROSE
  6. SMOKE HOUR ★ Willie Nelson
  7. TEXAS HOLD ’EM
  8. BODYGUARD
  9. DOLLY P
  10. JOLENE (Dolly Parton)
  11. DAUGHTER
  12. SPAGHETTII (Shaboozey)
  13. ALLIIGATOR TEARS
  14. SMOKE HOUR II
  15. JUST FOR FUN
  16. II MOST WANTED (com Miley Cyrus)
  17. LEVII’S JEANS (com Post Malone)
  18. FLAMENCO
  19. THE LINDA MARTELL SHOW
  20. YA YA
  21. OH LOUISIANA
  22. DESERT EAGLE
  23. RIIVERDANCE
  24. II HANDS II WANTED
  25. TYRANT
  26. SWEET HONEY BUCKIN
  27. AMEN

Beyoncé vai mergulhar no rock após o country?

Em 2022, Beyoncé lançou o álbum “Renaissance” (“Act I”), voltado para dois subgêneros originários da dance music: disco e house. O trabalho marcou o início de uma trilogia gravada durante a pandemia, cuja segunda parte será “Cowboy Carter” (“Act II”). Neste caso, a sonoridade será inclinada ao country.

Por mais que o segundo álbum ainda não tenha sido lançado, fãs já especulam sobre a terceira e última parte da trilogia. Para muitos, a peça final será voltada para o rock. A seguir, entenda como essa teoria ganhou força na internet.

As origens da dance music, country e rock

O motivo da especulação é relativamente simples. Caso não saiba, tanto o dance (por intermédio da disco music e house music) quanto o country são estilos que foram originalmente criados pela população negra. Com o passar do tempo, passaram a ser mais associados aos brancos, especialmente pela forma como a indústria fonográfica destacava determinados artistas.

O mesmo aconteceu com o rock: surgiu primeiramente com os negros até passar a ser associado aos brancos. Antes de astros como Elvis Presley, Jerry Lee Lewis e Buddy Holly se consagrarem no gênero — e se tornarem os “rostos” dele —, músicos como Sister Rosetta Tharpe, Fats Domino, Bo Diddley, Chuck Berry e Little Richard já tinham carreiras muito prolíficas.

Como “Renaissance” e “Cowboy Carter” são trabalhos justamente focados em dance e country, respectivamente, os fãs ligaram os pontos e começaram a acreditar que o terceiro disco da trilogia será focado em rock. Afinal, seria outra forma de Beyoncé honrar mais um estilo musical que foi “embranquecido” em suas origens.

É importante ressaltar que no meio de 2023, surgiram os primeiros rumores de que o próprio “Cowboy Carter” (à época conhecido apenas como “Act II”) seria, na realidade, voltado para o rock. Contudo, os dois primeiros singles do trabalho — “Texas Hold ‘Em” e “16 Carriages” — já haviam jogado essa possibilidade por água abaixo.

Beyoncé e o rock

Curiosamente, o flerte com o rock não é exatamente novidade para Beyoncé.

O álbum “Lemonade”, lançado pela cantora em 2016, traz a música “Don’t Hurt Yourself”, que conta com participação de Jack White (ex-White Stripes). A faixa chegou a ser indicada ao Grammy de Melhor Performance de Rock, em 2017, perdendo para “Blackstar”, de David Bowie.

“Don’t Hurt Yourself” conta com um sample de “When the Levee Breaks”, clássico do blues composto e gravado originalmente por Memphis Minnie e Kansas Joe McCoy. A faixa ganhou uma versão do Led Zeppelin, em 1971, no álbum “Led Zeppelin IV”, que serviu de referência para a citação feita por Beyoncé e White.

Em 2022, o ator Mike Myers disse à Vanity Fair ter sido o responsável por apresentar Led Zeppelin a Beyoncé. Os dois trabalharam juntos no filme “Austin Powers e o Homem do Membro de Ouro”, em 2002.

“Ela era a pessoa mais agradável do mundo e simplesmente arrasou, ela sempre estava ouvindo música. Ela me perguntou: ‘Mike, o que você está escutando agora?’ E eu disse: ‘Oh, estou só escutando Led Zeppelin no momento’. E ela falou ‘Eu acho que vou escutar esse Led Zeppelin’. Ela nunca tinha ouvido falar. Ela era tão jovem e a equipe inteira estava tipo ‘Awwww’. Então, no dia seguinte, ela estava sacudindo a cabeça e curtindo uma música, e eu perguntei: ‘O que você está escutando?’, e ela respondeu: ‘Led Zeppelin! Eles são ótimos!’.”

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Igor Miranda
Igor Miranda
Igor Miranda é jornalista formado pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU), com pós-graduação em Jornalismo Digital. Escreve sobre música desde 2007. Além de editar este site, é colaborador da Rolling Stone Brasil. Trabalhou para veículos como Whiplash.Net, portal Cifras, revista Guitarload, jornal Correio de Uberlândia, entre outros. Instagram, Twitter e Facebook: @igormirandasite.

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