Kanye West usa tipografia do Burzum em capa de novo álbum

Rapper já havia feito referências anteriores à banda de Varg Vikernes, músico conhecido por incitar ódio e guerra racial, além de ter assassinado colega de profissão e incendiado igrejas

Kanye West – atualmente chamado apenas de Ye – divulgou alguns detalhes das três partes de seu novo trabalho. “Vultures” foi desenvolvido em parceria com Ty Dolla $ign.

As capas chamaram atenção nas redes sociais por usarem da mesma tipografia presente nas capas de vários discos do Burzum. O projeto de black metal é comandado pelo músico norueguês Varg Vikernes, lembrado por ter assassinado em 1993 seu antigo colega de banda, o guitarrista Øystein Aarseth, conhecido como Euronymous — ele ficou 16 anos preso pelo crime.

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A semelhança não parece ser uma coincidência, já que West apareceu em foto recente vestindo uma camiseta do Burzum. Além da fonte tipográfica, o rapper e Varg Vikernes também compartilham opiniões antissemitas e uma abordagem que relativiza o nazismo.

Confira abaixo as três capas de “Vultures”. O primeiro volume será lançado em 9 de fevereiro. O segundo sairá em 8 de março, enquanto o terceiro está agendado para ser disponibilizado em 5 de abril.

https://twitter.com/yzyupdates/status/1749811745714299067

A imagem na capa de “Vultures” carrega ainda outra conexão com o nazismo. O registro faz parte de uma paisagem maior criada pelo artista plástico Caspar David Friedrich, um dos favoritos de Adolf Hitler, que chegou a usar suas obras como parte da propaganda nazista nos anos 1930 e 1940. Friedrich, no entanto, viveu entre os séculos 18 e 19.

Kanye West, Burzum, nazismo e antissemitismo

As ocasiões citadas anteriormente não foram as únicas em que Kanye West faz referência ao Burzum. Em 2016, ele participou de uma música de Gucci Mane, “P*ssy Print”, que traz um sample de “Rundgang Um Die Transzendentale Säule Der Singularität”, faixa lançada pelo projeto de Varg Vikernes em 1996.

West gerou controvérsia nos últimos anos por posicionamentos considerados antissemitas. No fim de 2022, o rapper foi banido de redes sociais por acusar o colega de profissão Diddy de ser manipulado por judeus (após ser criticado por usar uma camiseta com os escritos “White Lives Matter”) e dizer que iria adotar “death con 3 em relação aos judeus”, uma referência ao termo Defcon (estado de alerta usado pelas Forças Armadas americanas). Também disse “amar” nazistas e Adolf Hitler em uma transmissão ao vivo no site InfoWars.com.

No fim de 2023, voltou a ganhar manchetes por fazer um discurso contra judeus. Além de se comparar a Hitler e a Jesus Cristo, ele disse:

“Eu ainda mantenho alguns judeus perto de mim. Como empresários? Não. Só deixo fazerem minhas joias. […] Eu estava lidando com um advogado de divórcio e expliquei para ele qual era o meu problema. E a resposta dele foi: ‘se você continuar com essa retórica antissemita, você não vai poder ver seus filhos’. Eu não poderia ter uma opinião, ou não poderia ver meus filhos. Vocês sabem com quem estão mexendo? Eu sou um intermediário de Deus.”

Na música “Vultures”, de ¥$ em parceria com Kanye e Bump J, o rapper canta em um trecho: “Como posso ser antissemita? Eu acabei de transar com uma p*ta judia”.

Após ter cumprido 16 dos 21 anos de prisão pelos quais foi condenado, Varg Vikernes seguiu se manifestando nas mídias, pregando guerras raciais e nacionalismo extremo, com posturas anti-imigração.

Em 2014, chegou a ser condenado a seis meses de liberdade condicional e pagamento de multa de 8 mil euros por incitar ódio racial contra judeus e muçulmanos em seu blog, Thulean Perspective. Cinco anos depois, teve o seu canal no YouTube removido, no mesmo período em que a plataforma anunciou que intensificaria a retirada de “vídeos que alegam que um grupo é superior para justificar discriminação, segregação ou exclusão”.

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André Luiz Fernandes
André Luiz Fernandes
André Luiz Fernandes é jornalista formado pela Universidade Metodista de São Paulo (UMESP). Interessado em música desde a infância, teve um blog sobre discos de hard rock/metal antes da graduação e é considerado o melhor baixista do prédio onde mora. Tem passagens por Ei Nerd e Estadão.

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