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De Beatles a Led, as bandas de rock que Frank Zappa não gostava

Músico pegava pesado com os artistas que não lhe agradavam, no que acabaram se tornando rixas históricas

O saudoso Frank Zappa foi um artista muito fora da curva em termos de estilo e de ideias. No entanto, se essa originalidade toda lhe rendeu respeito e admiração ainda duradouros, também trouxe algumas declarações “originais demais” a respeito de alguns artistas. Especialmente aqueles que ele não gostava.

Precursor do chamado rock alternativo, Zappa não era exatamente o maior fã de nada que fazia muito sucesso e caía no gosto do público. Muitas vezes ele era contraditório – o que combinava com sua personalidade – e isso é atestado tanto por músicos que o conheceram de perto, como por falas do próprio ao longo dos anos.

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Essas foram algumas das bandas mais odiadas por Frank Zappa e os motivos do “hate”, além de declarações e críticas dele a cada uma delas, conforme compilado pelo site Far Out Magazine.

As bandas que Frank Zappa não gostava

The Velvet Underground

The Velvet Underground e Frank Zappa são mais ou menos da mesma geração de artistas, mas isso não significa que havia uma camaradagem entre eles. Muito pelo contrário. A treta começou em 1966, quando a banda tinha uma parceria com o artista Andy Warhol e Zappa teria feito comentários a respeito das pessoas que formavam o círculo deles.

Para piorar a situação, tanto Zappa quanto o Velvet Underground eram contratados da gravadora MGM, o que só aumentava as tensões. Lou Reed, frontman do grupo, chegou a atacar o líder do Mothers of Invention de forma mais dura:

“Frank Zappa é o músico mais sem talento que já ouvi. Ele não consegue tocar rock ‘n’ roll porque ele é um perdedor.”

Jimmy Carl Black, baterista do Mothers of Invention, confirmava que Zappa detestava o Velvet Underground, mas também fazia questão de explicar que o sentimento não era compartilhado pelo resto da banda.

“Não me lembro de Zappa realmente os criticando no palco, mas ele pode ter feito. Ele realmente não gostava da banda. Não sei por qual razão, exceto pelo fato de que eles eram ‘junkies’ e Frank não tolerava nenhum tipo de droga. Eu sei que eu não concordava e nem o resto do Mothers.”

Nos anos 1980, Frank Zappa trabalhou com DJ em uma rádio e chegou a tocar músicas do Velvet Underground, sinalizando uma trégua. Posteriormente, a paz foi selada com Lou Reed sendo o responsável por introduzir Zappa ao Rock and Roll Hall of Fame.

Jethro Tull

Outra banda pela qual Frank Zappa não mantinha qualquer simpatia e fazia questão de deixar isso claro era o Jethro Tull. Em entrevista à BBC Radio 2, o líder do grupo, Ian Anderson, deu sua hipótese para o ódio recebido do lendário músico.

“Eu li que ele não gostava do Jethro Tull desde os anos 1970. Ele se ressentia do fato de que nós, bandas britânicas como Led Zeppelin, Jethro Tull, Deep Purple e outros, íamos para lá (EUA) e ganhávamos muito dinheiro, aparentemente enquanto ele estava lutando para manter sua banda.”

Curiosamente, Anderson foi chamado para uma conversa com Zappa quando este já estava em suas últimas semanas de vida, lutando contra um câncer de próstata. Ele não aceitou, temendo a verborragia do histórico “hater” de sua música, além da tristeza da situação em si.

“Ele foi pouco gentil com alguns de nós na imprensa, o que era uma pena, porque eu era um grande fã de Frank Zappa naquela época. Eu tive medo de aceitar o convite para ligar para ele logo antes de sua morte. Recebi uma mensagem de um de seus músicos, que eu conhecia, que dizia ‘Frank quer falar com você, ele quer que você ligue para ele’. Eu pensei ‘como você fala com um homem que está morrendo?’ Sabe, pegar o telefone e falar com alguém pela primeira vez no que acabaram sendo as últimas semanas de sua vida.”

The Doors

A questão de Frank Zappa com o The Doors não era musical. Ele era apenas um crítico da persona do “Rei Lagarto” adotada por Jim Morrison, o que para ele era puro marketing.

Curiosamente, a esposa de Zappa cresceu junto com Morrison, aumentando a proximidade. Sobre isso, ele disse:

“Bem, eu conhecia Jim Morrison também. De fato, minha esposa conheceu Jim Morrison quando ela era criança. Eles costumavam brincar juntos. Na verdade, eu acho que ela bateu na cabeça dele com um martelo, ou algo assim. E então, eu sei tudo sobre Jim Morrison.”

Em entrevista de 1982 à revista Guitar World, Frank explicou suas críticas ao lendário frontman, mostrando que realmente não era algo pessoal.

“Não, eu não estou implicando com Jim Morrison. Estou falando sobre o maquinário que pega qualquer coisa e exagera ao ponto de que isso sai de proporção e o público acredita que essa versão inflada é a realidade. Sou um cara realista. Apenas tento olhar para as coisas como são, lidar com elas como são e seguir em frente. Mas os americanos gostam de hype, imagens infladas, tudo inflado, e se afastam de tudo o que é realista. Eles querem a versão adocicada de tudo. E Jim Morrison é apenas um exemplo disso.”

Beatles

Frank Zappa era uma das raras pessoas no mundo durante a década de 1960 que não gostava dos Beatles. A principal crítica que ele fazia aos Fab Four era o fato de serem essencialmente uma banda pop, comercial.

Porém, ao mesmo tempo, afirmava ser um grande fã do The Monkees, basicamente uma versão ainda mais comercial dos Beatles – talvez até como crítica aos garotos de Liverpool.

O álbum “We’re Only In It For The Money” (1968), do Mothers of Invention, traz uma série de críticas aos artistas dos anos 1960 e é claro que boa parte do “chumbo” é direcionado a John, Paul, George e Ringo. A ideia original da capa era fazer uma paródia da famosa foto de “Sgt. Pepper’s Lonely Hearts Club Band” (1967), mas a imagem saiu na parte interna do encarte.

Sobre a banda em si, uma das declarações mais famosas de Zappa era:

“Todo mundo achava que eles eram deuses! Não acho que isso seja correto. Eles eram apenas um bom grupo comercial.”

Quem oferece uma visão interessante sobre a relação de Zappa com os Beatles é Pauline Butcher, que foi assistente pessoal do músico entre 1967 e 1971. Em uma entrevista de 2012 para a Classic Rock, ela explica a visão do ex-patrão:

“Ele percebeu que não era um garoto bonito como os Beatles e os Rolling Stones, ele não tocava o tipo de música deles, ele nem gostava disso. E se ele quisesse se tornar alguém que era ouvido, ele precisaria fazer algo radicalmente diferente.”

Led Zeppelin

Um dos maiores alvos de Frank Zappa era o Led Zeppelin, banda que simbolizava muito do que ele não gostava em outros artistas. Os ingleses eram alvo frequente de piadas proferidas no palco, além de referências à famosa “história do tubarão”. No álbum “200 Motels” (1971), há referências a um “Robert Plant-it” e a um “Robert Planet”, em clara zoeira com o vocalista Robert Plant.

Em 1988, Zappa decidiu que sua banda tocaria ao vivo uma versão praticamente reggae de “Stairway to Heaven”. Sabendo do eterno ranço do músico pelo Led Zeppelin, os próprio integrantes do grupo acharam o pedido estranho. Foi também a primeira vez que Zappa ouviu a música inteira e não gostou, como contou o guitarrista Mike Keneally para a Record Collector.

“Ele deixou claro que realmente não gostava da progressão de acordes no solo de guitarra… mas decidiu que queria tocar a música ao vivo porque ele sabia que o público ficaria enlouquecido.”

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André Luiz Fernandes
André Luiz Fernandes
André Luiz Fernandes é jornalista formado pela Universidade Metodista de São Paulo (UMESP). Interessado em música desde a infância, teve um blog sobre discos de hard rock/metal antes da graduação e é considerado o melhor baixista do prédio onde mora. Tem passagens por Ei Nerd e Estadão.

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