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Saxon leva magia do heavy metal para o palco do Tokio Marine Hall

Pouco mais de seis meses após cancelamentos em festivais brasileiros, banda inglesa fez apresentação irretocável em São Paulo

O que leva uma banda como o Saxon, que nunca emplacou um hit fora do Reino Unido, a encher um espaço como o Tokio Marine Hall, casa em São Paulo para 4 mil pessoas? Como explicar tal façanha para quem não compreende do que o heavy metal é capaz?

Heavy metal é, acima de tudo, um estilo de vida. É verdade que não é saudável pensar sempre dessa forma, já que enxergar um gênero musical como “algo além da música” abre caminho para algumas distorções. Porém, ter tal entendimento ajuda a entender o fenômeno observado na última quarta-feira (15).

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Obviamente, há outras explicações adicionais. A principal delas passa pelo mérito dos envolvidos. Biff Byford (voz), Nigel Glockler (bateria), Doug Scarratt (guitarra), Nibbs Carter (baixo) e Brian Tatler (guitarra, ocupando a vaga em turnês de Paul Quinn) estão em plena forma, mesmo em idades já avançadas — Byford e Glockler são setentões, enquanto Tatler, consagrado pelo trabalho de décadas com o Diamond Head, e Scarratt estão na casa dos 60 e o “novinho” Carter tem 57.

Foto: Thammy Sartori

Estamos falando de um grupo que, após mais de 45 anos em atividade (ainda que nem sempre com os mesmos integrantes), entrega uma performance de deixar caído o queixo de qualquer novinho. Tem peso. Tem energia. Tem conexão e identificação com o público. Com o Saxon, você não só assiste a uma performance irretocável, como também se sente “parte da gangue” — experiência que pouquíssimos gêneros fora o heavy metal são capazes de dar.

Houve ainda a ansiedade de parte dos fãs em vê-los ao vivo após quatro anos de espera — a visita anterior ocorrera em março de 2019 — e pouco mais de seis meses desde o cancelamento dos shows nos festivais Monsters of Rock e Ribeirão Rock Series. A banda, notória por sua rígida ética de trabalho em relação a turnês, precisou cancelar seus compromissos depois que Quinn aposentou-se das longas excursões.

Some tudo isso a um trabalho de catálogo muito consistente, com vários (eu disse vários) álbuns acima da média. Dá até para dizer que o Saxon, baluarte da chamada New Wave of British Heavy Metal (NWOBHM), às vezes se repete um pouco em seus discos, mas isso ocorre justamente porque a fórmula funciona. Apesar de um ou outro experimento ao longo da carreira, eles se mantiveram fiéis ao som que os levou à consagração. E como vimos na noite da última quarta (15), fidelidade gera fidelidade.

Foto: Thammy Sartori

Madzilla

Antes da banda inglesa tomar o palco do Tokio Marine Hall, o Madzilla (ou Madzilla LV, como se apresenta nas redes) ficou a cargo de esquentar os motores. O grupo formado em Las Vegas, nos Estados Unidos, traz apenas músicos de ascendência latina — o que explica certa facilidade do atencioso vocalista e guitarrista equatoriano David Cabezas ao se comunicar em português, bem como a rápida manifestação em espanhol do baixista Daniel Gortaire.

Carisma à parte, o show iniciado às 19h20 demorou a engrenar. Mesmo com o talento individual evidente de cada integrante, com destaque à cozinha potente de Gortaire e do baterista Luis Zevallos, há algumas arestas que, caso não aparadas, podem impedir voos organicamente mais altos.

Foto: Thammy Sartori
Foto: Thammy Sartori

O grupo diz ser adepto de um subgênero que pode soar ligeiramente contraditório — “thrash metal melódico” — sob a promessa de aliar um pouco de cada, mas acaba por suprimir em suas composições as melhores características de ambos os lados. Não traz a energia do thrash, já que a maior parte das canções executadas são em ritmo mais lento; nem melodias suficientemente memoráveis, seja pelas composições um pouco genéricas ou pela performance vocal do bom guitarrista Cabezas não oferecer grandes surpresas.

Nada disso impediu o público de recebê-los bem e, conforme o desenrolar do repertório, aplaudir cada vez mais o esforçado quarteto, especialmente em momentos de destaque do repertório. “Asphyxiating Cries”, faixa-título do álbum de 2021, chamou atenção por seu trabalho de pedal duplo, enquanto “Destiny’s Eyes” evidenciou capricho no trabalho de guitarras e “Darkest Night” traz em sua mudança melódica no miolo um caminho que poderia ser mais adotado nas composições.

Repertório — MadZilla:

  1. The Beginning of the End (Intro)
  2. A Deadly Threat
  3. Asphyxiating Cries
  4. Vengeance
  5. Warfare Within
  6. Your Nemesis
  7. Darkest Night
  8. Destiny’s Eyes

Saxon

Quando o MadZilla encerrou seu show poucos minutos após às 20h, já se imaginava que o Saxon não conseguiria seguir o horário das 20h30 previamente anunciado. Isso deixou o público paulistano, cada vez menos acostumado a atrasos, ligeiramente ansioso — a ponto de gritos pelo nome da banda terem tomado a casa às 20h47, quando o quinteto realmente tomou o palco.

Foto: Thammy Sartori

Já na primeira música, “Carpe Diem (Seize the Day)”, o público estava na mão de Biff Byford. O refrão fácil da canção que dá nome ao álbum mais recente do grupo, lançado ano passado, foi acompanhado por boa parte dos fãs. Mas foi na clássica “Motorcycle Man” que cada headbanger ali presente se viu compelido a bater cabeça ao som do pedal duplo de Nigel Glockler — um dos grandes responsáveis pela assinatura sonora da banda ao lado da voz de Byford e das guitarras AC/DCianas.

Espantou como outra nova canção, “Age of Steam” (também do disco “Carpe Diem”), também acabou marcada pela interação da plateia. Conhecido por não ser tão ligado a novidades, o público de heavy metal certamente conhecia bem o trabalho de 2022 — e parece preparado para receber tanto o novo single quanto o próximo álbum da banda, marcados para sair respectivamente em 21 de novembro e 19 de janeiro, conforme anunciado em primeira mão por Biff.

A alternância entre clássico e canção recente seguiu com “Power and the Glory” + “Dambusters”, esta última emendada em “Dallas 1 PM”, cujo solo, aqui executado por Doug Scarratt, foi um dos melhores da noite. A acelerada “Heavy Metal Thunder” e a mais pesada que o convencional “Sacrifice” (única música do século 21 que não está em “Carpe Diem”) antecederam uma mudança de última hora: Byford perguntou o que a plateia queria ouvir e apresentou algumas opções. “Broken Heroes”, anotada como a próxima no setlist, não obteve grandes reações e acabou cortada. “Crusader”, mais aclamada após menção de Biff, foi a escolhida. Levou o público ao delírio e mostrou como um bom frontman é capaz de fazer a leitura correta de seus fãs.

Foto: Thammy Sartori

Fabio Lione, vocalista do Angra e ex-Rhapsody of Fire, subiu ao palco para participar de “Ride Like the Wind”, música de Christopher Cross regravada para o disco “Destiny” (1988). Por pouco esta não foi a única colaboração da noite: Tim “Ripper” Owens, ex-Judas Priest/Iced Earth, estava no local e chegou a ser convidado para cantar alguma outra canção, mas se limitou a aparecer brevemente no bis — calma que chegaremos lá.

“The Eagle Has Landed”, outra escrita no repertório impresso, também foi limada. A emenda “Dogs of War” / “Solid Ball of Rock” serviu para Byford mostrar enorme saúde vocal e apresentar a “máquina” Glockler. As hard rockers “And the Bands Played On” e “Wheels of Steel” tiveram em seu meio “Never Surrender”, com um dos padrões de riff mais reproduzidos no — e mais funcionais do — heavy metal. Acabou assim o set regular, mas havia muito mais por vir.

O Saxon fatiou seu bis em dois momentos. Na primeira metade, “Carpe Diem” voltou a ser referenciado com “The Pilgrimage”, quase uma “Hells Bells” (AC/DC) do quinteto inglês, enquanto o clássico absoluto “747 (Strangers in the Night)”, dona de um dos refrães mais peculiares do metal, teve a já mencionada rápida presença de Tim “Ripper” Owens — rápida mesmo, a ponto deste repórter sequer conseguir vê-la. A parte dois levou tudo para a estratosfera com a sequência “Denim and Leather”, “Princess of the Night” e “Strong Arm of the Law”. Pra ninguém botar defeito.

Foto: Thammy Sartori

Os parágrafos iniciais deste texto mencionam que heavy metal é, para muita gente, um estilo de vida. E parte dessa rotina contempla a apresentação ao vivo. Como show é momento sagrado para o headbanger, banda ruim de palco não prospera nesse segmento.

O Saxon é exemplo de sucesso mesmo estando fora dos grandes pontos midiáticos porque, acima de tudo, compreende que a magia do heavy metal se dá especialmente no palco. Há a mística dos álbuns, das gravações em vídeo, das fotos do passado, das histórias de bastidores… mas dentro da música pesada, nada supera o “tête-à-tête”. O quinteto inglês não apenas soa forte em sua performance e no fluxo da história que contará à plateia, como me arrisco a dizer: é muito melhor ao vivo.

*Fotos de Thammy Sartori. Mais imagens ao fim da página.

Foto: Thammy Sartori

Saxon – ao vivo em São Paulo

  • Local: Tokio Marine Hall
  • Data: 15 de novembro de 2023
  • Turnê: Seize the Day

Repertório:

  1. Carpe Diem (Seize the Day)
  2. Motorcycle Man
  3. Age of Steam
  4. Power and the Glory
  5. Dambusters
  6. Dallas 1 PM
  7. Heavy Metal Thunder
  8. Sacrifice
  9. Crusader
  10. Ride Like the Wind (cover de Christopher Cross, com Fabio Lione)
  11. Dogs of War / Solid Ball of Rock
  12. And the Bands Played On
  13. Never Surrender
  14. Wheels of Steel

Bis 1:

  1. The Pilgrimage
  2. 747 (Strangers in the Night)

Bis 2:

  1. Denim and Leather
  2. Princess of the Night
  3. Strong Arm of the Law
Foto: Thammy Sartori
Foto: Thammy Sartori
Foto: Thammy Sartori
Foto: Thammy Sartori
Foto: Thammy Sartori
Foto: Thammy Sartori
Foto: Thammy Sartori
Foto: Thammy Sartori
Foto: Thammy Sartori
Foto: Thammy Sartori
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Foto: Thammy Sartori
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Igor Miranda
Igor Miranda
Igor Miranda é jornalista formado pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU), com pós-graduação em Jornalismo Digital. Escreve sobre música desde 2007. Além de editar este site, é colaborador da Rolling Stone Brasil. Trabalhou para veículos como Whiplash.Net, portal Cifras, revista Guitarload, jornal Correio de Uberlândia, entre outros. Instagram, Twitter e Facebook: @igormirandasite.

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O que leva uma banda como o Saxon, que nunca emplacou um hit fora do Reino Unido, a encher um espaço como o Tokio Marine Hall, casa em São Paulo para 4 mil pessoas? Como explicar tal façanha para quem não compreende do que o heavy metal é capaz?

Heavy metal é, acima de tudo, um estilo de vida. É verdade que não é saudável pensar sempre dessa forma, já que enxergar um gênero musical como “algo além da música” abre caminho para algumas distorções. Porém, ter tal entendimento ajuda a entender o fenômeno observado na última quarta-feira (15).

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Obviamente, há outras explicações adicionais. A principal delas passa pelo mérito dos envolvidos. Biff Byford (voz), Nigel Glockler (bateria), Doug Scarratt (guitarra), Nibbs Carter (baixo) e Brian Tatler (guitarra, ocupando a vaga em turnês de Paul Quinn) estão em plena forma, mesmo em idades já avançadas — Byford e Glockler são setentões, enquanto Tatler, consagrado pelo trabalho de décadas com o Diamond Head, e Scarratt estão na casa dos 60 e o “novinho” Carter tem 57.

Foto: Thammy Sartori

Estamos falando de um grupo que, após mais de 45 anos em atividade (ainda que nem sempre com os mesmos integrantes), entrega uma performance de deixar caído o queixo de qualquer novinho. Tem peso. Tem energia. Tem conexão e identificação com o público. Com o Saxon, você não só assiste a uma performance irretocável, como também se sente “parte da gangue” — experiência que pouquíssimos gêneros fora o heavy metal são capazes de dar.

Houve ainda a ansiedade de parte dos fãs em vê-los ao vivo após quatro anos de espera — a visita anterior ocorrera em março de 2019 — e pouco mais de seis meses desde o cancelamento dos shows nos festivais Monsters of Rock e Ribeirão Rock Series. A banda, notória por sua rígida ética de trabalho em relação a turnês, precisou cancelar seus compromissos depois que Quinn aposentou-se das longas excursões.

Some tudo isso a um trabalho de catálogo muito consistente, com vários (eu disse vários) álbuns acima da média. Dá até para dizer que o Saxon, baluarte da chamada New Wave of British Heavy Metal (NWOBHM), às vezes se repete um pouco em seus discos, mas isso ocorre justamente porque a fórmula funciona. Apesar de um ou outro experimento ao longo da carreira, eles se mantiveram fiéis ao som que os levou à consagração. E como vimos na noite da última quarta (15), fidelidade gera fidelidade.

Foto: Thammy Sartori

Madzilla

Antes da banda inglesa tomar o palco do Tokio Marine Hall, o Madzilla (ou Madzilla LV, como se apresenta nas redes) ficou a cargo de esquentar os motores. O grupo formado em Las Vegas, nos Estados Unidos, traz apenas músicos de ascendência latina — o que explica certa facilidade do atencioso vocalista e guitarrista equatoriano David Cabezas ao se comunicar em português, bem como a rápida manifestação em espanhol do baixista Daniel Gortaire.

Carisma à parte, o show iniciado às 19h20 demorou a engrenar. Mesmo com o talento individual evidente de cada integrante, com destaque à cozinha potente de Gortaire e do baterista Luis Zevallos, há algumas arestas que, caso não aparadas, podem impedir voos organicamente mais altos.

Foto: Thammy Sartori
Foto: Thammy Sartori

O grupo diz ser adepto de um subgênero que pode soar ligeiramente contraditório — “thrash metal melódico” — sob a promessa de aliar um pouco de cada, mas acaba por suprimir em suas composições as melhores características de ambos os lados. Não traz a energia do thrash, já que a maior parte das canções executadas são em ritmo mais lento; nem melodias suficientemente memoráveis, seja pelas composições um pouco genéricas ou pela performance vocal do bom guitarrista Cabezas não oferecer grandes surpresas.

Nada disso impediu o público de recebê-los bem e, conforme o desenrolar do repertório, aplaudir cada vez mais o esforçado quarteto, especialmente em momentos de destaque do repertório. “Asphyxiating Cries”, faixa-título do álbum de 2021, chamou atenção por seu trabalho de pedal duplo, enquanto “Destiny’s Eyes” evidenciou capricho no trabalho de guitarras e “Darkest Night” traz em sua mudança melódica no miolo um caminho que poderia ser mais adotado nas composições.

Repertório — MadZilla:

  1. The Beginning of the End (Intro)
  2. A Deadly Threat
  3. Asphyxiating Cries
  4. Vengeance
  5. Warfare Within
  6. Your Nemesis
  7. Darkest Night
  8. Destiny’s Eyes

Saxon

Quando o MadZilla encerrou seu show poucos minutos após às 20h, já se imaginava que o Saxon não conseguiria seguir o horário das 20h30 previamente anunciado. Isso deixou o público paulistano, cada vez menos acostumado a atrasos, ligeiramente ansioso — a ponto de gritos pelo nome da banda terem tomado a casa às 20h47, quando o quinteto realmente tomou o palco.

Foto: Thammy Sartori

Já na primeira música, “Carpe Diem (Seize the Day)”, o público estava na mão de Biff Byford. O refrão fácil da canção que dá nome ao álbum mais recente do grupo, lançado ano passado, foi acompanhado por boa parte dos fãs. Mas foi na clássica “Motorcycle Man” que cada headbanger ali presente se viu compelido a bater cabeça ao som do pedal duplo de Nigel Glockler — um dos grandes responsáveis pela assinatura sonora da banda ao lado da voz de Byford e das guitarras AC/DCianas.

Espantou como outra nova canção, “Age of Steam” (também do disco “Carpe Diem”), também acabou marcada pela interação da plateia. Conhecido por não ser tão ligado a novidades, o público de heavy metal certamente conhecia bem o trabalho de 2022 — e parece preparado para receber tanto o novo single quanto o próximo álbum da banda, marcados para sair respectivamente em 21 de novembro e 19 de janeiro, conforme anunciado em primeira mão por Biff.

A alternância entre clássico e canção recente seguiu com “Power and the Glory” + “Dambusters”, esta última emendada em “Dallas 1 PM”, cujo solo, aqui executado por Doug Scarratt, foi um dos melhores da noite. A acelerada “Heavy Metal Thunder” e a mais pesada que o convencional “Sacrifice” (única música do século 21 que não está em “Carpe Diem”) antecederam uma mudança de última hora: Byford perguntou o que a plateia queria ouvir e apresentou algumas opções. “Broken Heroes”, anotada como a próxima no setlist, não obteve grandes reações e acabou cortada. “Crusader”, mais aclamada após menção de Biff, foi a escolhida. Levou o público ao delírio e mostrou como um bom frontman é capaz de fazer a leitura correta de seus fãs.

Foto: Thammy Sartori

Fabio Lione, vocalista do Angra e ex-Rhapsody of Fire, subiu ao palco para participar de “Ride Like the Wind”, música de Christopher Cross regravada para o disco “Destiny” (1988). Por pouco esta não foi a única colaboração da noite: Tim “Ripper” Owens, ex-Judas Priest/Iced Earth, estava no local e chegou a ser convidado para cantar alguma outra canção, mas se limitou a aparecer brevemente no bis — calma que chegaremos lá.

“The Eagle Has Landed”, outra escrita no repertório impresso, também foi limada. A emenda “Dogs of War” / “Solid Ball of Rock” serviu para Byford mostrar enorme saúde vocal e apresentar a “máquina” Glockler. As hard rockers “And the Bands Played On” e “Wheels of Steel” tiveram em seu meio “Never Surrender”, com um dos padrões de riff mais reproduzidos no — e mais funcionais do — heavy metal. Acabou assim o set regular, mas havia muito mais por vir.

O Saxon fatiou seu bis em dois momentos. Na primeira metade, “Carpe Diem” voltou a ser referenciado com “The Pilgrimage”, quase uma “Hells Bells” (AC/DC) do quinteto inglês, enquanto o clássico absoluto “747 (Strangers in the Night)”, dona de um dos refrães mais peculiares do metal, teve a já mencionada rápida presença de Tim “Ripper” Owens — rápida mesmo, a ponto deste repórter sequer conseguir vê-la. A parte dois levou tudo para a estratosfera com a sequência “Denim and Leather”, “Princess of the Night” e “Strong Arm of the Law”. Pra ninguém botar defeito.

Foto: Thammy Sartori

Os parágrafos iniciais deste texto mencionam que heavy metal é, para muita gente, um estilo de vida. E parte dessa rotina contempla a apresentação ao vivo. Como show é momento sagrado para o headbanger, banda ruim de palco não prospera nesse segmento.

O Saxon é exemplo de sucesso mesmo estando fora dos grandes pontos midiáticos porque, acima de tudo, compreende que a magia do heavy metal se dá especialmente no palco. Há a mística dos álbuns, das gravações em vídeo, das fotos do passado, das histórias de bastidores… mas dentro da música pesada, nada supera o “tête-à-tête”. O quinteto inglês não apenas soa forte em sua performance e no fluxo da história que contará à plateia, como me arrisco a dizer: é muito melhor ao vivo.

*Fotos de Thammy Sartori. Mais imagens ao fim da página.

Foto: Thammy Sartori

Saxon – ao vivo em São Paulo

  • Local: Tokio Marine Hall
  • Data: 15 de novembro de 2023
  • Turnê: Seize the Day

Repertório:

  1. Carpe Diem (Seize the Day)
  2. Motorcycle Man
  3. Age of Steam
  4. Power and the Glory
  5. Dambusters
  6. Dallas 1 PM
  7. Heavy Metal Thunder
  8. Sacrifice
  9. Crusader
  10. Ride Like the Wind (cover de Christopher Cross, com Fabio Lione)
  11. Dogs of War / Solid Ball of Rock
  12. And the Bands Played On
  13. Never Surrender
  14. Wheels of Steel

Bis 1:

  1. The Pilgrimage
  2. 747 (Strangers in the Night)

Bis 2:

  1. Denim and Leather
  2. Princess of the Night
  3. Strong Arm of the Law
Foto: Thammy Sartori
Foto: Thammy Sartori
Foto: Thammy Sartori
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