No final dos anos 1970 os Rolling Stones já eram considerados uma banda de velhos. Percepção compreensível, quando lembramos que o rock ainda era um tanto quanto jovem e artistas seminais já haviam sumido do mapa – alguns, inclusive, nunca mais voltariam, enquanto outros seriam atrações de revivals.
Quem acabou brincando com a situação foi ninguém menos que John Lennon. Em entrevista de 1980, pouco antes de ser assassinado, o Beatle falou sobre os colegas de geração. A declaração está presente no livro “All We Are Saying; The Last Major Interview with John Lennon and Yoko Ono” e foi resgatada pelo Showbiz Cheat Sheet.
Lennon brincou:
“Sabe, estão parabenizando os Stones por estarem juntos há 112 anos. Uau! Pelo menos Charlie (Watts, baterista) e Bill (Wyman, baixista) ainda têm suas famílias.”
A seguir, tentou prever o que aconteceria aos amigos nos anos seguintes – sem desconfiar que não estaria presente para testemunhar.
“Nos anos 80, eles perguntarão: ‘Por que esses caras ainda estão juntos? Não podem ficar na deles? Por que têm que estar cercados por uma gangue? O pequeno líder está com medo de que alguém o esfaqueie pelas costas?’ Essa vai ser a pergunta. Essa vai ser a questão.”
John Lennon, Beatles e o envelhecimento
John sentia que os Beatles sofreriam o mesmo caso tivessem permanecido juntos. E ainda fez uma alusão a David Bowie e ao Kiss.
“Eles vão olhar para os Beatles e Stones e todos aqueles caras como relíquias. Os dias em que essas bandas forem apenas pessoas comuns estarão nos noticiários, você sabe: eles mostrarão fotos do cara com batom contorcendo a bunda e os quatro caras com a maquiagem preta do mal nos olhos tentando parecer atrevidos. Essa será a piada no futuro, não um casal cantando ou morando e trabalhando juntos.”
Rolling Stones, David Bowie e Kiss
No fim das contas, apesar das brigas que quase implodiram a banda, os Rolling Stones emplacaram vários sucessos nos anos 1980 – especialmente no álbum “Tattoo You” (1981), que imortalizou o hino “Start Me Up”, além de hits como “Hang Fire” e “Waiting on a Friend”.
David Bowie seguiu criativo até seu final. O Kiss ainda entretém plateias em todo o mundo. E o rock ainda possui seus heróis e muitos artistas de qualidade, a despeito de os saudosistas seguirem achando que ele morreu em seus mundos e cabeças fechados para novidades.
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