O baixista Rex Brown quebrou o silêncio dias após a morte do baterista Vinnie Paul, com quem tocou no Pantera de 1982 até o fim da banda, em 2003. Em um extenso comunicado, publicado no site da Rolling Stone, o músico explicou que preferiu não se manifestar nos dias posteriores ao falecimento – ocorrido no último dia 22 de junho – para “começar a processar essa terrível perda” e “porque o momento não é dele, mas, sim, de Vinnie”.
Brown destacou que está de coração partido especialmente por Jerry Abbott, pai de Vinnie Paul e do guitarrista Dimebag Darrell, assassinado em 2004. “Ele abriu seu estúdio e mostrou a nós os caminhos nos primeiros dias. Nenhum homem deveria ter que enterrar seus próprios filhos”, afirmou.
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Rex relembrou que ouviu falar dos “irmãos Abbott” quando ainda estava no colegial. Segundo ele, Vinnie Paul já tocava em uma das bandas de maior prestígio da escola, que chegou a ser convidada para tocar no Montreux Jazz Festival. “Formamos um vínculo muito forte. Em vez de repassarmos as coisas do programa musical, tocávamos ‘2112’, do Rush, na íntegra. Os irmãos e eu fomos juntos a todos os shows que vieram à cidade. Vimos os Eagles, Kiss, Pat Travers, Sammy Hagar, etc”, relembrou.
Quando o irmão mais jovem de Vinnie, Dimebag, aprendeu a tocar com o pai dele – e também demonstrou grande talento -, eles formaram o Pantera. “Fizemos nosso primeiro disco, ‘Metal Magic’, antes de eu ter 18 anos”, destacou.
A banda cresceu aos poucos até que o vocalista Terry Glaze decidiu sair. “Tivemos sorte de ter Philip (Anselmo) na banda. Ele trouxe algo que era incrível. Tudo mudou, do estilo musical a coisas que não havíamos ouvido falar antes. […] Dime e eu sempre dividíamos o quarto de hotel e não éramos nada bonzinhos, enquanto Vinnie e Philip (dois caras completamente diferentes) tinham que ouvir nossas ‘travessuras'”, disse.
Após o disco “Power Metal” ter vendido 40 mil cópias de forma independente, das mãos dos integrantes, as gravadoras começaram a ficar de olho. “Tivemos 28 ‘nãos’ nos primeiros seis anos. A Atco Records veio para nos salvar”, disse Rex, que revelou que, a partir do momento em que o Pantera conseguiu o contrato, os músicos não saíram para festejar, mas, sim, trabalharam até que tudo ficasse perfeito.
“Havia um monte de grandes bateristas que influenciaram Vinnie, mas quando ele se sentava atrás do kit, todos tinham que olhar o que Vinnie Paul, o ‘brick wall’, estava fazendo. Ele mudou o jogo. Ele foi o original de sua geração, que ainda segue. Todos queriam tocar como ele. As pessoas sempre pensavam que eram trilhas pré-gravadas. Não eram”, contou Rex Brown.
Segundo o baixista, Vinnie Paul também era um baita engenheiro de som. “Ele sabia os detalhes de cada mesa de som. Aprendeu tão jovem de seu pai, que era um engenheiro de som experiente. Ele poderia fazer qualquer coisa. Nos anos 90, não havia uma seção rítmica mais afiada que Vince, Darrell e eu. Até na nossa pior noite, podíamos te fazer pirar. Tocamos em tantos pubs juntos, tantas músicas, que sabíamos o que cada um iria fazer”, afirmou.
Para Brown, nunca haverá, de novo, a mesma química que os quatro tinham. “Mesmo quando não havia muita comunicação, compartilhamos muito respeito entre nós. Quando olho para trás, não importa o que, posso dizer que houve mais altos do que baixos com o Pantera. […] Aqueles garotos cresceram querendo ser Alex e Eddie Van Halen. E sabe de uma coisa? Eles conseguiram. Quando o Pantera abriu shows do Kiss na turnê de reunião, os quatro membros originais vieram ao nosso camarim para cantar parabéns para Vinnie. Foi tipo a coisa mais legal que poderia acontecer com ele e conosco”, lembrou ele, que expressou gratidão por ter tocado com os irmãos Abbott e fazer parte do legado deles.