Novo disco de Steven Tyler é menos country e mais agradável do que se pensa

Steven Tyler – “We’re All Somebody From Somewhere” [2016]

Steven Tyler é uma instituição peculiar no rock. Um dos poucos nomes que podem ser ególatras com razão. Cantor de voz e alcance raros, performer enérgico e compositor de mão cheia, Tyler justifica o alarde que faz.

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E por falar em alarde, não é de agora que Steven Tyler ensaia lançar um disco com bases no country, o que foge um pouco da sonoridade que o consagrou mundialmente com o Aerosmith. Imaginar Tyler se rendendo ao country pode ter deixado alguns fãs mais extremistas com calafrios – ainda mais no Brasil, onde muitos confundem country com sertanejo.

Enfim, após mais de 40 anos de carreira, Steven Tyler lançou, em julho deste ano, seu primeiro disco solo. “We’re All Somebody from Somewhere” evidencia as raízes country de Tyler, mas, ao mesmo tempo, mantém a pegada rock n’ roll com o approach radiofônico que fez o Aerosmith se tornar uma potência musical.

A quase biográfica “My Own Worst Enemy” abre o disco com quase quatro minutos de balada arrastada até descambar para um momento hard rock, com cozinha pesada e bom solo de guitarra. Boa música. A radiofônica faixa título, com seu ‘quê’ moderno, e a levemente zeppeliana “Hold On (Won’t Let Go)” dão sequência com êxito.

O ritmo desacelera em “It Ain’t Easy”, uma típica balada country. Pouco se destaca. Primeiro single do disco, “Love Is Your Name” tem mais sucesso ao manter a essência country. Aqui, a voz limpa de Steven Tyler dá arrepios. “I Make My Own Sunshine” é uma charmosa música pop, enquanto “Gypsy Girl” soa apagada em comparação às demais.

“Somebody New” se destaca pelo banjo que a acompanha, mas falta inspiração nos vocais. Já “Only Heaven” é o tipo de música que cresce ao longo de sua duração. Os berros de Tyler aparecem ocasionalmente e impressionam. Um dos destaques, “The Good, The Bad, The Ugly And Me” é o típico encontro entre o country e o rock.

Outro single do álbum, “Red, White And You” tem a pegada do country moderno. O vozeirão de Steven Tyler se impõe, especialmente, no refrão. “Sweet Louisiana” tem uma melodia gostosa, mas a batida sintetizada nos versos soa artificial demais. Único detalhe que eu mudaria.

“What Am I Doin’ Right?” encerra a parte autoral do disco na mesma vibe da faixa de abertura: canção majoritariamente acústica, guiada por um violão bem tocado. As versões para “Janie’s Got A Gun” (Aerosmith) e “Piece Of My Heart” (Janis Joplin), tipicamente roqueiras, destacam a voz de Steven Tyler de formas distintas. A primeira é mais simples, quase toda unplugged, enquanto a segunda é uma rendição country com vocais soul.

No geral, “We’re All Somebody from Somewhere” é como um disco de country/southern rock com uma das vozes mais icônicas do rock. Ou seja, é uma salada mista. As influências country são mais presentes, mas é um trabalho heterogêneo em suas raízes.

O álbum é bem produzido, tem fácil digestão e pode ser ouvido de uma vez só – mesmo com um ou outro momento pouco inspirado -, o que já caracteriza um bom trabalho. Não é o tipo de disco que vai mudar a sua vida, mas é gostoso de se ouvir.

Nota 6,5

01. My Own Worst Enemy
02. We’re All Somebody From Somewhere
03. Hold On (Won’t Let Go)
04. It Ain’t Easy
05. Love Is Your Name
06. I Make My Own Sushine
07. Gypsy Girl
08. Somebody New
09. Only Heaven
10. The Good, The Bad, The Ugly & Me
11. Red, White & You
12. Sweet Louisiana
13. What Am I Doin’ Right?
14. Janie’s Got A Gun
15. Piece Of My Heart

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Igor Miranda
Igor Miranda
Igor Miranda é jornalista formado pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU), com pós-graduação em Jornalismo Digital. Escreve sobre música desde 2007. Além de editar este site, é colaborador da Rolling Stone Brasil. Trabalhou para veículos como Whiplash.Net, portal Cifras, revista Guitarload, jornal Correio de Uberlândia, entre outros. Instagram, Twitter e Facebook: @igormirandasite.

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